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21.09.2016
Tempo de leitura: 5 minutos

A escola como cenário de aprendizagem

Especialistas debatem sobre como as novas tecnologias podem contribuir para construir a escola que queremos

Aliar as novas tecnologias de informação ao ambiente escolar e, desta forma, criar ambientes de aprendizagem mais condizentes com as demandas dos estudantes atualmente. Este foi o desafio discutido no painel Aprendendo com a Rede, parte da programação do Circuito R.I.A., evento desenvolvido pela Fundação Telefônica Vivo que teve mais uma edição realizada no dia 21 de setembro.

Para o professor de psicologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Luciano Meira, um dos convidados no painel, mais do que ensinar, a missão da escola é criar cenários de aprendizagem a partir da “escuta do jovem”. Neste sentido, ele menciona a importância da 2ª edição da Pesquisa Juventude Conectada, realizada pela Fundação Telefônica Vivo em todas as regiões do Brasil para saber o que jovens de 15 a 29 anos de idade pensam sobre comportamento, educação, ativismo e participação social e empreendedorismo. “Essa pesquisa faz pela escola o que a escola devia estar fazendo todo dia”, afirma.

A pesquisadora baiana e bacharel em Rádio e TV Tainan Piantavinha, que também esteve presente no painel, chegou a participar da Pesquisa Juventude Conectada e acredita que a pesquisa é interessante para agrupar diversos perfis da juventude e suas possibilidades de conexão e aprendizado. Ela conta que, quando estava no ensino médio, o seu colégio – no interior na Bahia – já tinha uma política que estimulava o uso de tecnologia, a partir do acesso dos alunos a computadores, mas isso não era suficiente. A seu ver, o uso de novas tecnologias em sala de aula depende também da iniciativa do professor. Portanto, para que sejam úteis, ela acredita que estas ferramentas devem ser aliadas ao estímulo por parte dos educadores.

Na mesma linha de raciocínio, o professor de psicologia Lucinado Meira apontou a necessidade de se investir mais na formação inovadora de professores e na construção de práticas didáticas que revolucionem a escola. “Acho que a gente precisa de mais liderança transformadora dentro da escola, eu gosto de pensar o professor como um empreendedor da sua sala. Eu não estou falando da escola como um empresa, um negócio, mas como um empreendimento. Eu acho que se tem um professor com uma liderança transformadora – às vezes precisa só um dentro da escola –, [basta] para fazer uma confusão, do bem, obviamente.  Esta confusão está em criar exemplos que outros professores possam usar e a gestão possa absorver, a partir de argumentos aí construídos, como algo que vai encantar mais as crianças e os jovens e captar seu imaginário.  Isso está dentro da missão da escola, e a gente não está cumprindo a nossa missão como educadores. A gente tem que saber disso”, afirmou.

Meira indicou, no entanto, que a “suposta” resistência da escola a mudanças quanto às suas práticas de aprendizado e à incorporação de uma cultura digital mais intensa não é causada pelo professor em si, mas pelo sistema, que não tem apresentado um caminho para este avanço. Em sua opinião, o que ocorre é que alguns professores são mais empreendedores que outros. “Você vai ver no interior da Paraíba, por exemplo, e tem sempre uma professora cujo time de alunos do fundamental II ganha a Olímpiada Brasileira de Matemática para aquela faixa de idade. [As pessoas] sempre ficam muito surpresas. Na verdade, não tem surpresa, é uma espécie de empreendimento que você está rodando e estes alunos são colaboradores no atingimento de metas”, conclui.

Redes sociais e novas tecnologias como aliados do aprendizado

No contexto das redes sociais, os famosos “memes” e até os populares “textões” que circulam diariamente pelo Facebook podem ser aliados do processo de aprendizagem, na opinião de Tainan Piantavinha. A seu ver, como os jovens já possuem o costume de escrever no Facebook, a escola poderia estimulá-los a postar redações ou textos mais reflexivos para incentivá-los a articular suas ideias e a prestar mais atenção na forma como se expressam no que diz respeito à gramática e ortografia, por exemplo.Tainan compartilhou ainda a sua experiência de utilizar memes educativos quando era estudante para se lembrar mais facilmente de conteúdos. Segundo ela, diversos continuam na memória de seu celular.

Por sua vez, o professor Luciano Meira pontuou que há muitas escolas no Brasil que já usam a tecnologia como aliada do aprendizado. Ele citou como exemplo a Escola Técnica Estadual Cícero Dias, no Recife (PE), onde os alunos já ganharam uma série de prêmios – inclusive internacionais – pela produção de animações e jogos. No espaço, os estudantes são preparados para atuar profissionalmente como roteiristas, designers e programadores de jogos eletrônicos e aplicativos.

Em sua opinião, existe nos espaços educativos a necessidade de mais engajamento e motivação intrínseca. Ele acredita que, para facilitar o processo de inclusão da tecnologia na aprendizagem, perguntas do tipo “como é que eu uso tecnologias digitais na escola?” poderiam ser substituídas por outras mais específicas e práticas. Por exemplo, “como é que eu uso o sistema de geolocalização dos smartphones e os mapas [que existem nestes dispositivos] para estudar geografia?”.


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