Luana Galdino, Lucas Raniel, Miriam Chami e Roger Cipó falam sobre seu dia a dia, desafios e as possibilidades envolvidas no trabalho de criadores de conteúdo para as redes sociais.
Pesquisa recente Digital 2021, elaborado pelo We Are Social e HootSuite, mostra que as redes sociais ganham 1,3 milhão de novos usuários todos os dias, o que equivale a 1,5 novos a cada segundo
Aqui no Brasil, 93,2 milhões de pessoas utilizam as redes sociais constantemente para acompanhar diferentes segmentos: comportamento, beleza, tecnologia, humor, moda, beleza, política, tecnologia, gastronomia e saúde.
Em tempos de redes sociais cada vez mais presentes na vida da população mundial, a profissão de influenciador digital se tornou uma realidade. O digital influencer é capaz de motivar a decisão de um consumidor para a compra, estimular comportamentos e servir como fonte de informação diante de um determinado assunto.
Eles podem ser artistas ou pessoas relevantes no assunto que trazem ao seu público. Os influencers podem ser considerados nano, micro, médio, macro, mega e celebridades, dependendo do número de seguidores que possuem.
Atualmente no Brasil, existem 1 milhão de influenciadores digitais ativos mapeados pela empresa SamyRoad e a maioria dos consumidores (cerca de 92%) confiam mais nas recomendações feitas por essas pessoas do que por marcas sozinhas, segundo o site MuseFind.
Confira a seguir as experiências de quatro criadores de conteúdo que usam as redes sociais como principal fonte de renda e quais foram os caminhos que seguiram para chegar à profissão de influenciador digital:
Luana Galdino
|
Fisioterapeuta de formação, Luana é especialista em Neuroreabilitação e Neurociências. Ela aposta no humor como ferramenta para tratar de assuntos que seriam mais pesados e densos, como “a sexualização de corpos negros” e “como ter liberdade para ser quem você é”.
A influenciadora criou o espaço digital para mostrar seu cotidiano e o que pensa sobre os assuntos do momento, levando sempre um toque de autoestima e autodesafio para motivar a mudança de atitude. “Eu percebi que as pessoas se sentem acolhidas, como eu gostaria que fosse mesmo. Meus seguidores costumam comentar que o conteúdo trouxe um alívio, e essa troca para mim é fantástica. A casa está crescendo e de portas e janelas abertas para quem chega numa boa”.
O conteúdo que produz é hoje a maior fonte de renda da influenciadora. Mesmo assim, a fisioterapeuta não pensa em manter suas redes sociais apenas para gerar lucro – ela produz a partir de temas que gostaria de conversar com o mundo. “Não é sob demanda, nem para vender a qualquer preço. Sou bastante criteriosa. O poder da influência transformadora está na provocação, e sob a minha perspectiva como essa mulher preta que me tornei, significa uma infinidade de coisas, e sobre como descrevo e vivo tudo isso”.
Lucas Raniel
|
Lucas Raniel vive há oito vive com HIV. Ele se tornou uma referência na divulgação de informação sobre como é o cotidiano de quem vive com o vírus e métodos de prevenção da infecção. O publicitário utiliza seu Instagram e seu canal no Youtube para falar abertamente sobre o tema.
“Descobri que vivo com HIV em dezembro de 2013. Como pode imaginar, eu não tinha informação nenhuma sobre o assunto, e quando fui buscar na internet, infelizmente encontrei muito conteúdo que me colocou para baixo, ou que tinham muitos termos técnicos. Em dezembro de 2015 decidi postar um texto ‘saindo do armário como uma pessoa vivendo com HIV’ e, a partir desse post, recebi muitas mensagens e dúvidas. A partir desse momento comecei a me inspirar sobre comunicar essa pauta através dos meus estudos e vivências”.
Apesar de ter começado há algum tempo, há apenas um ano que Lucas consegue viver inteiramente de criação de conteúdo para as redes. Além disso, ele é convidado para dar palestras e participar de lives. Para quem quer seguir como influenciador digital, Lucas Raniel destaca que o estudo é fundamental.
“Comecei a me fortalecer e a estudar muito sobre o assunto, e aos poucos fui me sentindo confortável em postar coisas sobre prevenção na minha rede social. Acredito que é preciso ser autêntico e estudar muito sobre aquilo que você quer se propor a fazer. Sobreviver de internet requer também muita disciplina, pois você é seu chefe, você é seu funcionário e você faz seu horário”, ressalta.
Mariam Chami
|
Nascida no Brasil, Mariam Chami é filha de pai libanês muçulmano e mãe brasileira convertida ao islamismo há mais de 30 anos. A influenciadora usa o instagram para mostrar como é ser muçulmana em Florianópolis (SC) e desmistificar vários aspectos da religião.
“Eu comecei há alguns anos. Mas peguei firme do final de 2019 para 2020. A pandemia me ajudou a pensar mais em como chegar às pessoas através das redes sociais”. Ao começar a falar sobre seu cotidiano e envolver toda a família, Mariam não imaginava o alcance que teria e que poderia viver como criadora de conteúdo.
“Minha rede social virou minha profissão. Eu relutei muito tempo para me intitular como influenciadora digital, porque eu não acreditava tanto no efeito da minha fala na vida das pessoas. Mas hoje eu sei o bem que estou trazendo com o conteúdo educativo, de uma forma didática para as pessoas se desconstruírem”.
Mariam Chami usar o humor em vídeos para falar de suas experiências. Para quem deseja começar na profissão, ela diz o que deu certo para ela: “Imprima a sua personalidade: seja quem você é. E quanto mais natural e espontâneo for, melhor! As pessoas querem ver você acertando, errando, rindo, chateado, porque mostra que você é ser humano. Quando você mostra os seus sentimentos, as pessoas se identificam e criam uma conexão”, acredita.
Roger Cipó
|
Roger Cipó é fundador da “Olhar de um Cipó” nas redes sociais, projeto que documenta terreiros de candomblé. Nos últimos três anos tem se dedicado à produção de conteúdo para abordar questões focadas nas masculinidades negras e outras pautas para pensar a sociedade brasileira a partir dos conflitos raciais.
“Eu produzo um conteúdo que é um tanto plural, trazendo questões sociais mais críticas, como os impactos do racismo na vida de pessoas negras, com foco na identidade de homens negros e as violências que nos atravessam”.
Cipó também fala nas redes sobre beleza, moda, cuidados com a saúde física e emocional; além de um conteúdo voltado para relações interpessoais e sociais. “O diferencial desse conteúdo, talvez, seja um aprofundamento teórico sobre as temáticas abordadas e um cuidado com a qualidade técnica específica das áreas de comunicação”.
Roger estudou fotografia e marketing de influência, parte do trabalho que ele já fazia, e assim descobriu a importância das plataformas digitais para trazer debates para a sociedade.
“Estude muito outros perfis. Entenda como funciona o mercado de influência. Leia muito, na internet, observe os conteúdos que você gosta e vá experimentando em seu perfil, para criar sua linguagem própria. Entenda que a internet não é um mar de rosas, mas pode ser muito interessante trabalhar com conteúdo”, finaliza.