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14.04.2020
Tempo de leitura: 8 minutos

Educação a distância: como os educadores podem trabalhar conteúdos com os alunos

Descubra como transportar conteúdos de qualidade para o ambiente digital e conheça algumas ferramentas que são excelentes apoios aos educadores nesse processo

Imagem mostra uma mulher sentada, manuseando um notebook

A Base Nacional Comum Curricular trouxe importante foco para a cultura digital, com a incorporação de tecnologias para guiar novas maneiras deensinar e aprender. Com isso, muitos professores estão tendo que se reinventar para trabalhar alguns conteúdos com os estudantes de forma online, na chamada educação digital ou ensino a distância.

Mas não basta gravar as aulas ou fazer vídeos no Youtube para se alcançar uma educação digital de qualidade. O ensino a distância traz grandes desafios para educadores e alunos: o primeiro deles é assimilar que, no mundo virtual, tempo e espaço são muito diferentes do que se configura nas escolas, com as salas de aula, e o sinal para demarcar os momentos de aprendizagem.

“A educação digital de qualidade garante mais autonomia ao professor e ao aluno, que passa a aprender no seu próprio ritmo”, avalia Paula Carolei, que trabalha com educação a distância desde 1993 e é professora e coordenadora do curso de graduação em Design Educacional da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Em virtude do Dia da Educação, comemorado em 28 de abril, a Fundação Telefônica Vivo está produzindo uma série de reportagens especiais que contarão como os recursos tecnológicos e a formação de educadores podem contribuir para elevar os índices educacionais nos países, alinhados as metas dentro da ODS 4. Dentre elas, está a meta 4.4, que até 2030, visa aumentar substancialmente o número de jovens e adultos que tenham habilidades relevantes, inclusive competências técnicas e profissionais, para emprego, trabalho decente e empreendedorismo.

Segundo a especialista, a apropriação dessa autonomia não vem de um dia para o outro. Leva tempo para se acostumar com a novidade e é preciso responsabilidade, além da definição conjunta de cronograma para estudos e atividades online e do acompanhamento de perto pelo professor.

“Distante fisicamente ou não, o bom professor atende a necessidade do seu aluno, organiza os tempos escolares e procura entender também os tempos individuais de cada estudante, prepara e diversifica tarefas e promove muitas interações, seja entre os membros de um grupo específico ou com objetos de estudo”, observa Rosângela Agnoletto, mestre em Educação e pesquisadora do Centro de Estudos Sociedade e Tecnologia, da Universidade de São Paulo.

Planejamento é fundamental

As aulas de educação a distância podem ser feitas a partir de duas categorias principais: síncronas (quando professor e estudante fazem atividades simultaneamente) e assíncronas (quando emissor e receptor não precisam estar conectados ao mesmo tempo).

Dentro de cada categoria, há uma infinidade de recursos que podem ser utilizados, como videoconferência e videoaulas, fóruns e salas de bate-papo. Há também uma série de formatos, como construção de narrativas, execução de projetos de vida ou até jogos e gamificação.

Para o aprendizado ser melhor, especialistas recomendam diversificação de estratégias, combinando, inclusive, momentos offline com atividades mão na massa. O primeiro passo, no entanto, é o mesmo de qualquer atividade formal educativa: ter um bom planejamento.

A diferença é que a educação a distância exige um profundo grau de concretização, que passa pela familiaridade do professor com os recursos tecnológicos, como enfatiza a professora da Unifesp.

“É preciso produzir antes, escolher o material de apoio e testar. Dá mais trabalho planejar o ensino a distância do que o presencial, mas o bom é que tudo fica registrado, ajudando na reflexão sobre a prática”, afirma Paula, garantindo ser comum ouvir relatos de que as aulas presenciais melhoram quando o professor se apropria da educação digital.

Três elementos para ajudar no planejamento pedagógico a distância
A especialista Paula Carolei destaca três pontos importantes para ajudar o professor na hora do planejamento. Confira a seguir!
1. Recursos de apoio: livros, textos, vídeos, jogos, filmes e outras ferramentas que o professor oferecerá, a partir de uma boa curadoria, de apoio ao aluno;
2. Atividades: aquilo que o professor pede que o aluno faça a partir do recurso de apoio. “É comum confundir recursos e atividades. O vídeo ou texto não é atividade, e sim aquilo que você pede que o aluno faça a partir deles”, explica Paula;
3. Ação do professor. É o como o educador vai estruturar e propor tudo isso e de que maneira ele vai colher o retorno da atividade proposta.

