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02.06.2023
Tempo de leitura: 7 minutos

Educação Profissional e Tecnológica é um dos caminhos para inclusão das juventudes

Alinhada com demandas atuais do mercado, Educação Profissional e Tecnológica também promove o desenvolvimento integral dos estudantes

O mercado de trabalho tem passado por rápidas mudanças, e os jovens são um dos grupos mais afetados pelas crises econômicas da última década. Diante de altas taxas de desocupação, baixos salários e incertezas quanto ao futuro, a Educação Profissional Tecnológica (EPT) é um dos caminhos para a inclusão produtiva das juventudes, conforme aponta a pesquisa O Futuro do Mundo do Trabalho para as Juventudes Brasileiras.

Lançada recentemente por Fundação Telefônica VivoItaú Educação e TrabalhoFundação Roberto MarinhoFundação Arymaz e GOYN SP, realizada pelo Instituto Cíclica em parceria com o Instituto Veredas, a pesquisa indica que a ampliação de matrículas na modalidade deve ser uma das dimensões priorizadas na agenda de atores estratégicos, incluindo governos e órgãos públicos, instituições de ensino, empresas, organizações da sociedade civil, universidades e instituições de pesquisa e organizações juvenis. Segundo dados do Anuário da Educação Profissional e Tecnológica, o Brasil ainda está abaixo das metas estabelecidas pelo Plano Nacional de Educação (PNE): entre 2020 e 2021, houve uma redução de quase 50 mil matrículas.

 

Educação Profissional e Tecnológica: demandas e desafios reais

A pesquisa mapeou algumas dimensões prioritárias para a inclusão produtiva das juventudes. Entre elas estão: a mobilização dos atores estratégicos, a promoção da orientação profissional aos jovens e o alinhamento profissional com as demandas produtivas e mudanças tecnológicas do século XXI.

“Há trinta, quarenta anos, tínhamos uma indústria que demandava muitas profissões, muitos profissionais. Hoje não é só mais a indústria, ela já foi superada por outros setores. Temos, por exemplo, o setor de informática e da biotecnologia que demandam muitos profissionais. Então, um curso de ensino técnico precisa estar atento a essas novas demandas do mercado”, ressalta Elza Ferreira Santos, líder do grupo de pesquisa Educação Profissional e Tecnológica do Instituto Federal de Sergipe (IFS) e Diretora de Educação Profissional e Superior do IFS.

Para a professora, também é preciso encontrar formas de unir a experiência da formação técnica com as diversas possibilidades que o meio acadêmico oferece, conectando quatro pontos: ensino, pesquisa, extensão e inovação. “É um desafio que me parece que a gente precisa abraçar”, destaca.

 

Juventudes e a urgência de inclusão produtiva

Promover a inclusão produtiva das juventudes também passa pela necessidade de alinhar a profissionalização com o momento econômico do país. Economista, diretor de Educação e Tecnologia da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Rafael Lucchesi avalia que, em muitos momentos, o ensino médio regular se apresenta mais focado na inserção dos estudantes no ensino superior, ignorando uma camada expressiva da juventude que precisa chegar mais rápido ao mercado de trabalho.

“O número de jovens na universidade deve, sim, aumentar, mas precisamos de outros meios para dar identidade social ao estudante que não ingressa direto no ensino superior, que deseja ou precisa entrar no mercado de trabalho, e não consegue por não ter qualificação. Ele acaba entrando para as estatísticas de exclusão social. É aí que a educação profissional entra. Ou seja, o país tem o desafio de ampliar a oferta e o acesso dos jovens à educação profissional de qualidade – alinhada ao projeto de país e às demandas do setor produtivo”, opina.

Essa oferta também está conectada com as demandas das juventudes, como apontou a Pesquisa de Opinião com Estudantes do Ensino Médio, encomendada pelo Todos Pela Educação em parceria com a Fundação Telefônica Vivo, o Instituto Natura e o Instituto Sonho Grande. O levantamento aponta que cerca de 98% dos estudantes entrevistados desejam sair do Ensino Médio preparados para o mercado de trabalho.

