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16.03.2021
Tempo de leitura: 5 minutos

Jovens do Arqueperifa criam laboratório de informação para os distritos de Parelheiros e Marsilac

O objetivo é ter um espaço para democratizar o acesso à internet, produzir e difundir conhecimento em uma das regiões mais vulneráveis de São Paulo.

Integrantes do coletivo Arqueperifa posam para foto

Com a pandemia do coronavírus ficou mais evidente a necessidade de se ter uma boa conexão à internet para realizar atividades básicas, como estudar, trabalhar ou buscar informações. Principalmente em regiões periféricas, que historicamente possuem menor acesso à tecnologia.

No estado de São Paulo, segundo dados da Fundação Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados), existem 7,5 milhões de moradores de periferias. Destes, crianças com mais 10 anos, nunca acessaram a internet, o que equivale a 20% dos paulistas que vivem em áreas de alta vulnerabilidade social.

Nos distritos de Parelheiros e Marsilac, no extremo sul da capital paulista, esse é um problema que afeta a qualidade de vida dos moradores. A região tem o menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do município.

O cenário desafiador mobilizou um grupo de jovens locais a idealizarem um projeto para democratizar o acesso à internet na região. Assim, os integrantes do, Arqueperifa, coletivo periférico de educomunicação, se uniram para criar o primeiro laboratório de informação de Parelheiros.

Como surgiu a ideia?

No começo de 2020, ao participarem de uma formação, que faz parte de uma iniciativa global criada pelo UNICEF e implementada no Brasil pela Viração Educomunicação, os jovens precisaram levantar um problema que carecia de solução imediata para os bairros da região.

“Com tudo o que vem acontecendo no mundo e isolados pela Covid-19, a gente pensou: como ter acesso à informação sem ter internet? Como garantir estrutura para que a população daqui também possa produzir a própria informação? Assim, a gente foi estruturando o que era necessário para termos um lab de informação e inovação”, relembra Luara Angélica, de 20 anos.

Pensando em um lugar acessível aos moradores, onde qualquer um pudesse chegar sem dificuldades, o Laboratório de (In)formação e Inovação foi idealizado para ficar no  centro de Parelheiros. Como é um local com muitos estabelecimentos, a conexão de internet é melhor e deve facilitar a execução das atividades do projeto.

“Queremos um coworking para quem quiser trabalhar ou fazer reuniões com seus coletivos. Queremos uma biblioteca on-line, com materiais feitos por pessoas de Parelheiros ou sobre o próprio bairro. A gente também quer muito ter um mini estúdio de fotografia para oferecer oficinas, cursos e palestras para juventude periférica aqui, na nossa quebrada”, conta a jovem.

Leia também: Quebrada Maps coloca a periferia no mapa geográfico da cidade

Segundo Karina Menezes, de 21 anos, outra integrante do projeto, a iniciativa pretende engajar os moradores para criar estratégias a fim de melhorar outros aspectos do local.

“Estamos contando com a ajuda das pessoas para isso. Pensamos em criar um espaço que ainda não existe na região, onde a gente possa se informar. Então, a gente pretende fazer esse mapeamento e construir em conjunto com a comunidade um futuro melhor para todos daqui”, afirma a jovem.

Leia mais: A ancestralidade como combustível para empreender na periferia?

Próximos passos e visão para o futuro

 Após uma campanha on-line de financiamento coletivo no ano passado, os jovens conseguiram levantar fundos para iniciar a organização do espaço. A mobilização contou com 100 apoiadores. O laboratório de informação da periferia está quase pronto, mas ainda não tem previsão de abertura devido à pandemia.

“Estamos na força-tarefa de pintura e limpeza, buscando alguns itens que faltam. Já conseguimos computadores e alguns utensílios. Mas tudo vai sendo construído aos poucos por todos. Já alugamos um espaço físico e estamos ansiosos para inaugurar”, comemora Julia da Silva, 22 anos.

Embora o laboratório seja voltado para promover a inclusão digital, Julia destaca que uma característica fundamental do projeto é também a produção de informação em meios offline, para que todos possam ter acesso, como rodas de conversas, palestras e oficinas.

“Qualquer um que queira entrar ali para se informar vai poder fazer isso.  Esse acesso faz a gente chegar a lugares inimagináveis. Vamos antes de tudo nos conectar para criar”, explica.

A região de Parelheiros e Marsilac corresponde a  ¼ da cidade de São Paulo. Por representar um extenso território, o sonho dos jovens do Arqueperifa também é enorme. Por isso, a criação do Laboratório de (In)formação e Inovação representa só o início de um projeto ainda maior.

“A nossa vontade é que existam vários minilabs pelos bairros daqui, para que essa educomunicação possa alcançar diferentes pessoas e nós vamos concretizar isso”, afirma Luara Angélica.

Julia da Silva se anima ao imaginar o impacto da iniciativa no futuro da juventude local.

“Essa é uma plataforma de soluções, uma ferramenta de empoderamento. Vai servir para que os jovens possam se tornar cientistas da sua própria quebrada, possam pensar, trabalhar e construir por ela, porque estamos acostumados a construir para o externo do nosso bairro”, acredita a jovem. “Queremos trazer essa percepção e o fortalecimento do indivíduo, mostrar que ele também pode ser alguém aqui”, finaliza.


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