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25.07.2019
Tempo de leitura: 4 minutos

Medellín usa força transformadora da educação contra a violência

A cidade colombiana conseguiu sair de um cenário de alta violência e influência do narcotráfico na sociedade com investimento na educação e na cultura

Por muito tempo, a cidade de Medellín, na Colômbia, ficou marcada pelo cartel de drogas de mesmo nome. Sob o comando do traficante Pablo Escobar, usou a violência brutal, assassinatos e influência econômica e política como armas de dominação. Um cenário que deixou cicatrizes, mas que nos últimos 10 anos está em mudança por meio da inovação, da educação, da cultura e, como consequência, criando uma sociedade mais em paz.

ONGs, grupos sociais e uma gestão pública que enxerga a educação e a cultura como respostas à violência urbana foram alguns dos ingredientes que começaram a mudar a configuração de Medellín, cidade que deixou o posto de mais violenta do mundo entre as décadas de 1980 e 1990 para o de mais inovadora em 2013.

A transformação passou pela educação. “As ferramentas chaves que utilizamos para atacar os problemas de Medellín foram uma educação, simples e eficiente, e o espaço público como chave para transformação”, disse ao Portal Aprendiz o ex-prefeito da cidade Aníbal Gaviria. “A educação é a grande ferramenta para romper a desigualdade de forma estrutural”.

Educação, cultura e acesso

Os conflitos gerados pelo narcotráfico trouxeram uma média de 7 mil homicídios ao ano na Medellín dos anos 90. Um índice que, em 2006, despencou mais de 90% após um período de políticas voltadas à infraestrutura, cultura, segurança e educação.

A resposta à violência foi dada por meio de programas sociais, construção de parques, museus, bibliotecas, escolas, áreas de convivência, além do investimento em inteligência na área de segurança, melhorando inclusive indicadores econômicos, e tornaram a cidade menos violenta e mais próspera.

“Em cerca de 18 anos, conseguimos fazer a mudança”, complementa Jorge Melguizo, ex-secretário de Cultura da cidade de Medellín, em evento apoiado pelo Todos Pela Educação. Hoje, uma pessoa sem recursos tem acesso a “educação, transporte, esporte, recreação, todos os serviços públicos”.

A partir de 2005, o município aumentou o investimento em cultura de 0,6% para 5% do orçamento anual. Em educação, o percentual de 12% mais que dobrou e foi para 40%. Outras ações foram o aumento no número de jardins de infância, a criação de equipamentos sociais como hortas, parques e bibliotecas, formação continuada de educadores e investimento em projetos urbanísticos que melhorassem o deslocamento da população, especialmente nas periferias.

Cultura e pedagogia de paz

É comprovado que locais violentos impactam a capacidade de aprendizado. Por isso, a cultura de paz é uma alternativa para contornar a violência na escola, o que também foi feito para tentar reduzir os danos gerados pela guerra ao narcotráfico de Medellín. “Não se combate violência com mais violência”, defendeu o ex-prefeito Aníbal Gaviria ao Portal Aprendiz.

Isso não significa deixar de lado a segurança. “Houve investimento em segurança também, mas isso correspondeu a 10% ou 15% do resultado final. Fizemos um trabalho de articulação com universidades, empresas privadas, ONGs e lideranças de bairros. O conceito é simples: esses bairros chamados de bairros violentos não são violentos, mas violentados. Não são culpados, mas vítimas”, afirmou o ex-secretário municipal Jorge Melguizo ao Estadão. “Ao assumi-los assim, eles necessitam de um abraço da sociedade e não da dupla violência que se produz com operações militares”.

Em 2015, um decreto presidencial estabeleceu a Cátedra da Paz, iniciativa em escolas que tem o objetivo de “promover o processo de apropriação de conhecimentos e habilidades relacionadas à paz” no país, segundo a Red PaPaz.

Esta organização representa pais e mães da sociedade civil e atua na proteção da juventude e infância.  Dessa forma, defende que se abordem questões de memória cultural, social, econômica e histórica que buscam ajudar a reconstruir o tecido social, promover a prosperidade e garantir a eficácia dos princípios e direitos descritos na Constituição.A professora Mónica Galeano, que atua com alunos do 6ª ao 9º ano de uma escola em Medellín, resumiu para a publicação Nova Escola como é possível mostrar aos estudantes que a violência não é o único caminho de vida. “Uma aula pode ser um lugar para dizer ao estudante que, por mais que ele esteja em um território afundado em narcotráfico, em assassinatos, não é preciso atuar da mesma maneira”, disse.


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