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15.04.2021
Tempo de leitura: 6 minutos

Voluntariado a favor da educação: aplicativo desenvolve novas habilidades em jovens das periferias

Conheça a plataforma New School, que conta com trabalho de voluntários para promover cursos, oficinas e workshops baseados em habilidades do futuro como programação, empreendedorismo e liderança.

Plataforma New School une voluntariado e educação para ajudar jovens da periferia. Na imagem, Jotapê, o fundador da iniciativa está segurando um celular que mostra uma das telas do aplicativo.

Em 2014, Gabriel, irmão mais novo de João Paulo Malara, o Jotapê, faleceu de forma precoce no dia do seu aniversário de 19 anos. Ele morava no Jardim João 23, na Zona Oeste de São Paulo.

O acontecimento levou Jotapê a idealizar um projeto de inclusão e de incentivo à educação, para dar às crianças uma outra perspectiva de futuro, que não seja ligada à criminalidade. O projeto ganhou o nome de New School, conta com o trabalho de voluntários e se caracteriza enquanto “um movimento social de educação que proporciona acesso e oportunidades”.

A iniciativa é apoiada por uma rede de voluntários espalhados pelos quatro cantos do Brasil. Há aqueles responsáveis pelo desenvolvimento do aplicativo de educação, mas também os voluntários de marketing e captação de recursos. Além disso, o projeto ganhou um site e até mesmo atividades em um local físico para apoiar as famílias.

“Por conta da falta de oportunidade, muitas crianças acreditam que o mundo delas é restrito à quebrada, que não podem sair e conquistar o que sonham”, explica Beatriz Inoue, responsável pela equipe de marketing e captação de recursos da New School.

 

Tirando a ideia do papel 

Inicialmente, o projeto foi pensado para ser apenas um local físico, mas logo a ideia de criar um aplicativo de educação entrou nos planos. Para conseguir tirar a ideia do papel, juntar dinheiro e investir no projeto, Jotapê foi trabalhar de garçom por um ano em Nova York, nos Estados Unidos, mas perdeu as economias.

Apesar do difícil começo, o fundador não desistiu. “Além da fé de estar no caminho certo, uma das minhas maiores motivações foi ver que aquela era a saída que os jovens precisavam para não achar mais que o crime era a única alternativa para ser bem sucedido. A New School trazia novas referências e novas possibilidades”, conta.

De volta ao Jardim João 23, mas sem dinheiro para investir no aplicativo de educação, o jovem foi reunindo voluntários como desenvolvedores e profissionais voltados à experiência de usuário (UX) e design de interface (UI) ao redor do país. No início de 2020, lançaram a primeira versão do aplicativo da New School. A segunda versão saiu um ano depois.

 

Como funciona o aplicativo da New School 

O aplicativo de educação da New School, que possui cerca de 400 usuários, oferece cursos e aulas livres de forma gratuita. Os cursos são focados nas habilidades do futuro como programação, fotografia, empreendedorismo ou liderança, e são produzidos por profissionais da área de forma voluntária. “O curso Projeto X, por exemplo, ensina para o jovem como ele consegue estruturar os seus sonhos”, diz Beatriz.

Já as aulas, trazem temas diversos aos estudantes como medo, amor, liberdade e preconceito. Estas aulas são criadas por três jovens da favela – Ronaldo, Gabriel e Lucas, apelidados de P&D da Quebrada, uma referência à área de pesquisa e desenvolvimento. Eles criam os roteiros utilizando a linguagem da quebrada, gravam na laje de alguém, ou até na rua, e atuam. “Eles são muito talentosos. Se a Malhação (novela da Rede Globo) os descobrir, já era pra gente”, brinca Beatriz Inoue.

Uma das novas funcionalidades da segunda versão do aplicativo de educação é o Market Place. Ao assistir às aulas e completar as atividades, o estudante vai ganhando moedas digitais, a New Coins. Esse dinheiro virtual pode ser trocado por prêmios na própria plataforma, como tênis, óculos de sol, caixa de som e teclado para o computador.

“Gostaria que os jovens saíssem com um ‘banho de loja’ de mentalidade, de autoestima, de convicção de que existe um mundo, e que este mundo também pode ser deles!”, afirma Jotapê.

Para o idealizador do projeto, é importante que esses jovens possam sonhar e se tornar realmente aquilo que sonham, não mais aceitando qualquer coisa. “Que eles possam se tornar questionadores, críticos, agentes da transformação. Entender que de onde vêm tem valor, existe muita história, e que precisam honrar isso fazendo a diferença”, deseja.

Pandemia, voluntariado e novos planos 

No começo de 2020, a equipe criou a campanha Favela sem Fome para arrecadar doações como máscaras faciais, cestas básicas e álcool em gel. Todos os itens foram destinados às famílias cadastradas. A campanha deu tão certo que neste ano, ainda sob os efeitos da crise causada pelo coronavírus, está sendo refeita.

“Atendemos hoje dez favelas na Zona Oeste, e a nossa meta é conseguir R$ 100 mil para comprar 1.600 cestas básicas”, detalha Beatriz. E é com esse olhar para a jovens e suas famílias que o projeto pretende continuar impactando positivamente. “Além das crianças amarem o projeto, o projeto engaja muito a família, porque não adianta só mudar o pensamento da criança se nada muda dentro de casa”, acredita.

A intenção é que o conteúdo do app não fique restrito aos estudantes da periferia de São Paulo, mas que seja disseminado para outras cidades brasileiras e, quem sabe, até para outras partes do mundo. Afinal, a aplicação já foi baixada em Portugal, Índia e Nigéria.

“Nós podemos expandir este aplicativo para outros líderes sociais, assim como outros projetos, e atingir mais crianças. Nosso maior objetivo maior é modificar o sistema educacional do Brasil”, planeja a líder de marketing.

 

Fortalecendo a relação entre voluntariado e educação

Uma das atividades ligadas ao Programa de Voluntariado da Fundação Telefônica Vivo ao longo de 2020 envolveu, em parceria com o Instituto Ana Rosa, a criação de oficinas focadas em design thinking, programação, desenvolvimento de estratégias digitais e financeiras para aproximar o jovem do primeiro emprego.

“Para os jovens que estão na fase de entrar no mercado de trabalho faz muita diferença falar com pessoas, saber de outras experiências. Essa troca de vivências é muito boa pra eles. Todos ficaram muito encantados e engajados!”, declarou Maria Lucia, presidente do instituto, durante a Semana dos Voluntários.

Saiba mais sobre este e outros projetos de educação e inclusão apoiados pelo nosso Programa de Voluntariado: Inclusão, educação e bem-estar se destacam na Semana dos Voluntários!


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