Projeto Aula Digital de Sergipe apresentou evento para propor reflexões sobre os desafios da pandemia e compartilhar boas práticas, cases inspiradores e conteúdos formativos
Cerca de 2.000 educadores sergipanos de 568 escolas atendidas pelo Projeto Aula Digital e participaram de um evento formativo entre os dias 31 de maio a 08 de junho, com o objetivo de dividir boas práticas, trazer histórias inspiradoras e conteúdo de formação.
“Queremos proporcionar aos educadores um ambiente de reflexão acerca da realidade escolar frente aos desafios impostos pelo isolamento social, abordando questões práticas e pedagógicas que os educadores podem e devem se debruçar”, diz a Carta Manifesto aos Educadores, escrita pela Equipe do Aula Digital Sergipe.
O projeto Aula Digital faz parte do ProFuturo, o principal programa de educação global da Fundação Telefônica em parceria com a Fundação “la Caixa”, e tem como missão reduzir a desigualdade educacional no mundo por meio de um ensino digital e de qualidade. Na capital do estado de Sergipe, o projeto, que já dura cinco anos, conta com a parceria executiva do Instituto Paramitas.
Renata Altman, gerente de Projetos Sociais da Fundação Telefônica Vivo, destacou, durante live de apresentação da Jornada, que apesar dos enormes desafios a serem transpostos, os índices educacionais alcançados por Sergipe indicam perspectivas otimistas. “No campo das tecnologias educacionais e da inovação, a gente percebe que esta parceria tem enriquecido demais tanto os processos do estado de Sergipe e seus municípios, como tem nos enriquecido com muitos casos e resultados de sucesso”, afirma.
A Jornada Educativa 2021 foi elaborada baseada de três temáticas: a escola que temos, a escola que queremos e a escola que fazemos. A partir de materiais, tarefas, desafios e cases de professores atendidos pelo Aula Digital, os educadores participantes puderam refletir sobre as práticas pedagógicas que transformam a educação frente aos desafios impostos pelo isolamento social.
4 dicas práticas para inovar na educação
Na Mídiateca do projeto, foram compartilhados materiais de estudos básicos, entre eles o documento “Ideias para escola: 4 dicas para aplicar”. Este conteúdo levanta tendências em assuntos e metodologias a serem trabalhadas no âmbito escolar e que representam formas inovadoras de educar:
- Fomentar competências do Século XXI
Cabe aos educadores preparar o aluno para ser atuante em um mundo em transformação e ajudá-lo a desenvolver as tão faladas competências específicas para o Século XXI. Na prática, isso significa dizer que tudo o que for aprendido em sala deve poder ser aplicado na vida do aluno, para além dos muros da escola.
- Sala de Aula Invertida
O professor disponibiliza o conteúdo a ser abordado previamente, propondo que o aluno estude sobre esse tema antes da aula. O objetivo é que o estudante venha mais preparado, com questionamentos e inquietações que serão o ponto de partida para as discussões em sala, permitindo assim que o tema seja explorado de maneira mais ampla.
- Incluir games e brincadeiras no processo pedagógico
- No contexto escolar, o uso de jogos orientados ao objetivo de resolver problemas práticos ou despertar o engajamento dos alunos é chamado de gamificação. A ideia é o professor usar as regras e as estratégias tanto de jogos analógicos (como Banco Imobiliário) quanto dos eletrônicos (como o Minecraft), ou até mesmo engajar os alunos a criarem seus próprios jogos, com objetivo de ensinar disciplinas como matemática, estatística, geografia, cálculo entre outras.
- Alfabetização Emocional
Esta é uma técnica que visa estimular o desenvolvimento das inteligências interpessoais (em relação aos outros), intrapessoais (em relação a si mesmo), em busca da ampliação da empatia e do autoconhecimento. A emoção tem poder determinante no processo de fixar conhecimentos e experiências na memória e, assim, melhorar ou piorar o interesse e a concentração em um determinado tema.
Fonte: Ideias para escola: 4 dicas para aplicar, em Midiateca, disponibilizado pela
Desafios e práticas inovadoras
Para além dos conteúdos pedagógicos dispostos, a Jornada Formativa tornou-se também um espaço de inspiração, onde educadores sergipanos compartilharam suas vivências, experiências, aprendizagens, desafios e práticas inovadoras.
“Quantos de nós não tentamos replicar as práticas tradicionais ao ensino remoto e percebemos que elas não eram eficazes?”, questiona a professora Cátia Matias dos Santos da cidade de Malhador (SE). Durante a pandemia os professores foram convidados a aprender novas tecnologias e dominar novas ferramentas, sendo ainda incentivados a ensinar de forma distinta ao que estavam habituados.
