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Conheça o Ônibus Hacker, iniciativa descentralizadora que viaja o Brasil levando conhecimento livre, tecnologia e uma pitada de festa.

A internet é um espaço de democratização da informação, mas seu acesso a ela não. No estudo Juventude Conectada, realizado pela Fundação Telefônica Vivo, os número mostram que enquanto em centros urbanos brasileiros 44% das casas estão conectadas, nas zonas rurais o percentual cai para 10%. Ser conectado também não significa necessariamente que os usuários, em especial os jovens, compreendam a potência que tem para mudar os rumos práticos e políticos do seu entorno.

“Precisamos fomentar uma educação crítica nas pessoas para que elas entendam que a internet não só existe; ela é uma ferramenta e deve ser utilizada. A internet foi feita por hackers, e sua arquitetura, para que cada um possa construir cada pedacinho dela”, diz o ativista, jornalista e membro da Lab Hacker, Pedro Markun.

Ele é um dos que assumem o volante metafórico e físico do Ônibus Hacker, laboratório móvel de experiências e oficinas que migra por todo o Brasil e estaciona em São Paulo, no Lab Hacker. Financiado coletivamente e também assim gestado, o projeto nasceu do desejo de descentralizar conhecimento e cutucar as políticas locais de diversas cidades, incentivando assim a população a interagir e se empoderar.

Quando idealizado, o ônibus foi pensado como um veículo conectado vinte e quatro horas, seus integrantes programando e criando soluções enquanto viajam. Mas quando ganhou o Catarse e se concretizou, o laboratório ambulante transformou-se organicamente, de acordo com quem o ocupava e com as dificuldades impostas pela realidade. “Fomos ampliando cada vez mais nossa compreensão do que é ser hacker, do que é ter um Ônibus Hacker e também do que é transformar a política em âmbito local. Ir para uma cidade no interior e ensinar moleques a programar em três dias não adianta. Ensinar outras coisas que tem a ver com autonomia, empoderamento e tecnologia digital funciona muito melhor”, diz Pedro.

O que acontece quando o ônibus estaciona? Seja convidado por um evento local, trabalhando com uma escola ou só de passagem, ele abre as portas mecânicas para as possibilidades da cultura do fazer por si mesmo. As oficinas vão desde tecnologia livre até jogos lúdicos envolvendo política e aulas de estêncil. As atividades brotam das necessidades identificadas em cada cidade, e mudam também para se adequar ao público, às vezes crianças pulantes ou idosos ociosos.

A programadora Erin Pinheiro, uma das integrantes, conta que o legal tanto do Lab Hacker quanto do Ônibus é seu caráter libertador. “A cultura hacker me ensinou a ser mais independente. Você começa a perceber o potencial que tem e aprende a usá-lo. Se fizer algo e der errado, não tem problema, você tenta de novo, e começa a produzir conteúdo e se sentir melhor consigo mesmo”. Os outros integrantes também relataram que, mais do que dar oficinas, o legal mesmo é estar nelas e aprender.

A vocação de despertar a consciência nas pessoas de que são capazes de encontrar soluções engenhosas para seu cotidiano por meio da tecnologia livre e da criatividade é o que torna o Ônibus Hacker tão político. Quando perguntamos a Pedro se essa experiência tem por objetivo desmistificar a política, ele responde rindo que é justamente o contrário: “O que tentamos fazer é mistificar. Queremos que a política volte a ser algo incrível, não chato e burocrático. Tentamos tirar esse véu de obscuridade e fazer a pessoa ver que a política é uma varinha mágica que pode transformar o mundo”.

No Ônibus Hacker, todos são hackers. Eles acreditam na abertura de informações, na utilização de ferramentas digitais e livres para mudar as políticas locais, e também na feitura por si mesmo, no colocar mão na massa. É uma ferramenta disruptiva, que com um ônibus, uma cidade disposta e uma pitada de festa tecnológica, transforma o entorno e conecta diferentes realidades brasileiras.

Tecnologia e políticas do cotidiano sobre rodas
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