Voluntários contam como foi trabalhar com crianças de uma região afetada por desastres climáticos
As águas do rio Motupe são bravas e terrosas. Em 2017, ele transbordou e afetou a vida dos mais de 25 mil habitantes do distrito de mesmo nome. As crianças e adolescentes da escola Molino de Carmen enfrentam não somente as dificuldades econômicas e sociais da região, como também as climáticas. Ainda assim, foi com disposição e largos sorrisos que receberam os colaboradores voluntários da Telefônica Vivo para a edição do Vacaciones Solidárias deste ano.
Os colaboradores que participam do projeto doam 15 dias de suas férias para fazer o bem, dentro ou fora de suas fronteiras. As instituições atendidas – em geral organizações não-governamentais, associações e escolas – se tornam durante duas semanas centros de intensa interação cultural, nos quais os voluntários se dividem em tarefas como reformas físicas, recreações, realização de cursos e oficinas com os beneficiários.
Dos dias 16 a 28 de julho, a analista de recursos humanos Camila Silva embarcou para Motupe, região a mais de 700 quilômetros ao norte de Lima, capital do Peru. Tendo participado do Dia dos Voluntários, ela sentiu inspirada a viajar para se dedicar a um trabalho social. Ao chegar à escola, os voluntários se dividiram em algumas funções. “Para o trabalho com as crianças, focamos em questões climáticas, já que a área é muito afetada por enchentes. Trabalhamos a importância de cuidar do meio ambiente, implantando programas de coleta seletiva, reciclagem e plantio de sementes”.
A voluntária Camila Silva embarcou para Motupe, a mais de 700 quilômetros de Lima, no Peru
Para modificar a infraestrutura, os voluntários construíram uma ludoteca. Ilustrada pelo mural “Descubra o Mundo”, eles criaram um espaço para jogos e brinquedos. A Fundação Telefônica também doou computadores e tablets para o espaço de informática. A fim de aperfeiçoar processos de aprendizado, os educadores, que atendem crianças dos cinco aos quinze anos, passaram por uma formação com os voluntários.
Ansiedade era o sentimento que dominava Pablo Giordani, analista de relacionamento, antes de partir para o Peru, principalmente após conversar com um amigo sobre o quanto a experiência de conhecer outro país por meio do voluntariado era rica. “Meu maior desejo era levar não somente esperança, mas também um novo olhar sobre como a tecnologia pode ser usada enquanto ferramenta de transformação”. Apesar da empolgação, Pablo estava preocupado com a comunicação, principalmente com as crianças.
Segundo Pablo, o convívio com as crianças peruanas o fez pensar em como modificar suas práticas de voluntariado
Mas ao trabalhar com o seu grupo – estudantes entre seis e nove anos – o analista foi recebido com empolgação e vontade de derrubar fronteiras linguísticas. “As crianças eram muito receptivas e pacientes. Queriam aprender português, e tinham paciência quando não entendíamos suas palavras. Também foi fácil se comunicar com os adultos: já começamos conversando sobre futebol, e isso facilitou a interação tanto com os professores quantos com os voluntários. Brincávamos que criamos um idioma só nosso, juntando expressões do Peru, Colômbia e Brasil”, relata Pablo, a respeito do “mix de nações” que compunham o time.
O que você sentia antes de viajar?
Muita ansiedade, vontade de conhecer outras formas de ver a vida e compartilhar saberes.
O que você sente depois de viajar?
Cada dia tinha uma surpresa diferente, e conviver com as crianças me ensinou muita coisa.
Elas enxergam a vida com muita simplicidade e esperança, e eu quero continuar a levar esperança para os lugares também.
Pablo Giordani
O último dia de interação entre voluntários e escola foi marcado por apresentação de danças típicas peruanas. Pablo também se emociona ao falar dos momentos finais. Para o colaborador, o convívio com as crianças peruanas o fez pensar em como modificar suas práticas de voluntariado dentro do Brasil. “Todos os voluntários estavam dispostos a colaborar em qualquer atividade, criando um ambiente muito legal, sem hierarquias e com muita comunicação. A experiência foi perfeita”.