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Com inovação, dinamismo e diversão, a cultura maker promove um aprendizado mais prático e intenso

Três adolescentes estão sentados ao redor de mesa sobre a qual estão colocadas ferramentas usadas para atividades da cultura maker, como alicate e caixas de madeira.

Colocar a mão na massa e fazer e acontecer na prática é o principal objetivo da cultura maker, uma iniciativa que busca ensinar por meio de trabalhos manuais que integrem aprendizados teóricos a impactos reais na vida e no espaço escolar ou comunitário.

Para colocar a cultura maker em prática não é preciso contar com grandes laboratórios, cheios de ferramentas de última geração: com criatividade e planejamento é possível promover a cultura maker nas escolas.

Esta prática pedagógica é mais dinâmica do que meios tradicionais e traz benefícios importantes aos alunos. Estudos realizados por pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, mostram que estudantes que vivenciaram a aprendizagem mão na massa tiveram um desempenho 30% mais alto do que colegas de métodos convencionais.

É uma prática especialmente interessante para materializar ou experimentar ideias e conceitos ou para pesquisar como certas coisas funcionam. O mais importante é ter um plano concreto do que será ensinado no processo, uma vez que as metodologias precisam ser aplicadas dentro de uma proposta pedagógica e o planejamento (“por que fazer?”) é tão importante quanto a criação de um projeto (“como fazer?”).

“Faça você mesmo”

A origem da cultura maker se relaciona ao “do it yourself” (DIY, ou “faça você mesmo”, em tradução ao português) que foi estabelecido em um período de instabilidade econômica na Grã-Bretanha, após a 2ª Guerra Mundial, já nos anos 50. Como explicou, na Superinteressante, George McKay, professor de estudos culturais da Universidade de Salford (Inglaterra), o movimento começou na música.

“A música skiffle – uma espécie de mix de jazz popular/folk/blues fácil de tocar – foi um exemplo real dos primórdios da cultura musical do DIY, por causa dos instrumentos que as bandas tocavam. Eram todos feitos por eles mesmos usando materiais da vida doméstica diária. A tábua de lavar e alguns dedais foram usados para percussão, uma caixa grande de madeira fina e um cabo de vassoura faziam um contrabaixo”, disse o estudioso.

Desde os anos 2000, essa cultura tem sido retomada e envolve áreas que vão do vestuário à alimentação, da construção à educação. O objetivo é sempre o mesmo: usar os materiais disponíveis para construir, modificar, consertar e fazer diferentes objetos e projetos com as próprias mãos, sem recorrer à indústria. Com a tecnologia e o acesso à internet, as possibilidades de aderir à cultura maker aumentaram.

Como aplicar em sua escola ou em sala de aula

Laboratórios makers: Caso a sua escola ainda não tenha um laboratório, é possível montar um seguindo algumas dicas simples! Espaços onde os estudantes possam colocar a mão na massa são importantes para popularizar a cultura maker. O local precisa de poucos recursos: tesoura, chave de fenda, cola quente, fios e peças de computadores antigos que virariam sucata já possibilitam a prática e a fabricação de objetos. Além disso, o laboratório deve ser acessível a qualquer interessado.

Tutoriais: muitos vídeos na internet ensinam como construir objetos do zero, a partir de materiais recicláveis ou de fácil acesso. Alguns ensinam até a fazer um drone caseiro. Papelão, potes, tampinhas, fios, baterias, vale tudo! Use e abuse dos tutoriais para aprender novas formas de resolver problemas e ter inspirações para colocar a mão na massa com sua turma, como utilizar sucatas para montar um projeto de robótica com estudantes.

Tentativa e erro: Thomas Edison fez “cem tentativas erradas de fazer uma lâmpada” antes de chegar ao modelo ideal. Por isso, nem sempre a primeira tentativa será a perfeita. Com a cultura maker, fazer, errar e fazer de novo são partes importantes do processo de aprendizagem.

Quem faz

Barcos de isopor, aranhas elétricas feitas com papel de jornal e carrinhos de PVC movidos a sensores são algumas das criações dos alunos da professora Débora Garofalo, que desenvolvem um projeto de robótica utilizando o lixo acumulado em locais como um córrego às margens da escola.

“A escola em que trabalho, a EMEF Almirante Ary Parreiras fica numa comunidade no Jabaquara, zona sul de São Paulo, e sofre com a falta de saneamento básico e recursos. Temos um córrego próximo, e as crianças relatavam, nos dias de chuva, a dificuldade com as casas alagadas e as matérias acumulados”, conta Débora. “Nasceu daí a vontade de promover uma diferença na vida dessas crianças”.

No final de 2018, a educadora ficou entre os finalistas do Global Teacher Prize, considerado o Nobel da Educação.

Já a Escola Municipal Manoel Domingos de Melo, no município de Vitória de Santo Antão (PE) construiu um carrinho para atividades de criação que circula pelo espaço, envolvendo mais estudantes do que na antiga sala de materiais, que dificultava o acesso às ferramentas.

Coordenadora da escola, Jéssica Soatman afirma que as aulas ganharam motivação extra. “Na cultura maker os alunos encontram as portas abertas para expandir o conhecimento para outras áreas e, por meio de práticas que os colocam em contato com a criação e prototipação, eles podem resolver problemas e formar um novo sentido para os conceitos educativos trabalhados”, finaliza.

Cultura Maker: como os estudantes podem aprender com a mão na massa
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