A matemática é a linguagem universal da ciência, da tecnologia e da inovação. Mais do que um componente curricular, é um pilar para o desenvolvimento de habilidades cognitivas e profissionais essenciais no século XXI, preparando os estudantes para os desafios e oportunidades do mundo do trabalho. Profissionais que dominam conceitos como álgebra, estatística, cálculo e lógica matemática saem na frente na corrida por vagas.
“Quem domina a matemática tem mais chances de se adaptar às demandas do mercado de trabalho, especialmente em áreas como segurança da informação, criptografia e desenvolvimento de software”, afirma Carlos Eduardo Sanches, especialista em educação e ex-presidente da Undime (União dos Dirigentes Municipais de Educação) ao site da entidade.
Com o avanço da transformação digital, a matemática passou a ocupar um papel ainda mais estratégico na formação de profissionais. Ela está no centro de inovações tecnológicas e científicas, sendo indispensável em campos como engenharia, robótica, análise de dados e inteligência artificial. Além de sua aplicação prática, o componente curricular também contribui para o desenvolvimento de competências como raciocínio lógico, resolução de problemas e pensamento analítico – habilidades cada vez mais valorizadas em um mercado de trabalho dinâmico e competitivo.
Desempenho matemático na escola é um desafio
O cenário do ensino da matemática no Brasil revela dados preocupantes. Os estudantes brasileiros ainda possuem desempenho abaixo da média global em avaliações internacionais, como o TIMSS (Tendências em Estudos Internacionais de Matemática e Ciências), divulgado em dezembro de 2024. Realizado pela primeira vez no Brasil, o estudo analisou o desempenho de alunos do 4º e 8º ano do Ensino Fundamental.
Entre os estudantes do 8º ano, 62% não alcançaram o nível básico em matemática, apresentando dificuldades para aplicar propriedades dos números inteiros, interpretar gráficos e compreender dados. No 4º ano, 51% dos alunos foram classificados abaixo do nível básico de proficiência. Os resultados evidenciam a necessidade de investir na formação de educadores e em estratégias pedagógicas que aprimorem o ensino da disciplina em escolas públicas.
Formação de professores é fator determinante
“Em termos de ações estruturantes na educação, há muito o que fazer. Não existe fórmula mágica, mas a formação dos professores é aspecto-chave. Os educadores precisam apresentar a matemática como algo concreto, útil em diferentes momentos da vida do estudante”, afirma Ernesto Martins Faria, especialista em educação e diretor do Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional).
Segundo o Censo Escolar (2024), apenas 66,9% dos professores de matemática do Ensino Fundamental (anos finais) têm formação específica na área. No Ensino Médio o índice sobe para 79,4%, mas ainda é inferior ao de disciplinas como português, história, biologia e educação física, todas acima dos 80%.
Faria defende que é preciso investir tanto na formação inicial quanto na continuada dos docentes. “Precisamos de bons professores e materiais que, de fato, tragam atividades pedagógicas que façam a conexão da matemática com a vida do estudante, com aspectos importantes para o exercício da cidadania, mostrando como a disciplina aparece presente em diferentes frentes.”
O diretor do Iede também destaca a importância de apresentar a matemática de forma positiva em sala de aula. “A matemática tem um aspecto de descoberta e curiosidade. Aprender a identificar números, fazer contas pode ser mais prazeroso para crianças pequenas, mas esse encantamento muitas vezes se perde, dando lugar à aversão”.
Fundação Telefônica Vivo: aprendizagem de matemática e tecnologia
Mais do que o domínio das operações, a matemática deve ser compreendida como uma área estruturante do conhecimento, fundamental para o desenvolvimento do raciocínio lógico, do pensamento crítico e da capacidade de interpretação de dados. Seu aprendizado contribui diretamente para a compreensão do mundo, a resolução de problemas e a conexão com outras áreas, como a computação e demais campos da tecnologia.
Diante das lacunas existentes no ensino da matemática no Brasil — evidenciadas por avaliações internacionais como o TIMSS — a Fundação Telefônica Vivo investe em iniciativas que buscam apoiar as redes de ensino na superação desse desafio.
Uma dessas iniciativas é o Matemática ProFuturo, voltado aos anos iniciais do Ensino Fundamental. O projeto faz parte do ProFuturo, programa global da Fundação Telefônica Vivo e da Fundação Bancária “la Caixa”, e tem como objetivo a formação continuada de professores e o fortalecimento do aprendizado da matemática entre os estudantes, por meio de recurso digital.
Outra frente de atuação é o Pense Grande Tech, voltado à Educação Profissional e Tecnológica (EPT). O programa apoia redes públicas de ensino na formação de estudantes do Ensino Médio matriculados em cursos técnicos na área de tecnologia. As ações envolvem a formação de professores, a atualização dos cursos e a integração entre o setor produtivo e os estudantes, por meio de atividades pedagógicas que conectam o conteúdo escolar às demandas do mundo do trabalho.
“Faço o Ensino Médio Técnico em Ciência de Dados, e o curso envolve muita matemática — ele abre várias possibilidades na área de tecnologia. É muito mais interessante, não é só essa disciplina difícil que todo mundo fala. Matemática é a base para muita coisa”, afirma a estudante Mariah Clara da Silva, da E.E Prof.ª Rosa Inês Bornia Moreira, na zona sul de São Paulo.