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08.01.2020
Tempo de leitura: 5 minutos

Como o terceiro setor promove inovação social

Conheça alguns casos de organizações da sociedade civil que trabalham pela inovação

Sempre que uma comunidade ou um grupo organizado de pessoas se reúne para enfrentar desafios socioambientais do entorno através de novas estratégias de ação ou metodologias temos a chamada inovação social.

O termo inovação é geralmente associado ao emprego de tecnologias digitais, mas na realidade tem um entendimento mais amplo: pode proporcionar soluções para questões ligadas a saúde, educação, moradia, lazer, turismo, emprego ou renda.

Pela inovação surgem novos olhares para lidar com problemas complexos que aparecem. E quem melhor que a própria sociedade civil, diariamente ligada aos desafios, para enfrentá-los?

“Empresas, universidades e governos também inovam, mas eles precisam se burocratizar mais, por meio de departamentos e fragmentação do conhecimento, o que gera maior dificuldade para criar coisas realmente novas a partir de necessidades diretas da comunidade”, acredita Helena Singer, líder da Estratégia de Juventude na América Latina da Ashoka Brasil.

Essa organização sem fins lucrativos, criada na Índia, lidera um movimento global para formar agentes de transformação positiva na sociedade. No Brasil, desenvolve projetos e ferramentas de estratégia, além de apoiar a criação de redes nas áreas de educação e empreendedorismo social.  Dessa forma, conecta Escolas Transformadoras e apoia milhares de empreendedores sociais em todo o mundo.

Quando a inovação acontece

De acordo com o Centro de Inovação Social do Canadá, uma das principais referências mundiais no assunto, são necessárias três condições para que a inovação social aconteça: ambientes propícios, interação entre pessoas diversas e estrutura adequada que facilite a transformação de uma simples ideia em um plano real.

Para Natacha Costa, diretora da Associação Cidade Escola Aprendiz, a inovação social está ligada aos territórios e às relações que as pessoas que vivem ali estabelecem entre si e seus contextos.

“O terceiro setor tem uma capacidade grande de gerar inovação social justamente pela superfície de contato, especialmente quando falamos de organização da sociedade civil. Isso porque ela nasce de movimentos sociais ou se relaciona com eles de maneira muito próxima. Ou seja, tem essa legitimidade de diálogo com quem está nos territórios”, destaca.

Entre os muitos exemplos de inovação social construídas com a ajuda da Associação Cidade Escola Aprendiz, dois exemplificam bem a potência de trabalhar com territórios e educação.

O primeiro está na identificação e reinserção de mais de 22 mil crianças e adolescentes no ambiente escolar no Rio de Janeiro por meio do projeto Aluno Presente, entre 2013 e 2016.

Com uma metodologia de mobilização que envolveu comunidades inteiras em uma busca ativa escolar , construída em parceria com a Unicef, foi feita uma sistematização e ampliação do projeto a 26 municípios do Rio de Janeiro. Via educação a distância, atende todo Brasil e, em 2020, a meta é chegar em, ao menos, quatro novos territórios.

Outro exemplo de inovação social está na construção de uma política de Educação Integral em parceria com oito municípios brasileiros. Em Tremembé, no interior de São Paulo, o Aprendiz, junto com organizações parceiras, foi criada uma metodologia de subsídios curriculares baseada na BNCC e na reflexão coletiva de diversos profissionais da educação.

O trabalho foi replicado para Arari, no Maranhão, e reunido em uma plataforma para chegar a outras partes do país.

“A inovação social é um processo dinâmico, já que os contextos são diversos e as condições, os atores e os governos mudam. Por isso, é fundamental que a gente siga em processo constante de pesquisa e desenvolvimento”, defende Natacha Costa.

Tecnologia transformadora

A Fundação Telefônica Vivo também apoia uma série de projetos com foco em inovação social com ou sem tecnologia. Junto com a Associação Cidade Escola Aprendiz e com a Ashoka, criou em 2018 o Movimento de Inovação na Educação, uma articulação de escolas, pessoas e instituições que atuam no setor da educação com práticas que buscam reinventar o espaço escolar, o currículo ou os métodos de ensino.

Além disso, por meio do Profuturo, programa de educação global da Fundação Telefônica Vivo criado em parceria com a Fundação “la Caixa”, são desenvolvidas as competências do século XXI necessárias para que crianças, professores e gestores de centros educativos enfrentem os desafios de um mundo cada vez mais digital.

Parte do programa global, o projeto Aula Digital trabalha a inovação nas escolas públicas do Brasil ao disponibilizar novas metodologias de ensino e aprendizagem e tecnologia digital. Unindo as cinco dimensões do ProFuturo apoia o desenvolvimento do pensamento crítico, da comunicação, criatividade e colaboração dos estudantes com formação e empoderamento de professores, integração ao digital, gerenciamento e compartilhamento de conteúdo, além de avaliação contínua.

A Fundação também atua na formação e no apoio de empreendedores sociais engajados em transformar suas comunidades com o programa Pense Grande. Por meio de uma metodologia própria e um programa de incubação, fomenta a cultura do empreendedorismo de impacto social com o uso de tecnologia para jovens das periferias brasileiras.

“Quando o assunto é inovação não há modelo ou roteiro pronto, muito menos linha de chegada. É sempre uma longa caminhada”, definiu Mila Gonçalves, gerente de programas sociais da Fundação Telefônica Vivo, durante encontro com educadores. “Nós não acreditamos em modelos, mas em processos, como escuta colaborativa, análise de contexto e criação de sentido para a comunidade”.


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