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28.11.2019
Tempo de leitura: 5 minutos

Pensamento computacional em sala de aula: muito além da programação

Ainda relativamente nova no país, o pensamento computacional desenvolve competências técnicas e sociais e se encaixa em todas as áreas do conhecimento

Imagem mostra duas crianças em destaque interagindo com objetos coloridos de montar

Se a primeira imagem que te vem à cabeça ao ler “pensamento computacional” é um computador, saiba que o tema tem muito o que contribuir com o ensino em sala de aula. Muito mais do que ensino de programação ou uso de computadores, o pensamento computacional representa uma “competência essencial para todos os cidadãos do século XXI”, como bem definiu a pesquisadora estadunidense Jeannette Wing.

Difícil de definir em poucas palavras, o pensamento computacional se vale dos conceitos básicos da ciência da computação para solucionar problemas.  De grande aplicabilidade na sala de aula, essa abordagem ajuda a desenvolver competências como raciocínio lógico, capacidade de planejamento e trabalho em equipe. Na entrevista a seguir, Paulo Antonio Pasqual Junior, professor licenciado em computação e mestre em educação e autor do livro Reflexões Sobre a Educação do Século XXI: Pensamento Computacional e Tecnologias, a ser lançado em 2020, conta um pouco mais sobre este tema tão instigante e ainda relativamente novo no país.

Como podemos explicar o que é o pensamento computacional?

Há várias vertentes que trabalham o pensamento computacional e não podemos estabelecer apenas uma definição. Em linhas gerais, podemos afirmar que o pensamento computacional aplica as regras de soluções de problemas utilizados na área de Ciência da Computação para resolver outros problemas da vida diária, individual ou coletivamente.

Quais são os pilares que o orientam?

O pensamento computacional se apoia em quatro pilares: abstração (o sujeito lê o problema e identifica o que é importante e o que pode ser deixado de lado), decomposição (o aluno divide o problema em partes menores), reconhecimento de padrões (o aluno reconhece os padrões que já utilizou em problemas parecidos) e algoritmos (estabelecimento de um conjunto de passos para solucionar o problema).

Paulo Antonio Pasqual Junior,professor licenciado em computação e mestre em educação, usa o pensamento computacional em sala de aula

Paulo Antonio Pasqual Junior, professor licenciado em computação e mestre em educação

Como inserir o pensamento computacional na sala de aula?

Há inúmeras formas de trabalhar pensamento computacional com alunos da educação infantil ao Ensino Superior. Vou citar algumas. Na computação desplugada, a turma trabalha em conjunto para resolver problemas de forma dinâmica. Por exemplo: um aluno precisa chegar de uma ponta a outra da classe. A turma pode se reunir em grupo e estabelecer os comandos necessários para isso: quantos passos o aluno precisa dar, onde precisa virar, quanto tem que parar etc. Apenas nesse exercício, colocam em prática os quatro pilares que mencionei.

Pode dar mais exemplos?

A programação em blocos, inspirada nos brinquedos Lego, que permite construir estruturas simples ou complexas. Existem, inclusive, brinquedos que ajudam a trabalhar o pensamento computacional, como robôs em forma de bichos ou personagens de desenho animado. Eles podem contribuir até com a alfabetização, ajudando as crianças a escolher as letras certas para formar uma palavra, por exemplo. Aliás, importante lembrar que, no caso das crianças pequenas, tudo o que mais querem é brincar, então a atividade tem de ser lúdica.

O pensamento computacional se aplica apenas ao ensino de exatas?

O pensamento computacional se encaixa em todas as áreas do conhecimento e permite aos professores se aproximarem mais dos estudantes Nas humanidades, auxilia a planejar e construir narrativas, por exemplo. Em matemática, permite materializar diversos conceitos, o que facilita o aprendizado.  O estudante que desenvolver habilidades de planejamento e resolução de problemas tem muito a ganhar na vida escolar, no trabalho e até na vida social.

“O pensamento computacional se encaixa em todas as áreas do conhecimento e permite aos professores se aproximarem mais dos estudantes.”

E onde os professores podem aprender mais sobre o pensamento computacional?

O pensamento computacional é um tema recente no Brasil. Para começar, quem entende inglês vai encontrar um material bem interessante na Code.org, que conta com um fórum de discussão e uma seção destinada aos educadores, com sugestões para cada nível. O Scratch, do Massachussets Institute of Technology, é a plataforma de programação em blocos mais famosa do mundo, e também conta com área para professores. No Brasil, também o site do CIEB – Centro de Educação para a Inovação Brasileira traz muito conteúdo sobre pensamento computacional.

Quer saber mais sobre Pensamento Computacional?

O Programaê! é uma plataforma criada em parceria entre a Fundação Telefônica Vivo e a Fundação Lemann, que agrega cursos e conteúdos gratuitos de programação desenvolvidos por parceiros internacionais de renome, como Scratch e Code.org.

O movimento valoriza principalmente o uso do pensamento computacional em práticas pedagógicas que favorecem o protagonismo de professores, crianças e jovens. Além disso, proporciona uma aprendizagem significativa e alinhada com as competências da Base Nacional Comum Curricular e com a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, da Organização das Nações Unidas.

Acesse o site do Programaê! e conheça ferramentas inspiradoras e acessíveis para mergulhar no mundo dos códigos, pensamento computacional e planejar aulas mais conectadas com o mundo digital.


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