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21.06.2021
Tempo de leitura: 7 minutos

Goiânia e Sergipe promovem ações para a retomada do projeto Aula Digital em 2021

Por meio de encontros virtuais, territórios retornaram as atividades do projeto e educadores compartilharam experiências realizadas pelas escolas durante a pandemia

Texto Alternativo Imagem de uma videochamada com participantes em tela do computador

Em 2015, o Brasil foi um dos 193 países a assumir o compromisso de assegurar que todos os estudantes tenham condições de acesso e permanência à educação básica, equitativa e de qualidade. Cinco anos mais tarde, a pandemia de coronavírus estabeleceu uma nova dinâmica, que mostra o papel fundamental da cultura digital e da formação de educadores para alcançar esse objetivo.

“A tecnologia é apenas mais um instrumento que complementa o trabalho de todos os agentes responsáveis pela educação. Mas, no final, são os professores e gestores que fazem a diferença na ponta”, afirmou o diretor-presidente da Fundação Telefônica Vivo, Americo Mattar, durante a abertura do encontro virtual de educadores da rede municipal de Goiânia, parceira do projeto Aula Digital desde 2019.

O evento, que começou no dia 25 de maio, convidou gestores e educadores das 170 escolas participantes para oficializar mais um ano de soluções colaborativas. “Pretendemos transformar Goiânia em uma cidade inteligente, e isso passa por colocar à disposição de nossas crianças acesso ao conhecimento e à inovação. Por isso, essa parceria é uma grande oportunidade de dar um passo em direção a esse futuro”, acrescentou o prefeito Rogério Cruz.

O projeto Aula Digital faz parte do ProFuturo, o principal programa de educação global da Fundação Telefônica em parceria com a Fundação “la Caixa”, e tem como missão reduzir a desigualdade educacional no mundo por meio de um ensino digital e de qualidade. Na capital do estado de Goiás, o projeto que conta com a parceria executiva do Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável (CIEDS), começou com 100 escolas, beneficiando 700 educadores e 20 mil estudantes. Em 2021, soma mais 70 escolas à parceria.

Para este ano, estão previstas formações on-line através da plataforma Escolas Conectadas, entrega dos Kits Tecnológicos e formações específicas para os professores e estudantes trabalharem os recursos digitais oferecidos pelo projeto. “O objetivo é criar oportunidades para os educadores e educandos incorporarem as tecnologias a partir de metodologias ativas de ensino-aprendizagem”, explica o secretário de educação, Wellington Bessa.

Ainda sobre a parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Goiânia, a gerente de projetos sociais da Fundação Telefônica Vivo, Renata Altman, acrescenta: “A rede de Goiânia tem uma veia muito inovadora, sentimos isso no dia a dia com as escolas. Muito além do acesso aos equipamentos tecnológicos, estamos em um processo de transformar as práticas e as metodologias dos educadores para responder aos desafios do século XXI”.

Lia Glaz, gerente sênior de projetos sociais, também participou do evento e lembrou das dificuldades deste último ano. “É um prazer estar aqui com todos que fazem parte dessa parceria tão importante. Mas queria cumprimentar e agradecer especialmente os educadores de Goiânia, que vem fazendo um trabalho bastante desafiador ao longo dos últimos anos em função do contexto que estamos vivendo”, diz.

 

Por um cenário educacional sustentável

Para falar sobre os rumos da educação pós-pandemia, a especialista  em Políticas Educacionais, Claudia Costin, abriu o primeiro dos três encontros. Na apresentação, refletiu sobre o panorama brasileiro frente à Covid-19, as profundas desigualdades sociais evidenciadas pela crise,  e a necessidade de um novo fazer pedagógico para o desenvolvimento de um cenário educacional sustentável no futuro.

“Nós nos comprometemos com um desafio enorme antes da pandemia. Não dá mais para pensarmos em cada escola individualmente. A autonomia de gestão deve ser incentivada, mas sem esquecer de pensar a educação como uma grande rede. O conceito mais importante para o cenário educacional atual é o de colaboração”, concluiu a palestrante, que também é diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas.

