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23.07.2020
Tempo de leitura: 4 minutos

Alunos de Etecs unem tecnologia e educação com a reutilização de materiais

Em Pirassununga, professores doam computadores feitos com peças de caça níqueis e, em São José dos Campos, estudantes participam de competição de nanossatélites

Quatro pessoas estão em sala de aula da ETEC de Pirsassununga ao lado de computadores feitos de peças de caça níqueis em projeto de tecnologia.

Tecnologia e educação podem caminhar juntas para estimular o aprendizado de diversas formas, mesmo com um computador feito de sucata ou um satélite feito de lata. É o que mostram os projetos feitos por professores e alunos de Escolas Técnicas de São Paulo (Etecs).

Em Pirassununga, interior de São Paulo, professores desenvolveram computadores para permitir que alunos tivessem acesso ao ensino a distância, intensificado por conta da pandemia do coronavírus. Apelidado de “computador sucata”, o projeto surgiu na Etec Tenente Aviador Gustavo Klug, por iniciativa do diretor, Luiz Arthur Malta Pereira.

Engenheiro mecatrônico de formação, ele teve a ideia de reaproveitar as peças de máquinas caça níqueis, doadas pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. A instituição fornece lixo eletrônico para o descarte adequado e a reutilização dos componentes em aulas do Centro Paula Souza (CPS). Dessa forma, cerca de 70 computadores foram montados.

“Os alunos até tinham como conseguir internet do vizinho, do irmão, do avô, só que não tinham equipamento”, conta o diretor. “Nessa época, a gente fez uma campanha para arrecadar computadores antigos, mas não teve muito engajamento. Nós também não podíamos emprestar os da escola porque são patrimoniados”, explica.

A escola ainda recebeu doação de materiais antigos, equipamentos com defeitos, e até notebooks novos, evitando gasto com novos componentes. “Calculamos um gasto entre R$ 100,00 a R$ 200,00 para montar cada computador, mas como recebemos muita coisa não gastamos nem R$ 10,00. Foi gasto cerca de R$ 700,00 no projeto todo”.

 

Doações em boa hora

“No começo da quarentena pensei ‘ah, vai durar no máximo um mês não dá para perder tanta coisa assim’. Mas aí o prazo aumentou e comecei a ficar preocupado de onde eu ia tirar um computador ou até um celular para começar a fazer os trabalhos”, conta Wesley Henrique Silva de Almeida, de 16 anos.

O estudante do 1º ano do Ensino Médio do curso de Marketing na Etec de Pirassununga recebeu um dos primeiros computadores fabricados e, passadas algumas semanas, foi presenteado com um notebook novo, que também havia sido doado.

“Fiquei bem feliz quando eu recebi. Mudou meus estudos, porque gosto de outras coisas além das matérias da escola, como inglês e espanhol”, comenta Wesley.

“Quem precisou foi atendido. Teve também caso de aluno que o monitor estava quebrado, e a gente consertou. A gente ajudou do jeito que pôde. Ninguém ficou de fora”, complementa o diretor Luiz Arthur Pereira.

 

Satélite para prevenir desastres ambientais

Em São José dos Campos, também no interior de São Paulo, um trio de estudantes une tecnologia e educação para a prevenção de desastres ambientais.  Com a construção de um nanossatélite, eles pretendem diminuir o impacto de tempestades violentas.

O pequeno satélite, feito de lata, está sendo desenvolvido por Juno Higgeti, Rafael César e Vinicius Barnabé, alunos do curso técnico de Automação Industrial da Etec Profª Ilza Nascimento Pintus.

O grupo faz parte de uma das 10 equipes finalistas da categoria CanSat (satélite de lata) do CubeDesign, competição latino-americana organizada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Devido à pandemia causada pelo novo coronavírus, o evento foi adiado para julho de 2021.

Nanossatélites ou nanosat são pequenos dispositivos (com menos de 500 g) que possuem missões específicas para o seu tamanho. Eles podem ser usados para a detecção de sinais eletromagnéticos que antecedem os terremotos; em sistemas de sensoriamento de condições atmosféricas; ou para a observação de fenômenos no solo.

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A missão dos jovens será promover o estudo de tempestades violentas e apresentar soluções para identificação e contagem de relâmpagos, prevenindo os riscos que as descargas elétricas podem gerar tanto em terra quanto em rotas aéreas.

Juno Higgeti conta que, devido à pandemia, a equipe não está conseguindo se reunir e por enquanto está focada na parte teórica e na pesquisa do material que irão utilizar.

“O material precisa ser leve, resistente à queda, e também não pode afetar as transmissões dos dados. Se a gente fizer apenas de alumínio, que é um material bem leve e resistente, ele pode acabar atrapalhando as transmissões dos dados. Estamos pensando em utilizar a impressora 3D e o nylon”, relata.

Para Marcos Mesquita, orientador do grupo, essas competições desafiam o aluno a descobrir até onde consegue chegar. “Eles entram de uma forma e acabam saindo de outra. Isso contribui significativamente para o processo de aprendizado deles”, acredita o professor.


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