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30.06.2020
Tempo de leitura: 6 minutos

5 aprendizados para a educação pós-pandemia

Muito se fala dos desafios que virão pela frente no mundo pós-pandemia, mas especialistas apontam também caminhos positivos que devem transformar a educação nos próximos anos. Confira!

Imagem mostra vários objetos como lápis, régua, pincel e giz dispostos em uma mesa

Os países que já reabriram suas escolas, como China e Nova Zelândia, tiveram o retorno dos alunos marcado por mudanças significativas. Horários alternados de entrada e saída, estações para higienização das mãos, medição de temperatura e o não compartilhamento de materiais escolares são algumas das medidas adotadas. Os exemplos internacionais mostram que há muitos desafios para a educação no pós-pandemia.

Especialmente no Brasil, onde desigualdades educacionais foram aprofundadas na pandemia. Mas apesar do ineditismo e da incerteza, especialistas apontam que algumas mudanças chegam para ficar e podem tornar o sistema educacional mais alinhado às necessidades de ensino e aprendizagem do século XXI.

“Eu estou conversando com pessoas do mundo inteiro, de líderes até pessoas que acabaram de integrar a comunidade educacional. O ponto comum é que agora temos a oportunidade de repensar a maneira como fazemos educação. Ninguém sabe como vai ser o amanhã, mas temos a chance de construir hoje um futuro melhor”, definiu Vikas Pota, que integra o grupo de lideres para a educação do Fórum Econômico Mundial.

O especialista participou do encontro online Políticas Educacionais: Transformações urgentes e possíveis legados, promovido recentemente pela organização Todos Pela Educação.

A seguir conheça cinco aprendizados durante a pandemia que devem seguir na educação:

Aprendizagem personalizada

A inserção de recursos digitais para uma aprendizagem mais significativa e personalizada estava apenas começando a ser implementada em escolas pelo Brasil. Com o fechamento repentino das escolas, educadores tiveram que transportar seus conteúdos para o ambiente virtual do dia para a noite.

Grande parte dos profissionais da educação está aprendendo na prática como tornar uma aula virtual efetiva e interessante. Os Objetos Digitais de Aprendizagem (ODAs) e os ambientes virtuais de aprendizagem viraram grandes aliados e devem continuar, mesmo com o retorno às aulas presenciais.

“É um caminho sem volta. Dizem que a gente se reinventa nos momentos mais desafiadores. Estamos aprendendo um jeito novo de se organizar e promover a educação”, defende Luciana Allan, diretora do Instituto Crescer  e Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo.

Segundo Luciana, esses espaços de diálogo virtual que estão sendo criados com os alunos, bem como interesse em aprender com recursos que deixam as aulas mais interativas e interessantes, vão continuar existindo como apoio ao ensino presencial.

Autonomia dos estudantes na aprendizagem

“Nós vamos ser pegos de surpresa pela quantidade de alunos que desenvolveu autonomia para aprender sozinho”, declarou a Diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais, Claudia Costin, durante encontro online da Bett Educar 2020.

Ela afirma que ouviu muitos relatos de pais e professores sobre como os estudantes estão aprendendo a ter disciplina para seguir com os estudos em casa e responsabilidade para apoiar os colegas e encarar os desafios diários que surgem nesse novo contexto.

A maior aproximação entre família e escola é também outra aposta, devido ao estreitamento de vínculos em prol da garantir da aprendizagem mesmo durante o isolamento social.

“Sabe aquele provérbio de que é preciso toda uma aldeia para criar uma criança? Pois eu nunca vi essa aldeia tão forte. As famílias estão percebendo como é importante um profissional como o professor e estão surgindo novas formas de ver a educação”, avaliou o consultor educacional das Nações Unidas e diretor da Fundação Santillana, Miguel Thompson, em live realizada pela Editora Moderna.

Maior atenção à saúde emocional

Pelo Facebook, a professora da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel) Tatiana Lebedeff fez um apelo que viralizou. “Como mãe, eu gostaria que as escolas refletissem com as crianças o que significou essa experiência para elas e para as famílias. Que falem sobre resiliência, enfrentamento de frustrações, sobre solidariedade. Temos que levar alguma lição do que estamos vivendo, temos que fortalecer nossas relações como sociedade”.

Em nota técnica, o Todos pela Educação destacou que além das consequências emocionais da quarentena, o momento atual também deverá trazer traumas de outras naturezas, consequência de crises econômicas e de saúde pública.

“A necessidade de atenção especial à saúde mental de alunos, professores, gestores e demais profissionais da escola têm sido elemento central de preocupação nas discussões sobre respostas educacionais à pandemia da Covid-19 (…) As escolas podem ter um papel crucial para intervenções de acolhimento emocional”, descreve o relatório, enfatizando também o desenvolvimento de competências socioemocionais para preparar a comunidade escolar para crises futuras.

Formação docente repensada

A formação docente já estava sendo repensada antes da pandemia com as Novas Diretrizes Curriculares. Segundo a socióloga  e consultora educacional Lourdes Atié, devemos sair dessa experiência sendo capazes de aumentar o protagonismo docente a partir da experiência vivida.

“A formação docente necessária parte das experiências concretas dos professores, questionando a própria prática por meio de ambientes colaborativos. Vivemos em um mundo digital, altamente conectado e constatamos que aprender extrapola espaços e tempos. Aprender a ensinar significa também aprender a se cuidar, conhecer seus limites e possibilidades”, escreveu ela em artigo do Grupo A Educação.

O encontro online Políticas Educacionais: Transformações urgentes e possíveis legados, promovido pelo Todos pela Educação, também enfatizou a importância desse ponto. “Precisamos entender a docência como a profissão mais relevante desse país e estruturar um pacto nacional em favor da carreira docente”, declarou Alexsandro Santos, diretor presidente da Escola do Parlamento Paulistano e coordenador do Curso de Pedagogia da Faculdade do Educador (FEDUC).

Maior cooperação nacional e internacional

A Base Nacional Comum Curricular já destacava o papel fundamental do regime de colaboração entre estados, municípios e governo federal para efetivar a implantação das mudanças curriculares. A boa notícia é que os desafios levantados pela pandemia aceleraram essa cooperação, com formação de redes de apoio e trocas de experiências e boas práticas.

Priscila Cruz, do Todos pela Educação, também durante a live realizada pela Editora Moderna, comenta que o contexto tem criado a necessidade de uma governança internacional de educação. “Esse ano tem que ser um divisor de águas para criar uma comunidade global da educação, já que todos precisaremos superar os efeitos da pandemia. Educação de qualidade é um compromisso de todos, então não faz sentido a gente não ter troca de experiências, protocolos, diretrizes e parâmetros compartilhados pelo mundo todo”.


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