A crescente demanda por inovação nas práticas pedagógicas e a necessidade de formação docente voltada ao desenvolvimento de competências digitais têm impulsionado o surgimento e a valorização da figura do professor multiplicador.
Esses educadores, preparados por programas de formação continuada para integrar a tecnologia de forma estratégica no contexto escolar, desempenham um papel fundamental na disseminação do conhecimento entre seus pares e na consolidação de uma cultura de formação contínua nas escolas. Ao atuarem como referência no uso intencional das ferramentas digitais, os multiplicadores contribuem diretamente para qualificação coletiva das práticas pedagógicas do corpo docente.
Iniciativas da Fundação Telefônica Vivo, como o Programa de Formação em Competências Digitais, voltado ao desenvolvimento profissional de professores e gestores de escolas públicas para o uso da tecnologia na educação, e o Matemática ProFuturo, que contribui com a educação pública ao impulsionar a aprendizagem da Matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental por meio de formações continuadas e do uso de recursos digitais, exemplificam como a atuação dos multiplicadores vai além do repasse de conteúdo. A iniciativa desperta nos estudantes mais interesse, confiança e autonomia para aprender.
Esses educadores facilitam práticas pedagógicas, acompanham a aplicação de metodologias inovadoras e fortalecem a colaboração entre colegas, contribuindo para potencializar práticas de ensino e ampliar as possibilidades de aprendizagem nas escolas públicas de todo o Brasil.
Mais tecnologia, mais aprendizado
A professora Cassiana Castro, da rede municipal de Recife (PE), tornou-se multiplicadora de tecnologia após participar do Programa de Formação em Competências Digitais, uma iniciativa da Secretaria de Educação do Recife em parceria com a Fundação Telefônica Vivo e o Instituto Natura, que também é uma das frentes da Coalizão Tec Educação, liderada pelo Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB) e realizada junto a outras organizações da sociedade civil.
Além de ministrar aulas de programação e robótica na UTEC Sítio Trindade, ela também atua como formadora em competências digitais na Escola de Formação de Educadores do Recife Professor Paulo Freire: “Eu, enquanto formadora, trabalho os temas com os professores e aprendo muito com eles, com as vivências que trazem. A gente sempre se inspira com o relato do outro. É um papel muito importante de motivação”, afirma.
Já a professora Cristiane Silva, também da rede municipal de Recife, formada em Letras, ministra aulas na área de tecnologia com o apoio das formações. “Quando comecei a dar aulas na área de tecnologia, 15 minutos antes da aula iniciar, eu também tinha aula, para poder ensinar os alunos. Foi através das formações que comecei a gostar da tecnologia e buscar outros cursos para aprender mais e compartilhar com meus colegas.”
Hoje, além de lecionar na área de tecnologia, ela também atua como multiplicadora em 10 unidades educacionais. “Acompanho 10 grupos ao longo do mês. Visito as escolas para tirar dúvidas dos professores que participaram da formação e que ainda precisam de apoio.”
Multiplicadores fortalecem a escola
Na escola municipal Professora Maria Isabel Alvares, em Vitória de Santo Antão (PE), a professora Atalys Lira Oliveira atua como multiplicadora do projeto Matemática ProFuturo. Desde 2021, ela leciona com o apoio de ferramentas digitais para cerca de 380 crianças dos anos iniciais do Ensino Fundamental.
“Temos 17 turmas do primeiro ao quinto ano. Por isso, junto com meus colegas, organizamos um revezamento para que todas sejam contempladas com as aulas digitais nos dois turnos”, explica.
Atalys e seus pares fazem a curadoria dos conteúdos pedagógicos na plataforma Matemática ProFuturo, alinhando-os aos temas trabalhados em sala. Antes do uso, a multiplicadora orienta os colegas a contextualizarem o tema, o que facilita a compreensão e consolida a aprendizagem. “Através da plataforma, os professores conseguem acompanhar o desempenho individual de cada aluno”, destaca.
Como multiplicadora do projeto, ela conta que está sempre disponível para apoiar os colegas. “Na hora da dúvida, quando alguém está com dificuldade, solucionamos juntos. Flui direitinho”.
Multiplicadora engaja professores e alunos
Na Escola Estadual Poeta Garcia Rosa, em Aracaju (SE), a professora Sabrina Melo Goes tem sido peça-chave na integração da tecnologia ao ensino de matemática. Ela auxilia os colegas no uso da plataforma Matemática ProFuturo, tornando o ensino mais interativo e acessível.
Formada em pedagogia, com especialização em história, Sabrina assumiu o papel de multiplicadora por sua afinidade com ferramentas digitais. “Sempre fui a pessoa que os colegas procuravam quando tinham dúvidas sobre tecnologia. Quando o projeto chegou, viram que eu tinha perfil para ajudar”, conta.
Ela orienta os professores na organização dos conteúdos digitais para os estudantes, utilizando tablets e notebooks disponibilizados pelo programa. A multiplicadora explica que com a dinâmica que ela e seus colegas construíram juntos, o balanço do projeto é positivo. “Nas formações, quando encontramos outros multiplicadores, os colegas sempre destacam a melhora na fluência matemática dos alunos”, afirma.
Sabrina também observa avanços na interpretação de texto e na colaboração entre os estudantes. “Os mais avançados ajudam os que têm dificuldade, criando um ambiente de apoio.”
Tecnologia em escola rural
No povoado Santo Antônio, próximo a Lagarto (SE), a professora Fabia Santos Libório atua como multiplicadora na Escola Municipal José Marcelino Prata, que atende cerca de 120 alunos em dois turnos. Fabia auxilia os colegas na preparação de aulas dinâmicas e no acompanhamento do progresso dos alunos do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental. “Alguns professores resistem à tecnologia, mas, na minha escola, usamos bastante.”
Na montagem das aulas, como há muita variedade de conteúdos, ela e as colegas — da escola Marcelino Prata — escolhem juntas as melhores atividades para cada tópico que os alunos estão aprendendo. Já a dificuldade de visualização dos resultados foi totalmente sanada com o auxílio de Fabia. “Expliquei que há duas opções: gráficos e relatórios. Isso facilitou bastante, eles aprenderam a ver os resultados individuais e coletivos”.
Além disso, Fabia também promove trocas de experiências em encontros com outros multiplicadores. “Falarmos sobre como os alunos estão reagindo, trocamos sugestões de atividades…”. Sua principal recomendação é o envolvimento ativo do professor. “É preciso interagir, passar de aluno em aluno, responder perguntas”.
Casos como os dessas professoras evidenciam que o papel dos multiplicadores vai muito além da transmissão dos conteúdos. Eles atuam como agentes de transformação, acompanhando a implementação de metodologias inovadoras, incentivando o uso estratégico da tecnologia e promovendo uma cultura de colaboração entre educadores.
Essa atuação fortalece redes de apoio e aprendizagem dentro das escolas públicas, criando um ambiente propício à evolução contínua das práticas pedagógicas – um movimento essencial para enfrentar os desafios da educação no século XXI. O resultado é um impacto direto e positivo na qualidade do ensino e na aprendizagem dos estudantes.