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16.03.2021
Tempo de leitura: 7 minutos

Pesquisa da ONU mostra comprometimento da juventude em salvar o planeta das mudanças climáticas

No Brasil e no mundo, jovens ativistas do clima lideram movimentos para exigir ação climática

A imagem mostra um desenho que representam o planeta Terra e várias pessoas em volta

O aquecimento global e suas consequências – como derretimento de geleiras, aumento do nível do mar, secas e tempestades intensas – são notados em todos os cantos do mundo. Em janeiro, o programa da ONU para o Desenvolvimento (PNUD) e a Universidade de Oxford (Reino Unido), divulgaram os resultados da maior pesquisa de opinião já feita sobre as mudanças climáticas.

Denominado Peoples’ Climate Vote (Voto Climático das Pessoas), o levantamento ouviu cerca de 1,2 milhões de pessoas, em 50 países. Quase dois terços dos participantes responderam que a mudança climática é uma emergência global, pedindo maior ação por parte dos governantes para enfrentar a crise.

Não é para menos – as últimas duas décadas foram as mais quentes dos últimos mil anos, e as projeções do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) indicam que nos próximos 100 anos a  temperatura média global pode aumentar 1,8°C e 4,0°C, e o nível do mar pode subir até 0,59 metros. Para completar, de acordo com o relatório da Organização Mundial de Meteorologia 2019, os níveis de gases de efeito estufa na atmosfera alcançaram alta recorde.

 

Força do futuro

Em meio a esse cenário desafiador, jovens ativistas do clima se tornam uma força cada vez mais potente. A pesquisa da ONU ouviu meio milhão de pessoas com menos de 18 anos, e mostrou que esse grupo era o mais propenso a ressalta a urgência do tema. No Brasil e no mundo, despontam jovens lideranças dispostas a promover transformações e fazer a diferença.

No dia 16 de março é comemorado o Dia Nacional da Conscientização sobre Mudanças Climáticas. Esta é uma data para chamar a atenção da população para as alterações que estão ocorrendo, assim como refletir sobre a necessidade de ações que reduzam o impacto dessas mudanças sobre a terra.

Ana Luiza Pinheiro, de 19 anos, de Belém do Pará, integra o time de voluntários da aliança Friday for Future Amazônia e da coalizão Volta Grande do Xingu. “No dia 19 de março começa nossa Greve Global pelo Clima e o tema é ‘chega de promessas vazias’. Existe um relógio do clima que indica que nós temos apenas seis anos até enfrentarmos um colapso ambiental e a gente só vai mudar isso com o apoio de políticos e empresas tendo atitudes mais sustentáveis”, explica.

O Fridays for Future, também conhecido como Greve Global pelo Clima, é um movimento internacional de estudantes que exigem ações dos líderes políticos para evitar as mudanças climáticas. Ele começou com a ativista sueca Greta Thurnberg. Em 2018, aos 16 anos, ela faltou às aulas para pressionar o governo sueco a cumprir o Acordo de Paris, um tratado mundial para reduzir a emissão de gases de efeito estufa. Com esta iniciativa, Greta inspirou os estudantes de todo o mundo –  como Ana Luiza.

Foto de Ana Luiza Pinheiro

“Eu moro na Amazônia e somos muito prejudicados pelas mudanças climáticas. Eu queria fazer alguma coisa e levar este debate para a minha comunidade”, conta a jovem.

Ana Luiza Pinheiro, 19 anos, Belém (Pará)

 

Mais vulneráveis, mais afetados

O aquecimento global está afetando a todos. Mas, segundo a ativista e bióloga Nayara Almeida, 23, certamente os mais pobres e vulneráveis sofrem mais, especialmente mulheres periféricas. “Após chuva, eu consigo ver no jornal local do Rio de Janeiro quem são as pessoas que sempre perdem tudo”, aponta.

Procurando aliar o estudo da biologia com a atuação humana, Nayara se voluntariou no projeto Engajamundo, organização de liderança jovem que acredita na importância da atuação da juventude para enfrentar os maiores problemas ambientais e sociais do mundo.

Na ONG, ela conheceu o movimento Fridays For Future. “A partir daí, minha vida tomou um rumo que eu nunca tinha imaginado. Em 2019, eu passei a fazer greves toda semana, fui selecionada pela delegação do Engajamundo para ir para o COP 25, e pude estar em contato com atores que estavam realmente fazendo a diferença”.

Desde agosto, ela coordena um projeto de educação climática para jovens de periferias e favelas do Rio de Janeiro, o Brota no Clima. A partir deste projeto foi criado o Marcha Periférica, rede social que dialoga com o jovem mais conectado de São Gonçalo e da baixada fluminense, e o jornal comunitário Clima Perifa, para falar sobre mudanças climáticas no Rio de Janeiro. Nayara também coordena a produção do podcast do Engajamundo “Pimenta pra Jovem é Refresco”.

Foto de Nayara Almeida

“Eu sinto que muita gente ainda não olha para as periferias com um olhar de território potente, ainda há muito preconceito. Tem muita gente fazendo pelo clima por aqui, elas só não são visibilizadas.”, provoca.

Nayara Almeida, 23 anos, Duque de Caxias (Rio de Janeiro)

 

Como engajar?

Embora a participação dos jovens no combate às mudanças climáticas seja crescente, como mobilizar aqueles que ainda não despertaram para a causa?

“Ao mesmo tempo em que esta é uma pergunta é muito difícil, é também muito fácil, porque a gente vive em uma era digital”, defende a arquiteta e voluntária do Greenpeace, Maylla Costa. “Quando a gente pensa em engajar o jovem e as crianças precisamos usar as mídias”, defende.

A jovem dá como exemplo a parceria do Greenpeace com o canal infantil Mundo Bita. Juntos, eles lançaram, em março deste ano, a segunda canção do álbum Bita e os Animais 2. Com a música “Amigo Baleia“, além de aproveitar o som e dançar na sala de casa, as crianças também aprendem sobre a importância de respeitar a natureza e preservar os oceanos. Ou seja: a principal forma para engajar a população é por meio da informação.

Foto de Maylla Costa

“Apesar de sempre ter estudado em escola pública e ter morado em bairros periféricos, eu sempre achei que eu tinha tido privilégio por ter aprendido e ter tido acesso a este tipo de conhecimento. Queria passar ele pra frente”.

Maylla Costa, 26 anos, Manaus (Amazonas)

 

Dica de conteúdos para saber mais

Quer saber mais sobre a temática ambiental, mas não sabe por onde começar? Veja os conteúdos que as ativistas Maylla, Ana Luiza e Nayara indicam:

  • Documentário Nosso Planeta, que mostra 50 países e reúne imagens nunca antes vistas da Terra (disponível no Netflix).
  • Livro A terra inabitável: Uma história do futuro, de David Wallace-Wells. O autor joga luz sobre os problemas climáticos e o futuro próximo: falta de alimentos, emergências em campos de refugiados, enchentes, destruição de florestas e desertificação do solo.
  • Site Modefica: conteúdos sobre moda, veganismo, meio ambiente, e cultura.
  • Newsletter Clímax: curadoria de notícias e discussões sobre a crise climática.
  • TextoReciclagem é uma farsa?“. Cristal Muniz, do blog Uma Vida Sem Lixo , mostra como surgiu a reciclagem e o que precisaria ser feito para que  fosse mais eficiente.

Leia também: 10 podcasts para ficar por dentro de temas ambientais no Brasil


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