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Escrito por Bob Wollheim e Dony De Nuccio, livro traça as etapas do futuro empreendedor. Confira a entrevista.

O número é alto: 76% dos brasileiros têm vontade de se tornar um grande empreendedor e alcançar a autonomia profissional, aponta uma pesquisa da Endeavor Brasil, organização de apoio a empreendedores de alto impacto, realizada em 2013. Com o atual cenário de crise econômica, os chamados “empreendedores por necessidade” – aqueles que não almejam sonhos tão intensos, mas também buscam por sua independência ou complemento do salário –, têm encontrado no negócio próprio um caminho alternativo.

Para Bob Wollheim, autor do livro Nasce um Empreendedor, escrito em parceria com o jornalista Dony De Nuccio, vale destacar: independentemente do motivo pelo qual a pessoa queira se tornar um empreendedor, seja por necessidade ou por oportunidade, é importante manter os “pés no chão”. “O empreendedor precisa entender que essa ‘viagem’, que é empreender, é incrível, mas difícil e cruel. Envolve família, vida pessoal, mudanças… Além disso, não é um emprego do qual você pode sair e arrumar outro [igual]”, afirma.

Apesar das ponderações, necessárias para quem pretende investir na área, Bob e Dony escreveram uma obra leve e repleta de otimismo, disponível nas livrarias a partir do dia 20 de abril. Nasce um Empreendedor (Editora Companhia das Letras, R$ 39,90 a versão física e R$ 27,90 o e-book) reúne conselhos, atitudes e reflexões sobre os passos de uma jornada empreendedora. “Mesmo nos momentos difíceis e caóticos”, dizem os autores, “empreender é uma delícia”.

“Empreender é tentar, aprender, fazer… e, sobretudo, tentar de novo”, ensinam. Confira a entrevista com Bob Wollheim sobre o processo do livro e os desafios de assumir a tão desejada autonomia profissional.

Quando e como surgiu o projeto do livro? Como foi a parceria entre você e o Dony De Nuccio?

Bob Wollheim: A parceria surgiu em função do programa Conta Corrente, no qual o Dony era âncora [mediador do telejornal] e eu, comentarista de empreendedorismo. Percebemos que tudo o que fazíamos lá era incrível. Entretanto, o formato de televisão é muito curto e rápido, então quisemos explorar algo que fosse além e tivesse mais conteúdo. A ideia era atingir não só os que já são empreendedores, mas, principalmente, os que querem se tornar, que é a imensa maioria. Para esses candidatos, faltavam coisas mais completas, mais ‘pé no chão’… Existem muitos livros no estilo autoajuda, ilusórios até, algo que eu chamo de Hey Ho Let’s Go em um de meus artigos sobre o assunto.

De que forma a sua trajetória pessoal, como empreendedor, contribuiu para o conteúdo do livro?

Bob Wollheim: Em grande parte da minha carreira, venho coletando e organizando conteúdos, prêmios e iniciativas de apoio ao empreendedorismo. Sou voluntário da Endeavor Brasil e participo de muitos debates e eventos. Acredito que as grandes lições e o contato com os empreendedores e futuros empreendedores, suas dúvidas e medos, se somaram e foram fundamentais na hora de produzir o conteúdo para o livro. Além da experiência, minha e do Dony, o nosso conhecimento foi muito importante para essa construção.

O livro trata ou contradiz a questão do “empreendedorismo de palco”, que você tratou recentemente em artigo para o Projeto Draft?

Bob Wollheim: O empreendedorismo de palco trata de motivar as pessoas. Não tentamos fazer um contraponto, pois motivação é fundamental, mas buscamos uma complementariedade. Enquanto o empreendedorismo de palco foca na motivação e na autoajuda – e nem por isso deve ser visto como negativo, pois faz parte do processo –, nós fizemos uma espécie de manual para quem tem vontade de entrar nessa área, para analisar e conhecer melhor todos os lados do que é ser um empreendedor.

O que o leitor-empreendedor não pode perder de vista nessa leitura?

Bob Wollheim: Fizemos uma linha do tempo e envolvemos todas as etapas que fazem parte da criação um negócio, como o nome da empresa, a marca, a busca de capital, a questão digital, entre outras. É um livro que se propõe a ser um guia de consulta, mas isso não significa que ele precisa ser lido nessa ordem. Uma dica que dou ao leitor: olhe o índice, veja quais são os itens listados e em qual assunto você sente mais deficiência. A partir disso, faça uma leitura de consulta. Nasce um Empreendedor é feito para quem quer navegar do começo ao fim e tem vontade de aprender.

Grande parte da literatura de referência para o empreendedor brasileiro é estrangeira. O seu livro tem alguma coisa a ver com essa demanda? Como ele vem acrescentar algo a este cenário?

Bob Wollheim: Realmente, aliás, grande parte dessa literatura é baseada em histórias de sucesso concentradas, por exemplo, no Vale do Silício (EUA), um ecossistema muito diverso de qualquer outro lugar no mundo, não apenas do Brasil. Este é um ponto de vista muito importante, pois você acaba encontrando empreendedores que acreditam em um único modelo, muito escalável, global, baseando-se em histórias de pessoas como o Mark Zuckerberg. Não somos contra, claro, mas tivemos o cuidado de mostrar uma realidade mais brasileira, consistente em relação ao que encontramos aqui.