Nota técnica "Educar na era da Inteligência Artifical: Caminhos para a BNCC Computação"

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18.08.2015
Tempo de leitura: 5 minutos

“Não compre um videogame, faça um. Não baixe um app, desenvolva o seu”

O Programaê é um projeto da Fundação Telefônica que parte do princípio da frase: "Não compre um videogame, faça um. Não baixe um app, desenvolva o seu".

“Não compre um videogame, faça um. Não baixe um app, desenvolva o seu”

Essa fala não é de nenhum presidente de uma grande empresa de tecnologia, de um entusiasta programador ou reitor de uma faculdade de tecnologia. Essa frase é do presidente Barack Obama. Nela, ele apoia uma iniciativa de ensinar programação para crianças de 6 a 10 anos nas escolas americanas. E por que iniciativas como essa estão se espalhando tanto?

Com o avanço da tecnologia em velocidade exponencial, fazendo com que streaming se torne cotidiano com Periscope, com que realidade aumentada possa ser acessível a qualquer um, com o reconhecimento de voz e imagem tão apurados, aprender a linguagem das máquinas é tão importante quanto dominar o alfabeto. Todos concordam que a ideia é interessante, mas que está longe de alcançar o consenso. Afinal, ensinar programação não é uma tarefa fácil. Vamos aos desafios.

O primeiro desafio, na minha opinião, é fazer todos se envolverem, meninas e meninos. Isso ainda não acontece por um erro de percepção. Para a maioria das pessoas, programação não é considerada uma habilidade, mas um plano de carreira para o qual se é bom e vale a pena ou então é perda de tempo. Tecnologia e programação são vistas como fim e não como meio. Aprendê-las é tornar-se mais independente, produtivo e criativo – todas habilidades importantíssimas para a geração de “problem solvers” que os próximos anos precisarão. Esses saberão ao menos como as coisas funcionam e compreenderão a gravidade ou complexidade das situações inéditas que a humanidade enfrentará.

Outro desafio que muitos já me apresentaram é como não assustar a criançada e fazer tudo parecer brincadeira. Esse é um dos mais batidos e está muito mais presente no discurso de quem nunca tentou ensinar nativos digitais. Eles realmente já nasceram imersos nessa realidade. A galerinha com menos de 11 anos não sabe o que é não estar 100% conectado 24/7.

Além disso, hoje podemos contar com ajuda de softwares que tornam lúdica a experiência de aprender. O Scratch, desenvolvido pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), o Kodu, da Microsoft e o MIT AppInventor são alguns dos programas exemplos para tornar a missão de começar a “codar” ainda mais divertida. Inclusive, estou coordenando uma competição (maratonadeaplicativos.com.br) para jovens do Ensino Médio que consiste no desenvolvimento de aplicativos para celulares ou tablets com a utilização desta plataforma desenvolvida pelo MIT (App Inventor). Para apoiar os estudantes com conhecimento necessário para o desenvolvimento dos aplicativos, criamos materiais de estudo que auxiliam os alunos a idealizar, desenvolver, testar o app e cadastrá-lo nas lojas de aplicativos. Eles aprendem a programar em apenas três horas!

Um dos acadêmicos mais famosos do assunto, Mitchel Resnick, coordenador do Lifelong Kindergarten, grupo de pesquisas do Media Lab do MIT voltado para o uso da tecnologia por crianças diz: ”Todos deveriam aprender a programar, porque essa habilidade aprimora a capacidade de aprender”. Ou seja, não existe certo e errado, qualquer experiência nesse sentido vai tornar a próxima ainda mais rica, independente se deu certo ou errado.

O último desafio e mais complexo é baratear a implementação de formação literária digital. Afinal, esse processo pode ser bastante facilitado com computadores e internet que, apesar de estarem com preços mais acessíveis nos últimos anos, ainda não são uma realidade para o Brasil remoto.

Organizações de vários países estão trabalhando para a popularização das aulas de programação no ensino básico. A ONG code.org, nascida nos Estados Unidos e, hoje, referência no assunto, recebeu o apoio de executivos como Bill Gates, da Microsoft, e Mark Zuckerberg, do Facebook, além de diversas celebridades como o ator Ashton Kutcher, a cantora Shakira e o rapper Will.I.Am. Para ajudar na missão, o Code.org oferece gratuitamente material didático e um espaço de discussão onde qualquer pessoa interessada no assunto podem tirar dúvidas e compartilhar experiências. Mas precisamos lembrar que dominar o inglês não é realidade no Brasil, muito menos para a galerinha de pouca idade. E é aí que entra uma iniciativa incrível chamada Programaê!, movimento que quer aproximar a programação do cotidiano de jovens de todo o Brasil e que, por isso, traduziu a maior parte do material da code.org, o maior parceiro do projeto!

E se eu não tiver internet? Nem computadores ou tablets? Nem muito conhecimento? Será que ainda é possível? Yes, we can (não podia usar outra frase em um post que já começou com Obama!). Com interesse, tem muito material na internet e um montão de ferramenta para te ajudar nessa missão. Acho que o principal segredo é se colocar como um facilitador da experiência e não como um expert que vai responder todas as perguntas. Espero conseguir cumprir essa missão também aqui nesta editoria.

Abraços,
Cami


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