Focado no protagonismo juvenil, evento discutiu escola que atenda os anseios dos nativos digitais
Focado no protagonismo juvenil, evento discutiu escola que atenda os anseios dos nativos digitais
Entender a tecnologia como aliada e propulsora de uma nova educação. Mais do que debater o assunto entre educadores e gestores, é preciso ouvir os jovens e aprender com sua natividade digital. Essas foram as premissas do evento Educação 360 Tecnologia, que aconteceu no dia 7 de agosto, no Museu do Amanhã, Rio de Janeiro (RJ).
Organizado pelo Jornal O Globo e com apoio da Fundação Telefônica Vivo, a edição especial do evento dividiu-se em dois espaços: dentro do auditório, palestras com especialistas discutiram como a tecnologia afeta gestão, estrutura e práticas pedagógicas contemporâneas. Do lado de fora, jovens protagonistas discutiam entre si como desejam aprender e o papel de dispositivos digitais nesse processo.
Mila Gonçalves, gerente de projetos da Fundação, foi uma das palestrantes do primeiro painel, centrado em práticas pedagógicas. Ela apresentou o Inova Escola, rede de seis escolas públicas do Brasil que inovam utilizando práticas como aprendizagem por projeto, uso de tecnologia e classes multisseriadas – uma delas, a EM André Urani, do Rio de Janeiro.
“Estamos apostando na educação do presente, confiantes de estarmos criando uma educação diferente para o amanhã”,
Mila Gonçalves
Sua fala esteve em consonância com a pesquisa apresentada por Tatiana Klix, editora do Porvir. Segundo os dados da Nossa Escola em (Re)Construção, 75% dos jovens querem utilizar recursos tecnológicos para aprender.
Essa escola só é possível quando se pensa também na reconstrução de sua estrutura, segundos os especialistas que se apresentaram nos painéis. Sérgio Branco, do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS), defende a tecnologia não só como modificadora da prática educacional, mas como instrumento para ler o mundo, imprescindível para qualquer inovação. “Internet tem que ser vista como eletricidade. Quando você chega num hotel, você não pergunta se tem eletricidade, você assume que tem. E ela tem que existir em todas as escolas”, defendeu.
Márcio Amorim, consultor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), usou como exemplo de conectividade e estrutura a EM Manoel Domingos, em Pernambuco, uma das participantes do Inova Escola. “Uma escola rural tendo acesso a tablets, com as crianças levando-os para casa, mostrando os seus pais. Imagine as possibilidades interessantes que saem disso”.
Veja trecho do Educação 360 Tecnologia
Essa escola só é possível quando se pensa também na reconstrução de sua estrutura, segundos os especialistas que se apresentaram nos painéis. Sérgio Branco, do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS), defende a tecnologia não só como modificadora da prática educacional, mas como instrumento para ler o mundo, imprescindível para qualquer inovação. “Internet tem que ser vista como eletricidade. Quando você chega num hotel, você não pergunta se tem eletricidade, você assume que tem. E ela tem que existir em todas as escolas”, defendeu.
Márcio Amorim, consultor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), usou como exemplo de conectividade e estrutura a EM Manoel Domingos, em Pernambuco, uma das participantes do Inova Escola. “Uma escola rural tendo acesso a tablets, com as crianças levando-os para casa, mostrando os seus pais. Imagine as possibilidades interessantes que saem disso”.
Painel Jovem enfatizou o protagonismo juvenil no percurso de aprendizagem, durante o Educação 360 Tecnologia
Caio Dib, do Caindo no Brasil, foi um dos mediados dos bate-papos do Educação 360 Tecnologia
Estudantes da Escola Municipal André Urani, participante do programa Inova Escola, da Fundação Telefônica, e do colégio estadual NAVE, também do Rio, participaram dos debates do Educação 360 Tecnologia
Museu do Amanhã, de arquitetura futurista, no centro do Rio, foi escolhido para sediar o Educação 360 Tecnologia
Ex-alunos da André Urani, Letcia e João Paulo, em painel de debates do Educação 360 Tecnologia.
Mila Gonçalves, gerente de projetos da Fundação, foi uma das palestrantes do primeiro painel, centrado em práticas pedagógicas.
Participantes do Painel Jovem , que reuniu estudantes de várias idades
A gestão estadual do Espírito Santo desenvolveu um olhar sensível sobre como a gestão lida e incentiva mudanças tecnológicas a partir do trabalho da rede. Carmen Prata, responsável pelo projeto Sedu Digit@l, apresentou os resultados de mapeamento e formação de professores no painel sobre gestão, na parte da tarde.
“Divulgamos o que a rede, o professor da rede pública está desenvolvendo. São eles que estão na ponta e fazem toda diferença”, observou. Ela incentivou outros gestores a olharem o que já possuem em suas escolas. Se existem poucos computadores, exemplificou, seria interessante pensar em como criar grupos para que o aprendizado seja feito em conjunto, utilizando o que está disponível.
A palestra magna teve a presença do professor e autor norte-americano Marc Prensky, considerado o pai do termo “nativos digitais”. Para falar sobre a educação desse grupo – a geração que já nasceu com tecnologia à sua disposição – ele pediu aos presentes que considerassem estar preparando crianças e adolescentes para um mundo ainda desconhecido.
“As crianças de hoje têm muito mais capacidade do que as do passado. Os smartphones que elas carregam no bolso e que vocês tanto querem banir é uma extensão de seus cérebros e estão enchendo eles de capacidade. E mais: esses cérebros expandidos estão conectados em rede. As crianças aqui do Rio estão em contato com as de Xangai, e isso cria possibilidades infinitas de colaboração”.
No último painel, foram apresentados exemplos possíveis da utilização de recursos tecnológicos, pensando-se sempre em inspiração e em uma replicação. Rodrigo Pimentel, representante do Google for Education, trouxe exemplos de como o Google olha para educação, como a criação da plataforma colaborativa Google Classroom. Maria Slemenson, gerente do projeto Trilhas, do Instituto Natura, trouxe a experiência da Escola Digital, plataforma colaborativa online desenvolvida pelo institutos Natura, Inspirare e pela Fundação Telefônica Vivo.
Nela, educadores e gestores têm acesso a múltiplos objetos digitais, selecionados por especialistas para auxiliar e inspirar suas aulas. “Ainda que sejamos focados no professor, é com muita alegria que vemos os alunos acessarem a plataforma com autonomia”, comentou.
No fim do Educação 360 Tecnologia, Caio Dib, idealizador do Caindo no Brasil e mediador responsável pelo Painel Jovem, convidou alguns dos alunos presentes a subirem ao palco para compartilhar suas experiências. Júlia Amorim, de 16 anos, foi um deles, e falou sobre a importância de ser protagonista do percurso educativo.
“Não me sinto protagonista quando respondo questões de uma prova escrita. E sim quando saio do colégio, entrevisto pessoas, ajudo meus colegas em plataformas virtuais e crio minhas próprias aulas. Nós, alunos, queremos botar a mão na massa, e cabe a vocês, adultos, nos incentivar a fazer isso”.