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25.02.2022
Tempo de leitura: 7 minutos

AfroGames: conheça o projeto que capacita jovens para atuar em eSports

Saiba como o projeto da ONG AfroReggae atua para capacitar jovens na programação de jogos e promover a transformação social

Imagem mostra uma jovem utilizando um computador. Na tela, é possível ver um jogo on-line. A jovem é uma das alunas do projeto para capacitar jovens na programação de jogos.

Capacitar jovens na programação de jogos e promover transformações sociais através da educação é a proposta do projeto AfroGames. A iniciativa faz parte dos trabalhos da ONG AfroReggae, conhecida por promover a inclusão social através da arte, cultura afro-brasileira e educação de jovens em situação de vulnerabilidade social na comunidade de Vigário Geral, no Rio de Janeiro. Nos últimos anos, contribuiu com a formação de novos talentos na música, artes cênicas e dança.

O AfroReggae inovou, em 2019, ao expandir sua atuação para a área tecnológica. Inaugurou o primeiro centro de treinamento em eSports para a formação de jovens jogadores e profissionais da indústria. eSports são competições de jogos eletrônicos que contam com audiência presencial ou on-line.

A iniciativa foi idealizada por José Júnior, fundador do AfroReggae, e Ricardo Chantilly, empresário do ramo musical. E também contou com apoio da Secretaria Estadual de Esporte, Lazer e Juventude do Rio de Janeiro. Foi eleita pela ONU como projeto modelo e homenageada no Prêmio Esports Br. O AfroGames foi escolhido como uma das três instituições brasileiras a receber doações da venda de skins – itens que alteram o visual dos personagens e os efeitos das habilidades – no LoL – o famoso game League of Legends.

Embora capacitar jovens na programação de jogos seja o foco do AfroGames, também são oferecidos  cursos como o de produção de trilha sonora. Além disso, o projeto oferece bolsa auxílio para os jogadores. Nesse sentido, forma atletas de alto nível, gerando renda dentro da comunidade e desenvolvendo competências.

 

Competências necessárias para investir na carreira de programação de jogos 

Para entrar de maneira profissional no mundo dos games, não basta gostar de jogar. É preciso tempo e dedicação para desenvolver as competências técnicas e comportamentais necessárias, estar atento às novas tecnologias e estudar sempre.

“Nas aulas são estimulados o raciocínio lógico, comunicação, resiliência, trabalho em equipe, criatividade e pensamento crítico. Além de hard skills (habilidades técnicas) como resolução de problemas, criação de jogos na Unity, domínio de ferramentas Google e utilização de metodologias ágeis”, detalha Mariana Uchôa, gestora executiva do projeto.

Afinal, ao desenvolver um jogo, é preciso saber calcular os movimentos de um personagem e associá-los a um comando que irá gerar a interação adequada do programa. Dessa maneira, as ações no game terão uma sequência que faz sentido. E tal habilidade envolve a capacidade de raciocínio lógico.

Do mesmo modo, a formação técnica é necessária para quem quer entrar na área. Por isso, cursos como desenvolvimento de software e ciência de dados, por exemplo, oferecem conteúdos necessários para quem deseja atuar com programação.  De toda forma, ter capacidade técnica e gostar de lidar com Tecnologia da Informação são requisitos básicos.

 

Jogos de gente grande 

De acordo com pesquisa realizada pela consultoria Newzoo, o mercado brasileiro de esportes eletrônicos já movimenta mais de R$ 900 milhões por ano. Além disso, apresentou crescimento de 140% durante a pandemia, com previsão de crescimento de 5,3% até esse ano.

Até mesmo times de futebol, como Vasco da Gama e Flamengo, investem em equipes profissionais para a disputa de campeonatos de League of Legends e Pro Evolution Soccer. Dessa maneira, esse cenário fomenta a profissionalização do segmento, a formação de novas equipes e o surgimento de oportunidades de negócios no setor.

