Nota técnica "Educar na era da Inteligência Artifical: Caminhos para a BNCC Computação"

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28.04.2016
Tempo de leitura: 4 minutos

O empreendedorismo social como uma alternativa para refugiados no Brasil

Programa capacitará imigrantes em situação de refúgio para que possam abrir seu próprio negócio.

Programa capacitará imigrantes em situação de refúgio para que possam abrir seu próprio negócio.

As crises humanitárias causadas por situações de guerra implicam em movimentações migratórias que alteram a geografia humana de outros lugares do mundo. O tremor de uma bomba na Síria reverbera no Brasil, propagando uma onda de imigração – sem casa e sem pátria, os refugiados se encontram em um país de cultura distinta, tendo de emitir documentos em uma língua desconhecida e reinventando uma trajetória de vida para poder trabalhar, comer e se assentar.

Segundo o relatório sobre a situação do refúgio, feito pelo Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE) em agosto de 2015, são atualmente 8.400 refugiados reconhecidos no Brasil – exclui-se desse dado os haitianos, que ultrapassam os 40 mil e são atendidos por um órgão específico. Os sírios, em decorrência da crise em seu país, são a nacionalidade mais numerosa, seguidos por angolanos, congolenses, colombianos e libaneses. Destes, 70,7% são homens em idade economicamente ativa, de 18 a 39 anos. Seu primeiro desejo é encontrar um trabalho, tanto para se sustentar como para enviar dinheiro a quem não pôde migrar.

Vislumbra-se, então, a oportunidade de abrir um pequeno negócio. Mas com as barreiras de língua, o pouco entendimento de como funciona o mercado financeiro e sem capital, os refugiados podem ter dificuldade em empreender. Foi pensando em auxiliá-los que o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), em parceria com o CONARE e outros órgãos de integração criaram o projeto Refugiado Empreendedor. Em sua fase piloto, o projeto deseja formar 250 empreendedores.

“Os refugiados procuram no empreendimento uma manutenção de sobrevivência, em áreas como costura, artesanato e culinária. Nós do SEBRAE acreditamos que uma capacitação de forma gratuita, considerando que eles não têm condição de pagar, é uma trilha de aprendizagem”, explica Fernanda Maciel, gerente da área internacional do SEBRAE. A primeira fase do curso é formação online e sensibilização. Não há nenhum requisito prévio: todo refugiado e solicitante pode participar do curso, que os iniciará nas noções básicas de empreendedorismo.

Inicialmente disponível nos idiomas português, espanhol e inglês, o primeiro momento também serve para entender demandas linguistas. Se houver muita procura pelo árabe ou francês, por exemplo, o curso também seria traduzido. Na segunda fase, serão oferecidas oficinas preparatórias para o mercado de trabalho brasileiro, com foco em elaboração de plano de negócios. Na terceira etapa, ocorre a permanência dos que realmente tem desejo de empreender. Eles precisam falar português para se formalizar como microempreendedores.

Finalmente, na quarta fase, eles recebem um crédito inicial das instituições sensibilizadas pelo tema.

Acostumados com uma trajetória profissional em seus países, o processo de reinventar a carreira e se recolocar no mercado é um dos grandes desafios. “A situação do refugiado não é fácil, mas mudar de vida também depende de sua disposição”, explica Luiz Fernando Godinho, oficial de informação pública da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), envolvida no projeto. Ele complementa que a inserção no mercado é um passo importante para a integração do refugiado com o novo país e a comunidade. “Sua auto sustentabilidade, além da regularização documental e de sua proteção, é o objetivo primordial”.

Os irmãos sírios Wael e Bassel (foto acima) apostam na culinária para romper barreiras, se reinventar e se manter financeiramente no país. E se o refugiado tem de passar por uma reinvenção, a sociedade que o acolhe também deve se transformar; isso vale para velhos mitos de que o imigrante ocuparia vaga destinada a um brasileiro. Luiz comenta que programas como Refugiado Empreendedor existem justamente por acreditar no potencial do refugiado como contribuinte da economia local. “Os refugiados estão gerando renda, recolhendo impostos e empregando não somente imigrantes, como também brasileiros. Não há porque rejeitar sua inserção no mercado nacional”.

O primeiro evento do programa Refugiado Empreendedor irá acontecer dia 26 de abril e as oficinas têm previsão de durar até meados de outubro. Saiba mais no site da CONARE.


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