“A escola que fizemos foi aquela que aponta soluções, busca caminhos, estimula pesquisa, e que tenta, no seu contexto, seja ele limitado ou não, inovar-se. Eu acredito que a escola que fizemos em 2020 nos orgulha bastante. Apesar de não termos desenvolvido o considerado ideal, foi uma escola que não parou e que apontou soluções”, comemora Cátia.
Ao longo do evento de apresentação da Jornada, docentes contaram por quais desafios passaram e como os transpuseram em sua atuação remota com os seus estudantes.
É o caso, por exemplo, da professora Eloísa Waleska R. de Jesus, de Gararu (SE). Ela compartilhou que precisou trocar o seu turno de trabalho. Veste o uniforme do colégio, organiza os slides e grava as aulas à noite, devido à poluição sonora do período diurno. “Meu sonho é alfabetizar em massa e vi na pandemia uma brecha para mostrar aos pais que o ensino que eles tiveram evoluiu, se adequou à realidade. Através das minhas aulas assíncronas, alunos e pais estão se apropriando de conhecimentos e estão podendo sonhar”, diz.
Formador do Aula Digital, Jorge Oliveira Santos Junior, destaca as ações do Colégio Estadual Delmiro de Miranda Britto em Canindé de São Francisco (SE). Lá foi criada uma horta de 50 m2 e onze canteiras onde são plantados coentro, pés de alface e cebolinha, que vão para a merenda escolar. Jorge conta ainda que na Escola Municipal Alcino Manoel Prudente, em Laranjeiras (SE), são desenvolvidas atividades frequentes sobre a negritude brasileira. “São ações que buscam preparar os alunos não só no que se refere ao conteúdo, e ao currículo, mas também tornando-os cidadãos capazes de refletir, criticar e agir”, afirma o formador.
A professora Ozenilde de Souza Silva, da cidade de Lagarto (SE), falou sobre o seu trabalho de desenvolvimento de práticas de leitura, viabilizando a formação de leitores e escritores. Em 2020, por não ter tido contato presencial com os alunos, a professora escolhia um gênero textual a ser trabalhado, as crianças faziam a leitura e gravavam pequenos vídeos com os pais. Um dos gêneros textuais trabalhados foram as quadrinhas, trovas simples, compostas por quatro versos, conhecidas como poesias populares.
“O projeto contempla as competências gerais da BNCC. Nós adotamos quatro competências: conhecimento, repertório cultural, comunicação e cultura digital. Buscamos essa cultura que já existia na comunidade. Foi bem bonito, os alunos brincaram bastante”, diz a educadora.
Já a professora Érica Apóstolo dos Santos, de Carmópolis (SE), foi formada por um dos cursos do Aula Digital e o suporte dado a ajudou no desenvolvimento das aulas, além de ter incentivado sua criatividade. A educadora usa diversas ferramentas com os seus alunos como o Wordwall, Padlet ou Loom. “Estou sempre buscando ferramentas para facilitar a minha aula e atrair o meu aluno. Fazemos jogos e competições por meio do Google Meet. Aqueles que conseguem participar relatam que a aula é bastante interativa.”
Para ilustrar como o papel da escola vai além dos seus muros, a formadora Renata Silva Leite dá o exemplo da Escola Doutor Pompílio Guimarães, em Leopoldina (MG). Na instituição, eles criaram o Jardim da Quarentena: os estudantes recebem mudas e plantas para levar para casa e de lá acompanham o seu crescimento. Em paralelo, assuntos de cidadania e sustentabilidade são trabalhados pelos educadores.
Outra atividade proposta foi o Diário da Quarentena em que os alunos puderam expressar seus sentimentos e angústias, por exemplo, como está sendo o desafio de estudar longe da professora. “Assim, o protagonismo do aluno e o conhecimento dele em relação ao momento atual são valorizados, além de estimular maior frequência na leitura e escrita”, explica Renata.
Educador relata sua experiência com o Aula Digital
“Quando pensamos em educação, naturalmente nossa memória nos remete a uma imensidão de teorias e metodologias que foram evoluindo ao longo do tempo. Estamos vivenciando esse momento de inovações tecnológicas educacionais, com a adesão ao projeto Aula Digital, em processo de finalização de implantação desse projeto inovador, nos preparando por meio dos cursos formativos e das jornadas educativas em busca da recepção da escola como um todo ao uso desse importante recurso tecnológico. O objetivo é potencializar nossa prática diária com foco na melhoria de nossos índices educacionais.
O nosso corpo docente está ansioso para colocar em prática tudo aquilo que foi trabalhado nesse processo formativo. A equipe gestora da escola também deposita esperanças na melhoria dos resultados ao mesmo tempo que se sente grata à Fundação Telefônica Vivo, à Fundação Paramitas, à SEDUC-SE e a todos que estão envolvidos e colaboram com o sucesso deste importante projeto.”
Professor Anastácio Barbosa Lima, Escola Menino Jesus de Sion, em Santo Amaro das Brotas (SE).