5 maneiras de usar a Inteligência Artificial na educação

Com os avanços contínuos da tecnologia, novas possibilidades surgem para aprimorar o processo de aprendizado, tornando-o mais eficaz, personalizado e acessível. O uso da inteligência artificial (IA) na educação desponta como uma dessas oportunidades promissoras.

De funções pedagógicas à administrativas, a IA pode ser usada para facilitar a gestão do dia a dia do professor, mas também como apoio para processos de ensino e aprendizagem.

Um exemplo é o projeto-piloto que vai contar com a inteligência artificial para testar a fluência em leitura de um grupo de estudantes do segundo ano do ensino fundamental da rede pública. A iniciativa é da Aliança pela Alfabetização, uma rede de ONGs que atua em 17 estados brasileiros e que tem como meta a alfabetização na idade correta até 2030.

Formas de usar a Inteligência Artificial na educação

Antes de tudo é preciso enfatizar a centralidade dos professores para uso crítico e responsável de ferramentas digitais como recurso pedagógico. É o que defende o sociólogo e professor Carlos Eduardo Lima Braga, que é coordenador de inovação da Inicie, um ecossistema de inovação que oferece soluções de educação e tecnologia para instituições de ensino.

Com o uso do IA, o professor encontrou maneiras de aprimorar atividades que já faziam parte da sua rotina e de seus estudantes. Aliar produtividade e qualidade de ensino, bem como a personalização dos processos foram os fatores que o motivaram a incorporar esse recurso em sua prática pedagógica.

Com a ajuda do especialista, listamos 5 maneiras de fazer uso da inteligência artificial na educação, em prol de professores e estudantes. Confira!

1. Processos burocráticos em menos tempo

Planejamentos pedagógicos, diários de sala e controle de presença são atividades que ocupam bastante tempo na rotina dos educadores. Contudo, a inteligência artificial pode servir como uma assistente, dedicada unicamente às burocracias.

“Com o uso da IA, o professor e a professora ganham tempo para focar no que realmente importa: a relação com seus estudantes. Assim, dentro dessa relação se constrói confiança, se constroem habilidades socioemocionais, dentre outras coisas”, afirma Carlos Braga.

2. Elaboração de simulados e avaliações

A partir de uma base de dados consistente é possível solicitar à IA que desenvolva avaliações objetivas ou dissertativas sobre qualquer assunto. Dessa maneira, as avaliações podem ser formuladas para testar diferentes habilidades e conhecimentos, inclusive o matemático.

O ChatGPT, da OpenIA, é uma das IAs mais conhecidas e acessíveis para educadores. Com ele, é possível não só preparar provas como também revisar e corrigir respostas técnicas.

Braga, por exemplo, usou a ferramenta para criar um assistente on-line de simulados do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Com ele, seus alunos podem estudar e receber feedbacks personalizados sobre o desempenho no exame.

No entanto, é preciso que professores ampliem as estratégias de avaliação para que seja possível compreender capacidades diversas, mais subjetivas e particulares de cada aluno.

3 – Superação de dificuldades de aprendizagem

Algoritmos de IA estão cada vez mais sofisticados e podem ser utilizados para acompanhar o desempenho dos estudantes em diversas disciplinas. Com a análise de padrões comportamentais, podem identificar antecipadamente possíveis obstáculos de aprendizagem.

Em artigo escrito para o Jornal do Commercio (JC), a analista de educação Mirella Araújo defende que essa função da IA auxilia professores e pais na solução rápida de problemas e no apoio individualizado, evitando que as dificuldades de aprendizagem se agravem ao longo do tempo.

4. Planos de aulas rápidos e assertivos

A inteligência artificial pode ser uma ferramenta valiosa na criação de planos de aula inovadores. A experiência de Carlos Braga é um dos exemplos de como isso pode ser feito. O professor programou um bot para agir como especialista na obra de Paulo Freire. Com uma série de livros do autor usados como base de dados, a ferramenta se tornou capaz de criar trilhas formativas para seus estudantes.

“Todo conteúdo desse autor é de domínio público, está no site do Instituto Paulo Freire e pode ser baixado gratuitamente”, diz Braga, enfatizando a importância do uso crítico da ferramenta. Isso porque quanto mais específico o resultado esperado, mais detalhado deve ser o prompt, ou seja, o comando dado à ferramenta. É com base nele – e nas correções aplicadas – que a IA se molda para oferecer o resultado esperado.

5. Dados processados

Para melhor uso da inteligência artificial na educação é fundamental que ela parte de uma boa base de dados, que varia de acordo com o objetivo dos educadores. Alguns exemplos de dados que podem ser utilizados são registros disciplinares, provas como ENEM e vestibulares, simulados e histórico de notas.

E a vantagem é que a IA agrupa e escaneia qualquer base de dados, independente de seu tamanho, com agilidade e precisão. “Com a ajuda da inteligência artificial, eu consigo processar dados de uma planilha de alunos dos últimos 10 anos de uma escola, reconhecendo, por exemplo, quais matérias tiveram maior avanço e declínio na proficiência dos alunos”, explica o especialista da Inicie. Dessa forma, a possibilidade de erros na interpretação é reduzida e as análises se tornam mais rápidas e assertivas.