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13.09.2019
Tempo de leitura: 6 minutos

Em expansão, movimento Data for Good usa dados para melhorar o impacto social

Iniciativa que articula terceiro setor, empresas privadas, gestores públicos e pesquisadores espera avançar no compartilhamento e análise de dados para tomada de decisões

Usar os dados para o bem. Essa frase sintetiza o conceito e as intenções do movimento Data for Good, co-liderado no Brasil pela Fundação Telefônica Vivo e o Social Good Brasil (SGB). Contando com o apoio de parceiros como Instituto Humanize e o GIFE (Grupo de Institutos e Fundações Empresariais), o movimento convoca terceiro setor, empresas privadas, gestores públicos e pesquisadores a se apropriarem de dados disponíveis e usá-los, de forma ética e responsável, para causar impacto social.

Em um mundo mergulhado na cultura digital e com a difusão de recursos tecnológicos como inteligência artificial e análise de big data, o uso de dados para tomada de decisões ganha cada vez mais relevância.  A aplicação dessas informações pode se traduzir em melhora da qualidade de vida de grandes cidades, em inclusão financeira e promoção da equidade social, na melhora da segurança pública e na busca por medidas com menor impacto ambiental.

“Os dados podem trazer respostas que nos tiram da obviedade. Em vez de tomarmos a decisão para projetos de acordo com aquilo que a gente acha que vai causar impacto, os dados apontam a melhor solução com maior precisão”, disse Americo Mattar, diretor-presidente da Fundação Telefônica Vivo, em evento realizado em março no Vivo Digital Labs, que discutiu o uso de dados para aumentar o impacto positivo.

Buscando o crescimento do movimento no Brasil, a Fundação Telefônica Vivo mantém um trabalho de articulação com diversos atores do campo social e empresarial, o que envolve manter um comitê estratégico para definição dos próximos passos, até a difusão do conceito de Data for Good, o que já está se concretizando por meio de formações e imersões para investidores sociais e gestores públicos, apoiadas pelo Social Good Brasil e demais parceiros.

Outras iniciativas envolvem promover pequenos eventos estratégicos para inspirar o ecossistema de inovação social, reunindo formadores de opinião, líderes de empresas, institutos e fundações. Além de apoiar e promover eventos maiores, como o Conecta Floripa, que ocorreu em agosto, e reuniu atores da tecnologia, do turismo e da Economia Criativa, e o próprio Festival Social Good, que acontecerá nesse mês de setembro, também em Florianópolis (SC).

Para entender como surgiu o movimento Data for Good e quais ações práticas já estão ocorrendo por meio da coleta e análise de dados, conversamos com Odair Barros, gerente de estratégia e gestão da Fundação Telefônica Vivo. Ele falou sobre a importância de difundir a análise de dados para a tomada de decisões e como isso pode fortalecer o impacto positivo de ações sociais ao redor do mundo. Acompanhe a seguir:

Em que contexto global nasceu o movimento Data for Good?

Odair Barros: Vivemos uma era de abundância de dados, que podem ser extraídos, compreendidos e aproveitados para obter conhecimento e transformações.  Os mesmos algoritmos e técnicas que as empresas usam para gerar novos negócios e aumentar lucros podem ser aproveitados por organizações sociais para melhorar o mundo. No entanto, a maioria das organizações sociais não tem recursos, seja financeiros ou humanos, para aproveitar ao máximo essa revolução de dados. A maioria dos cientistas de dados não percebe o valor de suas habilidades.

Nesse contexto, nasce o movimento para fortalecer a ideia de uso de dados para o bem por diversas instituições. Em 2015, a ONU lançou o Global Pulse, uma iniciativa que se apoia em dados digitais para o bem-estar humano e colhe feedback em tempo real sobre o funcionamento de políticas.

No caso do Grupo Telefônica, o interesse no tema de Data for Good existe desde 2017. Nesse mesmo ano, a Telefônica criou sua unidade de negócio global LUCA – Big Data for Social Good, que já realizou diversos projetos e estudos utilizando dados.

Qual é a importância da Fundação Telefônica Vivo se envolver na articulação desse movimento?

Odair Barros: No momento, não usamos todo o potencial transformador das tecnologias exponenciais e das ferramentas de big data. Permanece o desafio de transformar essas informações em conhecimento, de forma que possamos sair da tomada de decisão baseada em “percepção” para decisões baseadas em dados. Por isso, acreditamos que a difusão da cultura analítica baseada em dados tem o poder de maximizar o impacto social das nossas ações, ampliando as transformações sociais.

Assim é com muita expectativa e alegria que fazemos parte do movimento no Brasil. Com muito orgulho abraçamos esse desafio e estendemos o convite a todas as organizações sociais a embarcarem nesta jornada de conhecimento.

Como está sendo feita a articulação entre as organizações sociais para acessar dados das instituições parceiras?

Odair Barros: Por enquanto, cada organização participante está trabalhando com seus projetos, individualmente. Porém, há uma infinidade de possibilidades que ainda precisam ser exploradas neste contexto. Nos casos dos trabalhos realizados pela Vivo e pelo LUCA for Social Good pode-se avaliar todo este potencial. Um exemplo é a utilização dos dados de tráfego dos celulares na predição da qualidade do ar e planejamento de tráfego de veículos.

Você pode detalhar essas ações práticas com uso de dados e como foram medidos os resultados?

Odair Barros: No município de São Paulo, o LUCA – Big Data for Social Good faz um trabalho de previsão da qualidade do ar com 24-48 horas de antecedência.  A equipe da LUCA desenvolveu algoritmos que usam machine learning e dados anônimos da rede móvel da Vivo combinados a dados de sensores meteorológicos, de tráfego e de poluição para monitorar e prever os níveis de poluentes. A solução possibilita que as autoridades tomem medidas preventivas quanto ao dióxido de azoto (NO2), por exemplo, cujas emissões podem colocar em perigo a saúde humana.

Na Colômbia, é feito um trabalho em parceria com o Unicef, que combina várias fontes de dados para resposta a desastres naturais, como na enchente em Mocoa, em abril de 2017. Destaco também o case da Fundação Boticário, que desde 1990 trabalha pela conservação da natureza e queria passar uma mensagem clara do impacto social gerado.

Sobre o Data for Good

Movimento global que vê a urgência de usar a análise de dados para a tomada de decisões a fim de causar impacto social positivamente. Reúne empresas do setor privado, do terceiro setor, a gestão pública por meio de articulação com governos e pesquisadores para inspirar, conectar e capacitar indivíduos e organizações para que investimentos e inovações sociais sejam orientados por dados e evidências.


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