Com metodologia gratuita, material em português e apoio ao professor, a organização americana estimula discussão de ideias criativas e transformadoras na escola
Falar em público é um desafio e tanto! É preciso preparar um conteúdo interessante, trabalhar a oratória, deixar o corpo leve e bem posicionado, controlar a ansiedade, o nervosismo e ainda lançar ideias com precisão e confiança. Assusta, mas é um exercício interessante que ajuda a desenvolver o pensamento crítico, a argumentação e a linguagem corporal.
Agora, estudantes das escolas brasileiras terão a chance de treinar tudo isso, no melhor estilo TED Talk. A organização norte-americana sem fins lucrativos, engajada na missão de transformar o mundo com o poder das ideias, acaba de lançar o projeto Clubes TED-Ed, um projeto gratuito que dá voz e espaço para que crianças e jovens compartilhem ideias inspiradoras.
Para participar, educadores ou escolas devem se inscrever no site. O TED se encarrega de fornecer apostilas com planos de aula e metodologia que, em dez encontros, capacita alunos a prepararem uma palestra para o público. A recomendação é que o assunto seja escolhido pelo próprio aluno.
“O material é um guia completo que ajuda a definir um assunto, fazer pesquisa, trabalhar opiniões, criar começo, meio e fim da fala”, explica a diretora do Clubes TED-Ed no Brasil, Elena Crescia. “É um conteúdo muito rico e que deveria chegar a todas as escolas do Brasil e do mundo”.
Conhecimento compartilhado
A iniciativa já funciona em escolas dos Estados Unidos. Todo o material foi traduzido para o português para chegar às escolas brasileiras. O educador participa de videoconferências e tem porta aberta com a equipe do TED para tirar dúvidas sobre como se transformar em um facilitador para as palestras dos estudantes.
Ao final dos encontros, os alunos devem apresentar suas ideias em conferências de 3 a 5 minutos, apresentadas em sala de aula ou em um evento organizado para toda a escola. A única regra é que a apresentação seja gravada e enviada à equipe do TED. Com o material, a ONG pretende mapear os assuntos preferidos dos estudantes e construir um banco de dados.
“A ideia é transformar o site em uma grande ferramenta de troca entre alunos e professores. É um trabalho de cocriação, por isso estamos pedindo feedbacks de quem já está usando o material”, explica Elena.
Como a iniciativa começou em maio, a comunidade de professores que já está trabalhando com o material ainda é pequena, mas vai crescer no próximo semestre com a adesão de todas as escolas municipais de São Vicente, algumas de Campinas e cerca de 40 unidades do Centro Paula Souza.
Todo mundo ganha com esse movimento. Para o estudante é a chance de compartilhar conhecimento com os professores e colegas de uma maneira que normalmente não acontece na escola. “Mas também é a chance de o educador aprender a ser um profissional do futuro. Ele muda a mentalidade para entrar na sala com a curiosidade de fazer perguntas aos alunos e atuar como facilitador”, enfatiza Elena. “A relação aluno-professor se transforma e surgem laços de amizade”.