Nota técnica "Educar na era da Inteligência Artifical: Caminhos para a BNCC Computação"

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18.01.2018
Tempo de leitura: 4 minutos

ONG incentiva a escrita com loja de piratas

Combinando loja de piratas e mundos imaginários, ONG 826 Valencia incentiva jovens a escrevem seus próprios livros.

Duas crianças da ONG 826 Valencia se vestem de piratas, com chapeis e tapa-olhos.

826 Valencia incentiva jovens vulneráveis norte-americanos a se expressar por meio da criação de livros

A luz amarela ilumina mastros de navios, baús de madeira e lunetas. Se um pirata do século XVII entrasse hoje na ONG 826 Valencia, em São Francisco (EUA), não se sentiria deslocado. O que talvez o surpreendesse fossem os livros. Com capas coloridas, eles foram escritos por crianças e adolescentes que encontraram naquele ambiente lúdico da organização um refúgio para sua imaginação, onde podem reescrever e dar um novo sentido para suas histórias de vida.

Em 2002, a educadora Nínive Calegari e o escritor Dave Eggers abriram a organização internacional 826 Valencia. O plano era simples, mas também audacioso: olhar para população vulnerável dentro da área da baia da cidade californiana – em especial crianças imigrantes, com dificuldade de adotar o inglês como segunda língua – e prover um espaço de reforço escolar. A ferramenta utilizada seria a escrita: desenvolvendo capacidades criativas e linguísticas, a leitura seria não somente um hábito, como também um meio de expressão de suas próprias narrativas.

Um adulto e uma criança brincam com bonecos de RPG sob a luz de uma lanterna.

O que começou pequeno hoje vai para espaços diferentes da cidade. As sete unidades nos Estados Unidos têm premissas diversas: além de uma loja para piratas, há também uma sede de criações de mundos imaginários. Em entrevista para o The San Francisco Interview, o criador relata: “No começo, oferecíamos contraturno escolar e reforço. Os voluntários esperavam as crianças e as ajudavam nas matérias em que elas tinham dificuldades. Foi só depois que percebemos o potencial literário e que poderíamos publicar o que as crianças escrevem”.

Para trabalhar com a juventude, a 826 Valencia atua em quatro frentes: uma tutoria individual, na qual o voluntário atende as necessidades de apenas uma criança por vez; encontros com os pais, os bairros e os espaços educativos, para dar apoio e criar oportunidades alinhadas ao que já acontece nesses espaços; publicação dos livros escritos pelos alunos, materializando seus projetos; e o próprios centros em si, que fornecem lugares de convivência e descoberta.

Um dia comum no principal centro geralmente começa por volta das 10h da manhã. Crianças se divertem na loja de pirata e depois se desafiam a escrever um livro sobre um tema randômico, por exemplo como serão as pizzas no futuro. Após o almoço, os alunos que fazem parte do contraturno se reúnem com tutores para praticar redação. Aos fins de semana, as atividades continuam, com voluntários fazendo workshops de poemas. “Desde que minha filha entrou aqui, vejo que tem mais reponsabilidades com seus deveres de casa, mais autoestima e pró-atividade”, relata Raquel Bayordo, mãe de uma das estudantes.

No centro Terdeloin, com motivos de uma casa da árvore no interior, um dos alunos faz leitura do seu livro para as crianças em cima do palco.

A organização também se preocupa em acompanhar os jovens na transição para a vida adulta, dando apoio às suas escolhas de faculdade e carreira. Foi o caso de Carlos Gomez. Ele é um dos escritores da Mission Magazine, uma revista da 826 Valencia que publica artigos dos estudantes. Sempre gostou de escrever sobre imigração. “Eu tenho histórias que merecem ser lembradas. Escrever faz com que eu me sinta confiante sobre o que posso alcançar na minha vida”, conclui o jovem.

Em 2017, a organização completou 15 anos e 36 livros publicados. Ajudou mais de seis mil jovens a melhorar em até 91% sua capacidade de escrita, e 83% deles se consideram muito mais aptos em escrever dentro de espaços educativos.

Escola do Século XXIA história da 826 Valencia é uma das retratadas no livro Viagem à escola do século XXI, que traz 80 exemplos de ações transformadoras realizadas em escolas ao redor do mundo. Baixe a publicação!


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