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16.12.2021
Tempo de leitura: 5 minutos

Jovens são medalha de prata em competição internacional de Tecnologia

Com o uso da Ciência de Dados, três estudantes do Distrito Federal conquistaram prêmio ao desenvolverem um projeto de combate à dengue

Imagem mostra as jovens Cristiane e Iasmin que venceram a competição internacional de Tecnologia

A Ciência de Dados é uma área promissora, com uma demanda crescente por profissionais qualificados. Entretanto, ainda há pouca representatividade feminina. Mesmo em meio a esse cenário, três alunas do Ensino Médio do Centro de Ensino Médio Integrado à Educação Profissional e Técnica do Gama (CEMI) conseguiram fazer a diferença.

Bianca de Azevêdo Ribas, Cristiane de Andrade Coutinho e Iasmim Rodrigues Melo, todas com 18 anos, ganharam a medalha de prata e certificações na Competição Internacional de Ciência, Tecnologia e Engenharia (ISTEC). Elas foram as únicas representantes do Brasil na competição, concorrendo com projetos de mais de 10 países. A cerimônia de premiação ocorreu em abril, na Indonésia, com participação on-line dos responsáveis pelos cases inscritos.

As estudantes desenvolveram um sistema de inteligência artificial capaz de prever o aparecimento de casos da dengue em regiões do Distrito Federal. Juntas, analisaram dados sobre a doença para identificar a relação entre as variáveis e o desenvolvimento de novos casos.

“O projeto me impactou principalmente na área tecnológica de Ciência de Dados. Desenvolvê-lo me fez ver como ela é importante para a gente entender diferentes áreas do nosso mundo e melhorar através da tecnologia a nossa comunidade”, afirma Cristiane Coutinho.

Ciência de Dados é uma área muito abrangente. Mesmo quem possui poucas habilidades na computação pode trabalhar de forma lógica na resolução dos problemas.

“Por isso é importante ter consciência de que não é algo exclusivo, e sim inclusivo. Nossa proposta é solucionar problemas do mundo real por meio de algoritmos e análises inteligentes”, afirma o professor José Matheus Lima, orientador das estudantes no projeto e ex-aluno do CEMI.

Quanto menos infraestrutura, mais casos de dengue

No Distrito Federal, os casos de dengue aumentaram quase 1000% entre os anos de 2018 e 2019. Motivadas pela urgência do combate à doença, as três estudantes desenvolveram o sistema de inteligência artificial que prevê o aparecimento de novos casos em quatro regiões estudadas.

O projeto “Análise dos Fatores Contribuintes na Proliferação de Mosquito Aedes aegypti com Uso de Inteligência Artificial” foi criado a partir de dados da dengue disponibilizados pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal.

Usando como recorte as cidades de Gama, Planaltina, Paranoá e Brazlândia, e considerando critérios como temperatura, umidade, nível de saneamento básico e infraestrutura, as jovens concluíram que os piores índices de infraestrutura estão relacionados aos maiores números de casos da doença.

O sistema desenvolvido pelas estudantes, a partir das informações introduzidas, foi capaz de apontar onde há maior possibilidade de incidência da dengue, além de formular análises periódicas baseadas nesses dados, gerando previsões de casos nos dias ou meses subsequentes.

Empoderamento através do conhecimento

A jovem Iasmim Melo, que atualmente estuda a área da Educação, acredita que os conhecimentos adquiridos com a experiência serão de grande valia para a sua formação.

“Como futura professora, a pesquisa é essencial para entender os métodos que funcionam na sala de aula e qual é a forma mais apropriada de apresentar determinado conteúdo. Sendo assim, a Ciência de Dados é imprescindível para a realização dessas análises”, comenta.

Já Cristiane, ao ser questionada sobre a importância do projeto na sua escolha profissional, declara que a Ciência de Dados ampliou seus horizontes.

“Antes do projeto, eu ainda não sabia muito bem o que fazer. Mas com certeza a parte tecnológica me abriu uma porta de carreira. Pretendo fazer bacharelado em Física e, no futuro, me especializar em Ciência de Dados.”

Sobre a importância das mulheres na área de Ciência e Tecnologia, a jovem complementa.

“Sinto-me mais confiante não somente em relação a programação, mas também ao falar as minhas ideias para as pessoas. Antes do projeto, eu tinha muita dificuldade de dizer o que eu pensava, por receio de não aceitarem minhas ideias por eu ser mulher. Com o tempo, aprendi que é essencial que eu discuta e divulgue as minhas ideias para que mais meninas também se sintam mais apoiadas e incentivadas”, conclui Cristiane.

Por mais incentivo às mulheres na Ciência de Dados

Segundo Júnia Ortiz, embaixadora e comandante da conferência internacional Women in Data Science, apenas 20% dos profissionais da área de Tecnologia são mulheres. Elas representam apenas 25% dos graduados nos últimos anos em cursos da área.

Dados do IBGE revelam que mulheres são mais instruídas do que homens, mas ainda assim possuem menos oportunidades no mercado de trabalho em determinados setores. É o que aponta o estudo “Estatísticas de Gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil”, divulgado no começo deste ano. Segundo o levantamento, no grupo de pessoas com 25 a 34 anos, 25,1% das mulheres possuem nível superior. Entre os homens, o índice é de 18,3%.

A falta de representatividade feminina acaba por afastar as meninas dessa área de conhecimento, que continua em expansão e necessita de mão de obra. Porém, ter acesso aos dados não é o suficiente. É preciso saber interpretá-los para direcionar decisões estratégicas, não só no setor tecnológico, como no financeiro, científico e até mesmo nas decisões cotidianas.

“É preciso um incentivo maior, tanto financeiro quanto pedagógico, para que os estudantes possam vir a ter interesse nas ciências. Um ponto importante é a visão do cientista aqui no Brasil, pois não existe um mercado adequado para quem faz ciência. Logo, a maior parte deles vai para fora do país devido à falta de meios de trabalho”, afirma o professor José Matheus.


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