Notícias

03.09.2019
Tempo de leitura: 6 minutos

Computador ou cérebro humano: quem leva a melhor?

Assim como outras tantas ferramentas criadas pelo homem, o computador ajuda a melhorar o desempenho humano em muitas tarefas

Na imagem, o rosto de uma jovem se funde com elementos do mundo digital para ilustrar pauta sobre como o cérebro humano e o computador de complementam.

A inteligência artificial é cada vez mais parte do dia a dia. Sistemas inteligentes nos ajudam a programar o itinerário ao sair de casa, algoritmos especializados indicam filmes e músicas com base em nossos interesses, assistentes virtuais organizam nossa agenda seguindo simples comandos de voz, aplicativos de saúde controlam nossa pressão e carros autônomos já são realidade e independem do cérebro humano.

Do jeito que a ciência avança, uma pergunta fica: será que um dia a máquina vai nos deixar para trás ou isso é papo de ficção científica? Para responder é preciso entender um pouco sobre a mais complexa máquina existente, o nosso cérebro.

Mesmo com toda a ciência ao nosso lado, ainda conhecemos apenas uma parte de como ele funciona. Os processos que envolvem a criatividade, as emoções e a própria consciência ainda não foram completamente desvendados. E são justamente esses itens que serão mais exigidos no mercado de trabalho do futuro.

85 bilhões em ação

Grande parte de nossas habilidades cognitivas são explicadas pelos cerca de 85 bilhões de neurônios em nosso cérebro, sendo 16 bilhões presentes só na região do córtex cerebral, responsável por funções como consciência, memória, linguagem e raciocínio lógico e abstrato. Cada um dos nossos neurônios é capaz de formar milhares de conexões com outros. Por aí já é possível perceber a nossa vantagem, não é mesmo?

No vídeo abaixo, a neurocientista brasileira Suzana Herculano fala sobre as especificidades do cérebro humano que fazem com que a gente se destaque de outros animais.

Em 1969, Gilberto Gil já anunciava, em Cérebro Eletrônico, algumas particularidades dos humanos. O computador, por outro lado, aumenta a capacidade humana de realizar uma série de tarefas na medida em que consegue armazenar muitas informações e buscar dados com rapidez impressionante, processando milhões de informações ao mesmo tempo.

Por isso, mais que uma competição entre o cérebro humano e as máquinas, o melhor é entender os dois como complementares. Quem explica é a professora do Instituto de Computação da Unicamp, Esther Luna Colombini, que também é diretora de Competições Científicas da Sociedade Brasileira de Computação e pesquisadora nas áreas de sistemas autônomos, aprendizado de máquina e robótica móvel.

“A história da evolução da humanidade é permeada de ferramentas criadas pelo homem para melhorar seu desempenho. Inventamos o carro, por exemplo, não porque a gente não podia se locomover, mas para chegar mais rápido e percorrer longas distâncias. Essa ideia de complementariedade é mais interessante do que uma visão pessimista de que vamos ser substituídos por máquinas”, afirma Esther Colombini.

Seguindo essa mesma lógica de complementariedade, o conceito de pensamento computacional – usar os fundamentos da computação para identificar e resolver problemas – ganha cada vez mais força, e passou a ser valorizado como uma das competências da educação no século XXI.

No infográfico abaixo, você confere as principais diferenças e convergências entre o cérebro humano e o eletrônico e entende como eles se complementam:

A imagem mostra um cérebro humano dividido, metade em roxo, representando as habilidades humanas e metade azul representando as habilidades do computador. Em azul estão os seguintes termos, em ordem. Velocidade: o computador leva milissegundos para processar uma informação. Cálculos apurados: o maior computador do mundo tem capacidade de processar 100 mil filmes em HD por segundo. Memória: um computador é mais eficiente em reter informações. Em roxo, estão os seguintes termos, em ordem. Paralelismo: nosso cérebro analisa situações desconhecidas e reage a isso; Abstração: temos a capacidade de imaginar situações, mesmo sem vivenciá-las; Planejamento estratégico: os humanos são melhores em analisar situações que misturam lógica e emoções; Criatividade, emoções e empatia: somente nós somos capazes de traduzir emoções em outras linguagens, por exemplo; Movimentos motores complexos: os humanos sempre foram melhores, mas as máquinas devem nos superar nisso no futuro.

Paralelismo
Apesar de mais veloz, o computador realiza apenas tarefas para o qual foi programado. Já nosso cérebro analisa situações novas e desconhecidas e reage a isso, além de fazer conexões com nossas experiências passadas, reconhece padrões complexos e se adapta. “Nós sabemos extrair qualitativamente de nossa mente uma informação que queremos”, explica Esther Colombini.

Abstração
Imagine uma maçã no deserto. Certamente você conseguiu, mesmo sem nunca ter visitado um deserto. Mas o computador não consegue fazer esse simples exercício. “Mesmo se ele conhecer uma maçã e um deserto separadamente, ele não consegue fazer o exercício de imaginar as duas coisas juntas”, explica Esther Luna Colombini.

