Nota técnica "Educar na era da Inteligência Artifical: Caminhos para a BNCC Computação"

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01.12.2016
Tempo de leitura: 5 minutos

O protagonismo feminino na história é tema de museu virtual criado por estudantes de Brasília

À esquerda, a psiquiatra Nise da Silveira, Dandara (guerreira negra do que lutou contra a escravidão durante o período colonial do Brasil) e a militante comunista Olga Benário. Crédito: Reprodução
Do Centro de Referências em Educação Integral,
com Cidade Escola Aprendiz
Volte no tempo e recorde os tempos de ensino fundamental e médio. Reflita agora sobre as suas aulas e tente lembrar o quanto você aprendeu sobre a história de mulheres importantes para o desenvolvimento da nossa sociedade. Provavelmente, esse será um exercício difícil, já que, o mais comum é aprender História contada e protagonizada por homens brancos.

A partir desse diagnóstico, a professora Maria Del Pilar Tobar criou o projeto “Heroína Sem Estátua: o conhecimento a partir das mulheres”. Desenvolvido no Centro de Ensino Médio 1 de São Sebastião (DF), o projeto desloca o protagonismo para mulheres que são e foram importantes em diversas áreas.

“O Heroínas Sem Estátua nasceu a partir da inquietação que tivemos ao ver que as mulheres pouco figuravam nos espaços de ensino-aprendizagem como personalidades a serem estudadas. Suas contribuições foram sistematicamente apagadas dos currículos”, afirmou Maria Del Pilar, em artigo sobre seu projeto.

Ela cita diversos exemplos de mulheres marcantes, em diversas épocas. “Suas contribuições foram sistematicamente apagadas dos currículos que, por exemplo, não contam das autoras de Literatura que contribuíram para o Romantismo Brasileiro, como Narcisa Amália ou Nísia Floresta”.

A docente cita ainda que tampouco aparecem em livros e nas aulas figuras como Dandara dos Palmares e Olga Benário, ambas mulheres aguerridas e lutadoras. Nas Ciências, continua Del Pilar, o esquecimento de nomes como Maria Beatriz do Nascimento e Bertha Luz também é regra nas escolas.

A docente afirma que, nos últimos anos, houve um grande avanço, representado pelas mudanças promovidas pelo Currículo em Movimento da Educação Básica, no Distrito Federal, que indica linhas gerais para uma educação que busca construir a igualdade de gênero. Apesar disso, a História das mulheres ainda é secundarizada, segundo a Del Pilar.

Os conteúdos abordados nas escolas, por exemplo, não listam e apresentam as obras, contribuições teóricas e a História de mulheres como fontes e objetos de estudo dentro da sala de aula.

“Os livros didáticos, mesmo com do Programa Nacional do Livro Didático (PNDL)2013, continuam a reiterar cânones literários e do pensamento que são, em sua esmagadora (e opressora) maioria, homens brancos e de classes sociais privilegiadas”, analisa a docente. Apesar das críticas, ela reconhece que os avanços dos últimos anos abriu caminho para que projetos como o “Heroínas sem Estátua” pudessem surgir.

O projeto
A partir desse diagnóstico e do diálogo com professores e estudantes do CEM 01 nasceu a iniciativa. O objetivo era construir um espaço no qual se pudesse resgatar as histórias invisibilizadas de mulheres que, embora notáveis, não têm estátuas em praças públicas, como muitos homens.

O projeto foi desenvolvido principalmente na disciplina de Língua Portuguesa e se utilizou de diferentes tipos de obras. Entre as atividades desenvolvidas, os estudantes assistiram ao filme “Uma História de Amor e Fúria”, dirigido por Luiz Bolognese, e leram o livro “Meus heróis não viraram estátua”, dos professores Pedro Puntoni e de Luiz Bolognese.

Todas as referências utilizadas durante o projeto têm como foco a problematização da desigualdade entre mulheres e homens. “Fizemos diversos exercícios de análise crítica, propusemos debates, bem como construímos, pouco a pouco, atividades que instanciassem a produção escrita de reflexões analíticas por parte dos/as educandos/as dos primeiros e segundo anos do ensino médio”, relata Maria Del Pilar em seu artigo.

A partir dessas discussões, os estudantes fizeram, ao final do primeiro bimestre, uma pesquisa sobre uma heroína que não tinha o devido reconhecimento. “As/os estudantes puderam escolher, de maneira espontânea, a heroína com que mais se identificavam. Para essa etapa nos valemos de postagens em grupos do Facebook, que foram usadas como uma espécie de plataforma moodle, assim, dispusemos um rol de diversas mulheres que contribuíram para a história brasileira e mundial”, conta Maria.

Essa primeira etapa teve como fim o desenvolvimento de uma iniciação científica sobre a figura escolhida anteriormente. Os estudantes tinham que responder a quatro perguntas básicas: “sobre quem?”, “por quê?”, “para quê?” e “como?”.

Ao longo do bimestre, os trabalhos foram corrigidos e o estudantes recebiam sugestões de como poderiam melhorar a redação e a pesquisa do trabalho.

Além do trabalho escrito, os estudantes foram convocados a trazer versões digitais dos textos e um registro que foi chamado de “multimodal”, no qual, por meio de de uma foto de uma cartolina, um slide, ou qualquer outro material, fosse sintetizada a história da mulher pesquisada.

Todos os trabalhos foram reunidos e serviram de base para um Museu Virtual das Heroínas Sem Estátua. No blog, é possível comecer diversas mulheres como Irena SendlerCora CoralinaTereza de BenguelaMaria da Penha e Nise da Silveira, entre outras dezenas de mulheres que marcaram a história do Brasil e do mundo.

Maria Del Pilar Tobar diz que se inspirou em outros projetos – como o “Mulheres Inspiradoras” – e espera servir de exemplo para outras escolas. “Esperamos que esse trabalho possa inspirar outras iniciativas que visem à igualdade e que possam construir pontes entre o saber acadêmico e a práxis cotidiana das escolas públicas brasileiras”, conclui a professora.


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