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Conheça iniciativa pioneira no Brasil que aumenta a vida útil de tecidos descartados, fortalecendo a produção sustentável na cadeia têxtil

Conheça iniciativa pioneira no Brasil que aumenta a vida útil de tecidos descartados, fortalecendo a produção sustentável na cadeia têxtil
Quem trabalha na indústria têxtil, seja em larga ou pequena escala, já se deparou, em algum momento, com a situação de se ver rodeado de tecidos e retalhos provenientes de erros de produção, sobras ou estoques antigos. Na falta de um melhor destino, os materiais sem utilidade acabam indo para o lixo e degradando o meio ambiente. Com um agravante: 70% desse material produzido no mundo são de fibras sintéticas que levam dezenas de anos para se decompor. Não por acaso, a indústria da moda é a segunda maior poluidora do planeta, perdendo apenas para a do petróleo.
A figurinista e cenógrafa Lu Bueno passou por um problema parecido há dois anos. Prestes a se mudar para um escritório menor, ela se deu conta que havia acumulado mais de meia tonelada de tecidos e sobras de figurino ao longo dos anos, boa parte em ótimo estado. Foi então que teve a ideia de propor a outros parceiros e amigos da área que trocassem materiais. “Era algo informal, mas depois de um tempo, começaram a aparecer pessoas querendo comprar estes tecidos e eu percebi que a questão das sobras não se restringia a um pequeno grupo e era um problema do mercado têxtil como um todo”, explica.
O caminho para transformar uma solução criativa em um modelo de negócio acabou surgindo naturalmente. E após um curso para empreendedores no SEBRAE, a figurinista criou o Banco de Tecidos em 2015.

Como funciona
Um sistema circular, onde pessoas podem comprar ou depositar suas sobras de tecidos em troca de créditos para pegar outros tecidos, aumentando assim a vida útil do material e evitando o desperdício.
Os espaços funcionam como um banco e loja ao mesmo tempo, onde a pessoa faz o depósito em quilos de tecidos e recebe 75% em crédito. O quilo do tecido, independentemente do tipo, tem o valor fixo de R$ 45,00, estipulado a partir de uma média do mercado.
“Se você cobrar caro por um tecido, limita o acesso e perde o conceito de sustentável. A ideia é circular o material, por isso estabelecemos um preço padrão, seja para quem quer um pedaço de seda, seja para quem quer um pedaço de algodão”, conta.
O modelo de negócio sustentável virou um sucesso e hoje conecta pequenos e microempreendedores a autônomos como costureiras, figurinistas ou profissionais da moda, impulsionando um ciclo que reflete em esferas sociais, econômicas e ambientais. Atualmente o Banco de Tecidos possui três lojas físicas (duas em São Paulo e uma em Florianópolis), 400 correntistas e 13 mil cadastrados no site, formando uma verdadeira comunidade.
Em constante expansão, a ideia agora é investir em um market place para que mais pessoas possam participar. “Enxergo esse primeiro um ano e meio do Banco como uma validação do negócio, tínhamos um problema e solucionamos. Agora é o momento de desenhar lojas mais estruturadas, investir no gerenciamento online e aumentar nossa rede”.

Além dos tecidos
A proposta do Banco de Tecidos e a escolha dos espaços para instalar as lojas físicas ultrapassaram o universo da venda e troca de materiais, tornando-se um local de encontro e intercâmbio de experiências. Em São Paulo, por exemplo, uma das lojas está localizada dentro do Lab Fashion um coworking de moda sustentável que oferece um ambiente de trabalho colaborativo e democrático, onde circulam estudantes de moda, costureiras e estilistas. No espaço é possível encontrar máquinas de costura industrial, estúdio fotográfico e tecidos espalhados por todos os cantos.
“Somos solucionadores de problema antes de ser um negócio. Estamos respondendo a uma necessidade do mercado e das próprias pessoas que nos procuram proativamente. Isso é encantador,” afirma a cenógrafa.
Mesmo não fazendo parte da premissa do Banco de Tecidos, a iniciativa está totalmente ligada à indústria da moda, mas busca por uma cadeia de consumo mais consciente. “Se tivesse aberto o Banco há anos atrás, talvez tivesse desistido, mas entendi que a quantidade de tecidos que guardava na minha casa fazia parte de uma cadeia muito maior e o que mercado da moda precisa de soluções”, explica Lu Bueno. “Percebi que, como nós, há um grande movimento mundial no contrafluxo do chamado fast fashion (padrão de produção e consumo no qual os produtos são fabricados, consumidos e descartados – rapidamente). Já tivemos outros mercados questionados, agora é a nossa vez”, conclui a figurinista.

 

Onde encontrar o Banco de Tecidos
São Paulo

LUPA

Rua Campo Grande, 504, V. Leopoldina / de 2ª a 6ª das 9:30 às 18h

bancodetecido@lupa.art.br

(11) 4371-3283

 

Lab Fashion

Dona Antônia de Queirós, 474 –  Consolação / de 3ª e 5ª das 13h às 18h

olinthofigurino@gmail.com

(11) 3467-1747 / (11) 96314-5796

 

Florianópolis

LONA Criativa

Rua Fulvio Aducci, 534 / de 3ª e 5ª das 10h às 18h

(48) 3364-9159

 

 

Banco de Tecidos reutiliza sobras de materiais e incentiva o consumo consciente
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