Nota técnica "Educar na era da Inteligência Artifical: Caminhos para a BNCC Computação"

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27.05.2019
Tempo de leitura: 4 minutos

Lei Maria da Penha na versão cordel é ensinada em escolas do Ceará

Cordelista transforma 46 artigos jurídicos em estrofes com linguagem acessível para conscientizar crianças e jovens sobre os direitos das mulheres

Em primeiro plano uma mão segura e mostra a capa da versão em cordel, onde estão ilustradas sete mulheres de várias etnias, de obra que narra a Lei Maria da Penha para jovens de escolas no Ceará.

“A Lei Maria da Penha está em pleno vigor”. É com esta estrofe que se inicia o cordel, de mesmo nome, criado pelo poeta e músico, Tião Simpatia. Declamada em seis minutos com muito ritmo, a mensagem conscientiza crianças e jovens sobre os direitos das mulheres e já chegou a mais de 70 escolas do Ceará.

Criado em 2009, os versos foram escritos em uma linguagem simples ao mesmo tempo em que detalham os direitos garantidos pela Lei, no contexto da violência doméstica. Para cada tipo de violência (física, psicológica, patrimonial, sexual e moral), existem estrofes de apresentação e uma explicação do que configuram tais tipos de crime.

“O processo de criação envolveu um estudo profundo da Lei. Não sou advogado, sou poeta popular. Tive que levar a métrica, a rima e a oração sem prejudicar o texto original”, explica Tião Simpatia, acrescentando que teve ajuda da própria Maria da Penha para ajustar os versos.

A iniciativa surgiu quando Tião, que sempre trabalhou com projetos sociais, conheceu o Instituto Maria da Penha e foi desafiado por ela, cuja história inspirou a lei, a transformar 46 artigos jurídicos em 33 estrofes de cordel.

Alfabetizado aos 15 anos de idade, ele conta que não teve acesso à educação e usou a literatura de cordel para desenvolver aprendizados importantes. Desde então, partiu para uma trajetória como poeta e músico, somando vinte quatro anos de estrada.

Repercussão

A obra foi traduzida para o inglês, espanhol, ganhou duas versões em braille e ainda levou Tião quatro vezes à África e uma à ONU. Em 2014, o músico começou a se articular com redes de ensino de Teresina para realizar pequenas apresentações e a repercussão superou as expectativas.

“Foi incrível como as crianças e adolescentes assimilaram o conteúdo. Inclusive, muitos decoraram o cordel”, conta, ressaltando que diversas crianças e adolescentes gravaram vídeos recitando a obra.

“A gente fica muito feliz, né? Porque realmente atingimos o ponto máximo que era fazer com que a obra chegasse a todos os públicos, de todas as classes e de todas as regiões”, comemora o cordelista.

Parceria com a Secretaria de Educação

Após a experiência bem-sucedida em Teresina, Tião e a equipe do Instituto Maria da Penha fizeram uma parceria com a Secretaria de Educação do Ceará para levar o projeto a escolas municipais e estaduais da região, a começar por Fortaleza. Em novembro de 2018, a iniciativa foi apresentada na primeira instituição de ensino e, desde então, já contemplou 70 escolas e 140 apresentações.

O professor de Ciências Humanas, Alexandre Rodrigues, relata que mesmo trabalhando o tema em sala de aula, a apresentação de Tião despertou o interesse da turma na Escola Estadual de Fortaleza. Para ele, iniciativas como essa são bem-vindas porque fazem um contraponto à violência, despertando a consciência crítica e o senso coletivo.

“Considero a experiência muito positiva porque os alunos se conectaram, sorriram e se informaram. Por ser uma atividade lúdica, fora da rotina da sala de aula, a iniciativa surpreende e ter um artista se apresentando trouxe um clima todo especial”, afirma o professor.

Tião acredita que a receptividade do projeto tem a ver com as próprias características do gênero literário. “O cordel é uma arte com uma linguagem próxima do nosso dia a dia e muito viva no Nordeste. O fato de fazermos a adaptação da Lei nesse estilo é, com certeza, um grande diferencial”, conclui.


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