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Usar a linguagem fotográfica como ferramenta pedagógica exercita o olhar estético e criativo, incentiva a autonomia do aluno e articula competências gerais da BNCC

Uma fração de segundo captada, o instante congelado, a memória, o olhar que revela um tanto de subjetividade, uma forma poderosa de comunicação e expressão. A fotografia na aprendizagem permite explorar as nuances dessa arte e tem grande potencial pedagógico, especialmente em uma era que se valoriza muito o visual, com redes sociais dedicadas à fotografia e o dito popular “uma imagem vale mais do que mil palavras” cada vez mais em alta.

A produção de imagens por meio da fotografia em sala de aula trabalha a imaginação, desperta a percepção do entorno, exercita o poder de escolha e a autonomia do estudante. É uma forma prática e divertida de consolidar componentes curriculares. Afinal, a fotografia na aprendizagem articula diversas competências gerais da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), como pensamento científico, crítico e criativo, repertório cultural, comunicação e cultura digital.

Vale mencionar a versatilidade dessa linguagem artística: pode ser produzida tanto com simples máquinas fotográficas construídas pelos próprios estudantes, como o modelo pinhole (termo em inglês para “buraco de agulha”), até com o uso de smartphones e máquinas digitais.

Aprendizagem mensurada

“Uma simples saída de campo pode gerar aprendizagens bem promissoras”, defende a educadora Patrícia Behling Schäfer, uma das autoras do curso Fotografia na Aprendizagem: novos olhares para construir conhecimento, do Escolas Conectadas. A plataforma incentiva a formação a distância e o compartilhamento de conhecimento entre educadores e integra o ProFuturo – programa global de educação da Fundação Telefônica Vivo e da Fundação “la Caixa”.

Totalmente gratuito e com duração de um mês (confira abaixo a próxima turma que começa em fevereiro), o curso é, segundo Patrícia, um dos mais procurados e também um dos que recebe mais relatos de aplicação com os estudantes por despertar interesse em professores e alunos.

“A fotografia na aprendizagem mostra que o aluno pode ser autor de sua própria história, protagonista da construção de seu conhecimento. O mais interessante é ver que quem tem mais facilidade com a tecnologia ajuda os outros, estreita conexões”, opina a professora de matemática Michele Pereira, que já participou da formação.

A versatilidade da fotografia também está no fato de poder ser trabalhada em todas as etapas da Educação Básica e em diversas áreas do conhecimento, inclusive para trabalhos interdisciplinares.

Em Geografia, por exemplo, a fotografia pode facilitar o entendimento de climas e topografias de diferentes regiões. Em História, um álbum de famílias pode revelar muito sobre costumes de diferentes épocas. Já em Artes, a fotografia pode ganhar experimentos mais práticos, treinando a criatividade e o senso estético. Já o professor de língua portuguesa, pode explorar educação midiática e senso crítico.

Essa linguagem traz um benefício importante ao professor. “É uma forma de acesso ao olhar do aluno. Ajuda o educador a saber como o aluno se expressa, o que ele sente e como ele aprende. Por isso, é um ótimo indicador de aprendizagem”, pontua a educadora Patrícia Schäfer.

Despertando o interesse

A professora Michele Pereira usou o que aprendeu no curso do Escolas Conectadas para oferecer uma aprendizagem mais significativa aos alunos da Escola Estadual Fioravante Caliman, no município de Venda Nova do Imigrante, no Espírito Santo.

“Quando comecei o curso, o objetivo era usar a arte para deixar os conceitos da matemática mais interessantes. E foi justamente o que consegui fazer. Através da técnica fotográfica da perspectiva forçada, nós trabalhamos ângulos, medidas, cálculo de distância e tempo”, detalha Michele.

Ela destaca o engajamento dos alunos com a atividade, especialmente por poder ser feita fora da sala de aula e com smartphones. “O resultado foi impressionante: chegaram trabalhos muito criativos e bem-humorados. Eles envolveram as famílias, fizeram parceria com outros colegas e houve muita troca de conhecimento entre eles”. O resultado final foi exposto na Mostra Cultural da escola.

Liberdade de expressão e diálogo

Muito além da imagem, a fotografia na aprendizagem pode ser usada para promover reflexões. É o que acontece nas oficinas ministradas pela ONG ImageMagica, que desenvolve projetos e documentários fotográficos para promover educação, saúde e cultura no Brasil e no mundo.

Entre os meses de outubro e novembro de 2019, a ONG levou o projeto Novos Olhares, realizado em parceria com o Governo de São Paulo, para escolas públicas do interior do estado. Além de aprender técnicas de fotografia, os estudantes debateram temas como diversidade e meio ambiente.

A educadora responsável pelas oficinas, Fernanda Queija, relata que em muitas cidades por onde passou era comum que os alunos da “turminha do fundão”, que dificilmente se interessavam pelas aulas, se engajassem com as oficinas.

“Os temas trazem uma abertura ao diálogo e eles sentem que têm voz e espaço para colocar opiniões sem medo de julgamentos. Assim, os estudantes se abriram para conversar sobre assuntos como machismo, racismo e homofobia”.

Fotografia na aprendizagem trabalha criatividade, autonomia e comunicação
Fotografia na aprendizagem trabalha criatividade, autonomia e comunicação