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01.11.2023
Tempo de leitura: 7 minutos

O papel das tecnologias digitais para impulsionar a transformação da educação

Fórum Regional de Políticas Educacionais trouxe os desafios e as oportunidades no uso das tecnologias digitais para a melhoria dos processos de ensino e aprendizagem na América Latina e Caribe

Fórum Regional de Políticas Educacionais

O cenário educacional contemporâneo está sendo moldado por uma revolução tecnológica sem precedentes. Esse contexto foi analisado durante a 7ª edição do Fórum Regional de Políticas Educacionais, que aconteceu virtualmente entre os dias 3 e 5 de outubro de 2023.

O evento, que acontece anualmente, propõe um espaço de diálogo, consulta e reflexão dirigido aos responsáveis pela formulação e implementação de políticas educacionais nos países da América Latina e do Caribe e que neste ano discutiu o papel das tecnologias digitais na educação.

Pablo Cevallos Estarellas, diretor do Escritório para a América Latina e o Caribe (LAC) do Instituto Internacional de Planejamento Educacional (IIPE) da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), declarou que as recentes publicações da UNESCO se destacam como “diretrizes a seguir quando se trata de educação e tecnologia”. Pablo se referiu à edição de 2023 do “Relatório de Acompanhamento da Educação no Mundo (GEM)”, liderada por Manos Antoninis, diretor do GEM desde 2017, que traz uma reflexão sobre o papel das tecnologias na educação. O material foi publicado em julho deste ano.

“Além disso, o relatório GEM orienta os países a estabelecerem as bases para a incorporação eficaz da tecnologia no sistema educacional, garantindo que ela atenda a critérios essenciais como adequação ao contexto, equidade, escalabilidade e sustentabilidade”, explicou Pablo.

Sobre o Fórum

O Fórum Regional de Políticas Educacionais tem como intuito analisar estratégias para a implementação do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 4 da Agenda Educação 2030 com foco em um tema específico em cada edição, que neste ano trouxe o papel das tecnologias digitais na transformação da educação.

A organização do Fórum foi realizada em conjunto pelo Instituto Internacional de Planejamento Educacional (IIPE) da Organização das Nações Unidas para a Educação (UNESCO), a UNESCO Santiago, o Escritório Internacional de Educação da UNESCO (IBE UNESCO), o Relatório Global de Monitorização da Educação (GEM) da UNESCO e a Equipe para o Futuro da Aprendizagem e Inovação do Setor de Educação da UNESCO.

Os avanços tecnológicos e as desigualdades na educação

O relatório GEM foi um dos disparadores das reflexões realizadas durante o Fórum. No evento, os participantes trouxeram alguns destaques do material ao longo dos painéis, como os avanços tecnológicos digitais que estão transformando o mundo em ritmo acelerado, mas que também evidenciam desigualdades persistentes. Um exemplo é a conectividade, que, apesar de ser um direito, permanece desigual em todo o mundo.

Apenas 40% das escolas primárias, 50% das escolas de ensino fundamental e 65% das escolas de ensino médio estão conectadas à internet. Além disso, embora a tecnologia digital tenha ampliado o acesso a recursos de ensino e aprendizagem, muitos estudantes ainda enfrentam limitações no uso dessas ferramentas em suas práticas escolares.

Mesmo nos países mais desenvolvidos, dados apontam que apenas cerca de 10% dos estudantes de 15 anos usam dispositivos digitais por mais de uma hora por semana para estudar Matemática e Ciências. Segundo Pablo, “o Fórum Regional de Políticas Educacionais emerge como um espaço para explorar e debater as questões urgentes como estas dessa revolução tecnológica e suas implicações na educação”.

Magdalena Claro Tagle, diretora do Centro de Estudos de Políticas e Práticas em Educação (CEPPE) na Pontifícia Universidade Católica de Chile, na mesa intitulada “Tecnologias digitais para inclusão educacional e melhoria da aprendizagem”, afirmou que é preciso revisar de forma permanente quais acessos tecnológicos são dados aos estudantes, quais desigualdades realmente existem nesses acessos e o que temos em sala de aula de ideias e premissas por trás das tarefas escolares.

“Precisamos garantir que esse acesso permita efetivamente o desenvolvimento de aprendizagem e habilidades dos estudantes, para que se preparem para o mundo de hoje”, argumentou.

Neste debate, ao lado da Magdalena, estavam também Renato Opertti, Especialista Sênior do Escritório Internacional de Educação da UNESCO (IBE), Ana Laura Martínez Tessore, Coordenadora de Cooperação Técnica, Cetic.br e a moderação foi feita por Vannina Trentin, Vice-Coordenadora de Treinamento, IIEP UNESCO LAC Office.

 

Tecnologias como aliadas do planejamento e gestão educacionais

No painel “Tecnologias digitais para o planejamento e gestão de sistemas educacionais”, os participantes exploraram soluções inovadoras para melhorar a eficiência e a eficácia na administração da educação.

Para mostrar que os sistemas tecnológicos podem gerar economias significativas para o Estado, Gregory Elacqua, Economista Principal da Divisão de Educação do Banco Interamericano de Desenvolvimento em Washington D.C, trouxe em sua fala considerações importantes sobre a digitalização no processo administrativo das escolas.

“A locação centralizada e digitalizada de docentes aumenta a transparência, a eficiência e o acesso equitativo às escolas. Mas apesar disso os desafios persistem, como a inércia às  barreiras de informação e isso continua gerando desigualdades e congestionamento nas solicitações e ineficiências”.

Gregory também pontuou que as estratégias tecnológicas de baixo custo baseadas na economia do comportamento melhoraram os resultados e trouxeram docentes mais preparados para as escolas rurais e remotas. “Essas aplicações [das estratégias tecnológicas] podem abordar com baixo custo vários desafios na educação como atrair melhores candidatos para carreiras de educação, retenção de docentes principiantes que têm maior probabilidade de abandonar a profissão nos primeiros anos, reduzir o absenteísmo escolar de professores e alunos e ajudar as famílias na escolha das escolas”, finaliza Gregory.

O mesmo painel contou ainda com a participação de Alejandro Morduchowicz, pesquisador independente e a moderação de Natalia Fernández Laya, Especialista do Programa em Comunidades de Prática, LAC Office do IIEP UNESCO.

O evento consolidou o compromisso da América Latina e Caribe em avançar na integração das tecnologias digitais na educação, alinhando-se seu papel com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda de Educação 2030.

Relatório GEM e sua importância para a educação

O quarto Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS 4) tem como meta a garantia de uma educação inclusiva, equitativa e de qualidade, bem como a promoção de oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.

Uma ferramenta internacional crucial nesse contexto é o Relatório de Acompanhamento da Educação no Mundo (GEM), publicado pela UNESCO, que tem por objetivo analisar, sintetizar e apresentar dados, pesquisas e evidências sobre a situação da educação em todo o mundo, além de oferecer recomendações para estimular o diálogo e aprimorar a formulação de políticas educacionais, orientando assim os formuladores de políticas em direção à realização do ODS 4.

O Relatório GEM é uma parte integral da arquitetura educacional global, com 16 edições lançadas.

Baixe aqui o Relatório de Acompanhamento da Educação no Mundo (GEM), 2023!


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