“Em resumo, um bom planejamento começa por saber o que o educador quer que seu aluno aprenda, passa pela curadoria de recursos que serão utilizados e pela proposição de exercícios e atividades e, por fim, estabelece formas de acompanhar o desenrolar disso”, diz Paula Carolei.

Como medir a aprendizagem

Essa é uma dúvida recorrente entre os educadores. Afinal, se não estou vendo meu aluno, como vou ter certeza de que ele está, de fato, assimilando as atividades? Como sei que é ele mesmo que está fazendo e não outra pessoa? Sobre isso, a professora da Unifesp garante que quando a proposta pedagógica é bem elaborada, dificilmente há espaços para que os alunos não participem de todas as etapas de um processo investigativo, como descobrir, buscar e construir.

Engajamento é ponto de partida

Como a educação online e a distância passa pela autonomia dos estudantes, promover o engajamento torna-se um aspecto fundamental. Paula explica que isso passa por uma combinação de motivações como se sentir parte de um grupo, por exemplo, ou ser curioso em relação a descobertas.

“Mais do que entreter o estudante, é preciso desafiá-lo, tomando o cuidado para não o encher de atividades e para não despertar muita ansiedade. Lidar com aquilo que nos desafia ou traz um incomodo é também extremamente motivador. Trabalhar com projetos de vida, por exemplo, ajuda a lidar com situações, a ser resiliente e exercitar empatia”, afirma.

Atividades que envolvem a coletividade também podem e dever ser feitas, assim como aquelas que trabalham competências socio emocionais, como indica a pesquisadora Rosângela Agnoletto. “A aprendizagem significativa toca de alguma maneira o coração e organiza estruturas cerebrais para que os alunos avancem. Uma roda de discussões para que os alunos possam compartilhar o que estão sentindo pode ser um canal facilitador de entrada de novos conhecimentos”.

Dicas de ferramentas e plataformas

O compartilhamento de material e a formação de redes entre os educadores são também fundamentais para conseguir uma educação digital de qualidade, como defende Luciana Allan, diretora do Instituto Crescer e Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo, com especialização em tecnologias digitais.

“Ser um professor autor é uma competência importante para o século XXI. O registro da prática favorece o processo de autoria. Sistematizar aquilo que você fez e compartilhar com outros é uma contribuição para toda a sociedade”.

Em seu site pessoal, Luciana faz uma curadoria dos melhores recursos educacionais para os educadores. A pedido da Fundação Telefônica Vivo, ela separou as principais ferramentas para os educadores que estão começando agora o trabalho com educação digital e ensino a distância. Confira a seguir:

Ambientes Virtuais de Aprendizagem
Para organizar as diferentes turmas é essencial contar com os chamados LMS (Learning Management System), ou, em português, Ambientes Virtuais de Aprendizagem. Geralmente, eles são escolhidos não pelos professores, mas pela gestão escolar. Há várias opções, mas as mais populares são Moodle, Canvas e Blackboard.

Videoconferência
Uma ferramenta de videoconferência é fundamental para se aproximar dos alunos, esclarecer dúvidas, promover seminários e explicar alguns conceitos mais complexos, por exemplo, frações ou geometria. Algumas indicadas são Microsoft Teams e Google Hangout.

Objetos Digitais de Aprendizagem (ODA)
São vídeos, games, animações, videoaulas, infográficos, mapas e outros apoios importantes para que os professores criem seus conteúdos. Alguns dos mais indicados são Plataforma integrada MEC (recursos oferecidos pelo próprio Ministério da Educação), Padlet (permite criar quadro interativo e organizar outras estratégias) e Kahoot (permite a criação de games que podem ser jogados por vários alunos ao mesmo tempo).

A Plataforma Escola Digital, da Fundação Telefônica Vivo, disponibiliza mais de 30 mil objetos digitais de aprendizagem, segmentados por critérios como série, formatos e habilidades da Base Nacional Comum Curricular. Acesse e saiba mais!


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