Educação Profissional Técnica de Nível Médio no Brasil

Em 2021, as redes estaduais foram as que mais ofertaram cursos de Educação Profissional Técnica de Nível Médio (43,32%), seguidas pela rede privada (37,65%), pela rede federal (17,82%) e, por fim, pela rede municipal (1,21%), como apontam dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP).

A rede privada tem dominância na oferta dos cursos subsequentes (quando o estudante já concluiu o ensino médio, mas está matriculado em um curso técnico) e de cursos técnicos concomitantes (que acontecem ao mesmo tempo). O Ensino Médio Integrado, no entanto, é basicamente ofertado pelas redes federal e estaduais.

As redes estaduais também são responsáveis pela implementação do itinerário de EPT, incluindo a oferta dos cursos de qualificação e dos cursos técnicos integrados à EJA (Educação de Jovens e Adultos) de nível médio. Da mesma forma, as redes estaduais são responsáveis pelo ensino médio regular ou magistério (curso de nível médio que habilita o professor para lecionar na Educação Infantil), com presença da rede federal de ensino.

Kethi Cristina do Rosário Squecola Alexandre faz parte da realidade estadual das escolas que oferecem Educação Profissional e Tecnológica no estado de São Paulo. Coordenadora pedagógica na Escola Estadual Padre José Nunes Dias, na cidade de Monte Aprazível/SP, ela destaca que, além da formação na sala de aula, estudantes da rede também podem contar com experiências diversas que os preparam para o mercado, que não necessariamente implicam somente na oferta de EPT.

Entre as práticas pedagógicas e atividades desenvolvidas, a educadora destaca visitas de profissionais renomados do mercado e a realização de gincanas que simulam a criação de startups. Muitas vezes, esses projetos também servem de inspiração e incentivo para que os estudantes construam empresas reais.

“Quando o estudante chega no terceiro ano do Ensino Médio, ele já está preparado. Isso fica muito evidente nas entrevistas para o mercado. Porque ele já vem de uma vitrine que, inclusive, impulsiona negócios que começam dentro da escola. Ele chega no mercado querendo fazer plano de negócios, com uma visão muito além”,  conta.

Competências para engajar as juventudes

Além de promover a formação profissional dos jovens, a EPT também precisa ter um olhar para o desenvolvimento de competências que vão além das demandas do mercado de trabalho. A professora e pesquisadora Elza Ferreira Santos acredita que essa formação integral contribui com o processo de amadurecimento dos alunos, apoiando na escolha profissional e na construção dos seus propósitos de vida.

“Esse mercado exige pessoas que pensem, que sejam reflexivas, que tenham iniciativas, que sejam, por exemplo, persistentes, resilientes”, diz. A educadora também reforça que a formação dos jovens precisa estar conectada com os processos de transformação da sociedade e com os valores que norteiam a vida de todo ser humano.

Para Lucchesi, a Educação Profissional e Tecnológica também consegue preparar a escola para uma formação que vai além das competências técnicas e tecnológicas. Ele menciona que a educação para o mundo do trabalho do futuro tem como princípios o uso de metodologias ativas, práticas pedagógicas inovadoras e tecnologias digitais. Tudo isso, somado ao desenvolvimento de competências técnicas e socioemocionais.

“O trabalhador ‘realizador de tarefas’ está com os dias contados. A economia 4.0 exige cada vez mais um profissional tomador de decisões. Ele tem de ser capaz de planejar, negociar, interpretar grandes quantidades de dados e informações, aplicar conceitos matemáticos na solução de problemas e, principalmente, ter pensamento crítico. Por isso, não bastam as competências técnicas, ele também deve desenvolver as soft skills”, conclui.

Para saber mais sobre os a inclusão produtiva das juventudes, seus desafios e recomendações, faça o download do estudo completo aqui.


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