O ensino personalizado da disciplina, com o apoio de tecnologias digitais conectadas à realidade dos estudantes dos anos iniciais, torna o processo de aprendizagem mais atrativo; recente estudo internacional TIMSS classificou como baixo o desempenho do Brasil em Matemática

Presente em praticamente todas as áreas do conhecimento, a matemática é a base sobre a qual se constroem as tecnologias humanas, desde palitos de sorvetes até foguetes. Seja na Inteligência Artificial, na programação, na análise de dados ou na criação de algoritmos, os conceitos matemáticos são a linguagem universal.
Apesar da sua relevância, especialmente em um mundo cada vez mais digital, os estudantes brasileiros ainda têm um desempenho baixo, se comparado à média internacional. Recentemente, foram divulgados os resultados da primeira edição do Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências (Trends in International Mathematics and Sciences Study – TIMSS) aplicada no Brasil, que avaliou alunos do 4º e 8º anos do Ensino Fundamental.
A publicação foi realizada pelo Ministério da Educação (MEC), por meio do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela operacionalização da pesquisa no país. Conforme mencionado acima, o desempenho nacional médio do Brasil em Matemática foi classificado como baixo, sendo significativamente inferior à referência internacional do TIMSS, conforme a figura abaixo presente na nota técnica da Fundação Telefônica Vivo.
Fonte: TIMSS, 2024. Elaboração: Fundação Telefônica Vivo
Outro dado preocupante foi apresentado no último resultado do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), divulgado em 2024. Numa escala de 0 a 500, os estudantes do 5º ano do ensino fundamental alcançaram a nota 225, os do 9º ano atingiram 258, e do 3º ano do ensino médio, 278.
Mesmo com a ligeira melhora em relação ao exame anterior, de 2021, quase dois anos da retomada das aulas presenciais (os resultados são de 2023), os estudantes ainda não atingiram o mesmo patamar de 2019, quando houve a maior pontuação da série histórica. Em nota técnica, a Fundação Telefônica Vivo avalia que os estudantes tiveram dificuldade de recuperar conhecimentos e habilidades não consolidados em decorrência da pandemia do coronavírus, nos anos de 2020 e 2021.
Diante destes resultados, é necessária, cada vez mais, uma soma de esforços dos diferentes atores da sociedade para melhorar a aprendizagem dos estudantes brasileiros e tornar a matemática uma área do conhecimento mais atrativa e conectada aos tempos atuais. Afinal, além de ser base para outras disciplinas, boa compreensão da matemática oferece aos jovens melhores perspectivas de carreira e de sucesso no mercado de trabalho.
No Brasil, atividades ligadas à matemática responderam por 4,6% do PIB entre 2012 e 2023, e ofereceram salários 119% maiores que a média dos demais trabalhadores, segundo dados da pesquisa “Contribuição da Matemática para a economia brasileira”, do Itaú Social com apoio do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA).
Matemática do Futuro
Com o propósito de colaborar para a melhoria de aprendizagem de matemática dos estudantes dos anos iniciais do Ensino Fundamental de escolas públicas foi criado o Matemática ProFuturo, uma iniciativa do ProFuturo, ação global da Fundação Telefônica Vivo e Fundação Bancária “la Caixa”. O projeto é formado por um conjunto de ações que oferecem suporte aos educadores para desenvolverem suas competências e ganharem confiança no uso das tecnologias digitais para potencializar o processo de ensino-aprendizagem em matemática.
Por meio de uma plataforma digital educativa, com mais de 4 mil exercícios, os docentes fazem acompanhamento personalizado do desenvolvimento de cada aluno. Dentre os benefícios da plataforma, estão o desenvolvimento das capacidades de abstração, raciocínio lógico e habilidade de resolução de problemas; monitoramento e análise do progresso de estudantes em tempo real por parte dos professores; feedback contínuo e adaptação de exercícios e conteúdos de acordo com o perfil de cada estudante.
A plataforma também atrai os alunos por usar técnicas da gamificação. Os conteúdos são estruturados na forma de desafios interativos, com pontuação, progresso e recompensas. Assim, eles aprendem brincando e cada estudante se torna consciente de seu próprio processo de aprendizagem.
O uso da plataforma permite que cada aluno, com apoio do professor, aprenda também de forma individual e no seu tempo, dessa forma não é preciso esperar o grupo para seguir com os exercícios e o aprendizado. Os estudantes recebem feedback e apoio para assimilação do conteúdo antes de prosseguir para o próximo nível.
Aprender com atividades lúdicas
Maria Célia Santos Nunes, diretora de gestão pedagógica da Secretaria de Educação de Três Lagoas, em Mato Grosso do Sul, explica que 95 professores da rede municipal passaram por uma formação para aprender a trabalhar com a plataforma do Matemática ProFuturo. Todos já estão utilizando a ferramenta para cerca de 2.500 alunos. “Como professora, vejo a plataforma como um avanço. Ela auxilia muito a motivar e a envolver os estudantes com a aprendizagem”, afirma.
Maria Célia Santos Nunes, diretora de gestão pedagógica da Secretaria de Educação de Três Lagoas (MS)
A professora Ellen Karla Santos Lima trabalha no Núcleo de Tecnologia da Secretaria de Educação de Vitória de Santo Antão, em Pernambuco. Ela conta que depois de um bem-sucedido projeto-piloto em cinco escolas, o Matemática ProFuturo atende hoje as mais de 50 unidades da rede municipal.
“A gente percebe um ganho, uma oportunidade nova que esses alunos têm. Eu não tive essa oportunidade de aprender de um jeito diferente, com atividades lúdicas”, relata Lima. Ela ressalta ainda que a parte da gamificação é “bem interativa e dinâmica”.
Ellen Karla Santos Lima, professora do Núcleo de Tecnologia da Secretaria de Educação de Vitória de Santo Antão (PE)
Como o uso intensivo da plataforma começou em 2024 em Vitória de Santo Antão (PE), a professora afirma que mesmo ainda não sendo possível quantificar os resultados, já se nota uma melhoria no desempenho em matemática e na motivação dos alunos.
“Há um ganho significativo, porque a tecnologia está presente no nosso dia a dia, em todas as esferas. Não dá para negar”, completa a educadora.











