Nota técnica "Educar na era da Inteligência Artifical: Caminhos para a BNCC Computação"

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30.11.2016
Tempo de leitura: 6 minutos

Violência sexual contra crianças e adolescentes é tema de músicas

Créditos: Reprodução 

Yuri Kiddo, do Promenino com Cidade Escola Aprendiz

Muitas vezes ouvimos uma música e não prestamos atenção à letra. Seja por causa da melodia ou por ela ser cantada em outra língua. O fato é que não é de hoje que muitas canções tratam temas que nem sempre são fáceis de se dialogar, como violência doméstica, abuso e exploração sexual. Se na década de 1980, a “Camila” do Nenhum de Nós relata uma triste história real de uma adolescente que apanhava do namorado, somente em 2014, três músicas, sendo duas delas nacionais e uma póstuma do Michael Jackson, trouxeram a temática da violência sexual contra crianças e adolescentes à tona.

Segundo a pedagoga e musicoterapeuta Ivone Nosula, quando a música está associada a uma temática o ouvinte assimila com mais facilidade, assim a reprodução e a memorização se torna autêntica. “A própria sonoridade da música já nos provoca reações orgânicas e emocionais. Quando falamos em direitos e violações tanto na música como no teatro e em outras expressões artístico-culturais, é comum se expressar ou reproduzir determinadas situações com menos peso ou construído dentro de uma cadência que pode levar à reflexão.”

Para ela, a música e outras expressões artísticas podem ser utilizadas como ferramenta para trabalhar questões como violência sexual e outros temas com crianças e adolescentes. “São indispensáveis, pois sai de um assunto tratado no consultório de portas fechadas e passa para a conexão com outas pessoas que sofreram os mesmos danos. Torna-se uma cadeia de ideias e sentimentos que passam a ser compartilhados no coletivo.”

Na prática, Ivone explica que as músicas podem ser trabalhadas tanto para apresentar um tema quanto para que as crianças e adolescentes se expressem nas atividades e atendimentos. “Conversando com outros educadores chegamos a elaborar músicas apresentadas com teatro de fantoches e o resultado foi maravilhoso. As crianças faziam perguntas para os bonecos, e depois escreveram e cantaram um rap construído por elas mesmas.”

Como forma de incentivar o debate e provocar uma reflexão sobre o tema, o Promenino preparou aqui uma lista de músicas que falam de violência sexual contra crianças e adolescentes. Confira:

Michael Jackson – “Do you know where your children are” (Xscape, 2014)

O rei do pop morreu em 2009, mas continua chamando a atenção. Polêmico por ter várias acusações de abuso sexual de crianças e pedofilia, Michael Jackson dedica uma de suas canções ao tema. Na música, uma menina de apenas 12 anos é violentada sexualmente pelo pai e foge de casa. Após passar frio, fome e ficar à deriva pelas ruas, ela decide tentar a vida em Hollywood e acaba sendo aliciada e explorada sexualmente. No refrão, Michael pede atenção: “Você sabe onde estão suas crianças?”

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MV Bill – “Testemunha Ocular” (EP Vitória pra quem acordou agora e vida longa pra quem nunca dormiu, 2014)

Em “Testemunha Ocular”, o rapper carioca MV Bill fala sobre três assuntos. A primeira parte é bastante semelhante ao caso do pedreiro Amarildo, ela conta a história de um trabalhador confundido como bandido e morto pela polícia. Na segunda parte, um adolescente que não passa necessidade financeira, mas mesmo assim decide entrar para o crime para sustentar o consumo de roupas de marcas. A música encerra contando a história de um pedófilo, vizinho de uma menina que fica sozinha em casa durante o dia e que tenta abusá-la sexualmente. Porém, o pai da garota chega mais cedo do trabalho e encontra o abusador dentro de casa.

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Titãs – “Pedofilia” (Nheengatu, 2014)

Com 32 anos de carreira, o Titãs é um grupo que ainda consegue se fazer relevante. Nheengatu é um álbum repleto de letras inspiradas na atualidade e toca em questões fortes, com letras sobre intolerância racial e sexual, além de violência policial e violência contra mulher, criança e adolescente. A faixa “Pedofilia”, por exemplo, é explicitamente sobre o abusador tentando conquistar uma criança oferecendo presentes, promessas e confiança. No refrão, o sentimento do pedófilo é descrito, ao sentir nojo de si mesmo.

“Ele disse: ‘eu tenho um brinquedo
Vem aqui, vou mostrar pra você’
Ele disse: ‘esse é o nosso segredo
E ninguém mais precisa saber’
‘Eu não vou te fazer nenhum mal’, ele disse
E então me pegou pela mão
Ele disse que era normal que pedisse
E eu não tinha por que dizer não”

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Nenhum de Nós – “Camila, Camila” (Nenhum de Nós, 1987)

Na década de 1980 a temática de abuso sexual de crianças e adolescentes era pouco falada no Brasil. Porém, a triste história de Camila, uma adolescente que sofria violência física do namorado, invadiu as rádios na época. Em entrevista a ONG Childhood Brasil, o vocalista e autor da letra, Thedy Corrêa, conta que a música fez muito sucesso e é conhecida até hoje por ser um assunto bastante atual. “Sempre pensamos em fazer canções que tivessem um conteúdo contestatório. A violência sexual não era tão debatida quanto hoje. Existe maior consciência por parte da sociedade e mecanismos de proteção que são fruto desta discussão.”

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Korn – “Daddy” (Korn, 1994)

A última canção do álbum de estreia do Korn, “Daddy” (Papai) relata de forma intensa e explícita o sentimento de uma criança abusada pelo próprio pai, e a cumplicidade da mãe, por ser omissa à situação. O autor da letra e vocalista, Jonathan Davis, já admitiu ter sofrido abuso sexual na infância, porém nega ter sido pelo pai, e sim por uma amiga da família, quando ele tinha 12 anos. Assim como na música, seus pais não acreditaram no relato do filho. Mesmo apesar de a canção fazer grande sucesso entre os fãs, foram raras as vezes que o grupo tocou a música ao vivo.

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Nirvana – “Polly” (Nevermind, 1991)

Muitas letras do Nirvana são ambíguas e dão margem a diversas interpretações. Há quem diga que na canção “Polly” a garota era, na verdade, um papagaio. Mas longe disso, a música foi inspirada em uma notícia de 1987, sobre uma adolescente de 14 anos que foi sequestrada, torturada e violentada sexualmente, no estado de Washington, nos Estados Unidos. A letra traz o ponto de vista do abusador, diferentemente da música “Rape Me” (Me Estupre), do álbum “In Utero” (1993), também sobre violência sexual.

“Polly quer um biscoito
Talvez ela queira um pouco de comida
Ela pediu para que a soltasse
Uma caçada seria legal para alguns”


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