Dentre os temas trazidos pela especialista estiveram em pauta o Futuro do trabalho, 4º Revolução Industrial na educação, a importância das competências do século XXI e investimento em formação continuada para profissionais da educação. Por fim, Claudia Costin reforçou a necessidade de criar políticas afirmativas com o intuito de construir um ambiente escolar preparado para encontrar soluções coletivas diante das particularidades dos territórios. Veja os destaques de sua apresentação a seguir.

Criando alternativas para a aprendizagem

A rede municipal de Goiânia não foi a única promover esse grande encontro para celebrar a parceria com o Aula Digital. Além dos demais territórios que fazem parte da iniciativa, em Sergipe, onde o projeto atua desde 2017 com a parceria executiva do Instituto Paramitas, foram realizados 568 encontros virtuais, de maneira individual e personalizada com cada escola atendida. A ideia era não apenas apresentar as ações ofertadas para o ano, mas também promover um espaço de escuta ativa da equipe pedagógica.

Durante três semanas, as redes tiveram a oportunidade de relembrar ações realizadas em suas escolas e apresentar devolutivas sobre boas práticas e desafios de implementação ao longo da pandemia. Os educadores ressaltaram o acompanhamento dos formadores e o Estude em Casa pelas Ondas do Aula Digital, que transmitiu podcasts educativos através da rádio local, como os grandes diferenciais do ano.

A alternativa de usar a rádio local permitiu que as escolas conseguissem completar as 200 horas aulas referentes ao ano letivo. Os resultados foram bem avaliados por pais e professores e também permitiram que outros projetos fossem desenhados a partir dele.

A Fundação Telefônica Vivo, a Secretaria de Educação de Sergipe (Seduc-SE) e as Secretarias Municipais de Educação (Semeds), desenvolveram materiais de apoio pedagógico para auxiliar os educadores a darem continuidade aos conteúdos veiculados pela rádio com o projeto Estudo em Casa pelas Ondas do Aula Digital.

A ideia é aproximar e alinhar os componentes curriculares ao trabalho com os kits tecnológicos recebidos pela rede. Com o material compilado, os educadores poderão organizar a retomada das aulas de maneira contextualizada com a realidade dos estudantes, facilitando o processo de aprendizagem. São 120 aulas, distribuídas em agrupamentos e baseadas nos 8 módulos da trilha formativa do Ondas. Confira!

Educadores de Sergipe relatam suas experiências com o Aula Digital


“Desde o momento em que a turma do 3º ano teve a primeira oportunidade de utilizar os tablets e os conteúdos do Aula Digital, a aprendizagem tornou-se mais dinâmica e participativa. Durante a pandemia, essas competências digitais  revelaram-se fundamentais para que os estudantes pudessem acompanhar o ensino remoto, que ainda está vigente no município. É um sonho realizado saber que em um povoado semiárido, tão distante dos centros, temos acesso a tecnologias e conteúdos tão inovadores. Isso amplia as oportunidades e as perspectivas de crescimento tanto para nossos estudantes, quanto para nós professores”

Laurineide Aragão Rodrigues, moradora do município de Gararu (SE), e professora na Escola Municipal Maria da Conceição Souza Pinto há mais de dez anos.

Contando com uma equipe de apenas dois professores, assumi a direção em meio a pandemia. Os desafios de adaptação foram muitos, sobretudo em relação à alfabetização das crianças. Com a chegada do Estude em Casa, os estudantes conseguiram acesso aos conteúdos. Foi a partir das histórias veiculadas pela rádio, que tivemos a ideia de criar o projeto Teatro dos Fantoches. Além de aprender com atividades interdisciplinares, os estudantes foram convidados a confeccionar os fantoches, construindo narrativas autorais.

Deixamos que eles escolhessem o que gostariam de apresentar com base nos conteúdos do Aula Digital e, no final, montamos um vídeo com todas as apresentações. Por mais simples que possa parecer, os bonecos representaram a construção e a expressão da aprendizagem pelos próprios estudantes”.

Deusete Feitosa de Menezes, moradora do município de Gararu (SE). Atualmente, ocupa o cargo de gestora na Escola Estadual Rural Paulo Freire.


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