Por exemplo, a Vivo lançou a Vivo Games4U, uma plataforma com mais de 300 jogos para baixar ou jogar on-line, com benefícios exclusivos para os gamers. Além disso, a empresa investiu no patrocínio do clube de eSports Vivo Keyd. Iniciativas como essas fortalecem o posicionamento da empresa como operadora referência para o segmento.

No AfroGames existem cases de sucesso que vão além das competições. Alguns jovens do curso de programação de jogos criaram seus primeiros jogos, receberam premiação em dinheiro e tiveram suas criações publicadas na Apple Store e Play Store.

“Jovens que tinham pouco ou nenhum contato com o universo dos jogos já são jogadores, streamers ou programadores. Mesmo que não atuem profissionalmente, veem nesse segmento uma nova possibilidade para suas vidas”, afirma Mariana.

Representatividade e inclusão para capacitar jovens na programação de jogos

Ainda que o acesso à internet e aos dispositivos de qualidade seja desigual no país, mais da metade dos gamers brasileiros são pretos ou pardos. De acordo com a Pesquisa Game Brasil, eles representam 50,3% do ecossistema.

Além disso, 49,7% dos consumidores de jogos são das classes C, D e E. Portanto, como explicar essa representatividade em um momento de alta dos preços dos equipamentos? É simples: a maior parte dos jogadores prefere usar o smartphone, enquanto 25,8% preferem os consoles.

Essa popularidade também afetou as aspirações dos jovens moradores de periferias. Em pesquisa realizada pelo Data Favela, cerca de 96% dos entrevistados afirmaram que desejam se tornar jogadores profissionais.

Graças a popularização de jogos como o Free Fire, aplicativo gratuito que roda na maior parte dos celulares, o sonho da profissionalização se torna cada vez mais possível.  Dessa maneira, já motivou a criação de iniciativas como o PerifaGamer e a inclusão de eSports no campeonato Taça das Favelas.

eSports e a ascensão social da quebrada 

A dificuldade de conseguir patrocinadores para o projeto foi uma das dificuldades enfrentadas quando o AfroGames foi criado.

“O principal desafio foi conseguir os primeiros patrocinadores, apresentar algo tão inovador, pelo caráter de ineditismo do AfroGames. No mundo, o projeto é o primeiro centro de cultura gamer e treinamento de esportes eletrônicos dentro de favela”, declara Mariana.

Dessa maneira, outras iniciativas também têm como proposta dar visibilidade a jogadores que fazem parte de minorias sociais. Geralmente, são elas que ficam de fora dos grandes eventos do setor. Equipes formadas por jovens de comunidades disputam campeonatos de igual para igual com jogadores que tiveram mais oportunidades e acesso ao ensino durante o processo de profissionalização. Confira:

Projeto Valkírias

Em 2020, a streamer Pamela Mosquera criou o Projeto Valkírias, que prepara e treina mulheres, gratuitamente, para competições de eSports. Nas primeiras semanas, a iniciativa contou com mais de 300 inscrições e hoje conta com um rol de treinadoras que preparam outras mulheres para torneios nacionais e internacionais.

Projeto Fierce

A organização fundada em 2018, em Pernambuco, busca criar um ambiente seguro e de acolhimento para a comunidade LGBTQIA+ no universo dos games. Dessa forma, promove campeonatos beneficentes e eventos para discutir a diversidade no universo dos eSports. Além disso, busca promover uma educação anti-homofóbica através da criação de conteúdos on-line.

Wakanda Streamers

Apesar de representar metade dos jogadores do país, a quantidade de negros gamers profissionais ainda é pequena. Bem como sua presença em eventos e competições. Para reparar essa desigualdade, surge o Wakanda Streamers. O projeto é voltado para a reunião e divulgação da comunidade negra nos games. Entretanto, também recruta jovens para fazer parte da sua equipe de streamers e competidores e conecta criadores de conteúdo e audiência em prol de um ambiente mais diversificado.


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