Planejamento estratégico
Organizar, prever, criar cenários e decidir. Os computadores são melhores do que os humanos em tomar decisões racionais, no entanto um planejamento estratégico é alcançado com a interação entre lógica e emoção. Assim, atividades como o empreendedorismo, com visão detalhada de cenário futuro e planejamento, estão além do que os computadores podem fazer agora.

Criatividade, emoções, empatia
Por melhor que fique a Inteligência Artificial, ela ainda não é capaz de criar nada parecido com os quadros de Frida Kahlo, as músicas de Bach ou escrever e combinar palavras de forma tão incrível quanto Guimarães Rosa. Tampouco derramam lágrimas assistindo a filmes ou gargalham ouvindo histórias de amigos. Essas são capacidades exclusivamente humanas e devem permanecer assim por muito tempo.

Movimentos motores complexos
Dirigir, andar de bicicleta, caminhar, correr, dançar. Movimentos tão complexos como esses, que envolvem a combinação de diferentes músculos, eram vantagens dos humanos em relação às máquinas, que só realizavam movimentos repetitivos e rotineiros na indústria, por exemplo. Contudo, os robôs estão se tornando cada vez mais competentes. Chutam bola, dançam, acenam e até imitam movimentos da língua.

Velocidade
Enquanto nosso cérebro leva alguns milissegundos para processar uma informação, o computador leva menos do que um nanosegundo. Segundo Esther Luna, essa diferença pode ser explicada pela própria composição do material. “Um processador feito de silício, com semicondutores e componentes eletrônicos tem resposta mais rápida do que a que é resultado de composições físico-químicas”.

Cálculos apurados
Não tem para ninguém! Os computadores realizam cálculos em ritmo impressionante. Recentemente, os Estados Unidos anunciaram a construção do Frontier, o computador mais rápido do mundo, com capacidade de processamento de 1,5 exaflop e uma largura de banda 24 milhões de vezes maior do que a conexão doméstica de internet. Para se ter  uma ideia, isso significa uma capacidade de processar 100 mil filmes em HD por segundo. Tamanha velocidade só é possível com muito espaço e energia: o Frontier vai ocupar uma área de aproximadamente 680 m² e utilizar cerca de 144 km de cabeamento.

Memória
Um PC comum tem capacidade de 1 TB (Terabyte) de armazenamento no disco rígido. Já nosso cérebro, segundo estimativa do Instituto Salk para Estudos Biológicos, nos EUA, teria capacidade para armazenar até 1 petabyte de dados (1.024 TB). Com essa capacidade, toda a informação presente hoje na internet caberia na cabeça de qualquer adulto. Mas é claro que não usamos toda essa capacidade. Retemos algumas informações e outras tantas a gente delega aos nossos amigos computadores e smartphones. É como se eles fossem, de alguma forma, uma extensão do nosso cérebro. Viva o trabalho em equipe!


Outras Notícias

Tecnologia em sala de aula: conheça histórias inspiradoras de quatro professores da rede pública

28/05/2025

Tecnologia em sala de aula: conheça histórias inspiradoras de quatro professores da rede pública

Docentes dos estados do Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais e Pará contam como incorporaram ferramentas digitais para tornar os conteúdos educacionais mais atrativos, interativos e dinâmicos

Fundação Telefônica Vivo e MEC: parceria estratégica fortalece formação docente continuada no uso pedagógico das tecnologias digitais 

22/05/2025

Fundação Telefônica Vivo e MEC: parceria estratégica fortalece formação docente continuada no uso pedagógico das tecnologias digitais 

O AVAMEC, plataforma de aprendizado contínuo do Ministério da Educação (MEC), agregou no seu portfólio 24 cursos da Fundação Telefônica Vivo focados no desenvolvimento de competências digitais para docentes e gestores

Piauí investe em Inteligência Artificial (IA) na educação pública e colhe bons resultados

15/05/2025

Piauí investe em Inteligência Artificial (IA) na educação pública e colhe bons resultados

Com aulas de IA, estudantes criam soluções reais para suas comunidades e se destacam em competições nacionais e internacionais

Pesquisa aponta que apenas 44% das redes estaduais de educação têm disciplinas que abordam cultura e cidadania digital

14/05/2025

Pesquisa aponta que apenas 44% das redes estaduais de educação têm disciplinas que abordam cultura e cidadania digital

Relatório da Safernet mostra que é preciso ampliar oferta de aulas que promovam o uso seguro e consciente da tecnologia nas redes estaduais para atender a BNCC

Competências digitais: a importância do uso qualificado da tecnologia na prática pedagógica

07/05/2025

Competências digitais: a importância do uso qualificado da tecnologia na prática pedagógica

Mais do que a utilização de ferramentas, o desenvolvimento de competências digitais apoia a inserção dos docentes na cultura digital e melhora o processo de ensino e aprendizagem

Tecnologia e Educação: 9 tendências que estão transformando o ensino e aprendizagem

29/04/2025

Tecnologia e Educação: 9 tendências que estão transformando o ensino e aprendizagem

As novidades combinam personalização, aprendizado adaptativo, modelos híbridos e realidade virtual para engajar estudantes e prepará-los para o mundo cada vez mais digital