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01.02.2023
Tempo de leitura: 5 minutos

Como pensamento computacional e pensamento matemático se relacionam?

Em comparação com o pensamento matemático, o pensamento computacional é uma área relativamente nova de pesquisa.

Crédito: insta_photos

Em uma sociedade tecnológica, com diversas plataformas que usamos diariamente baseadas em algoritmos, tornou-se comum pensar que a matemática e a computação estão diretamente conectadas. Mas qual é, de fato, a relação existente entre pensamento matemático e pensamento computacional?

De acordo com as pesquisadoras Lucy Rycraft-Smith e Cornelia Connolly, da Universidade de Cambridge, o primeiro envolve a aplicação de habilidades para resolver problemas matemáticos, enquanto o segundo é uma abordagem para resolver problemas que poderia ser implementada em um computador. Em comparação com o pensamento matemático, o pensamento computacional é uma área relativamente nova de pesquisa.

Apresentado pela pesquisadora Jeannette Wing em 2006, o termo Pensamento Computacional envolve um conjunto de competências e habilidades relacionadas com os conceitos fundamentais da Ciência da Computação, cujo desenvolvimento é fundamental, não apenas para cientistas da computação.

Ambos os pensamentos são processos inter-relacionados e complexos. Por isso, compartilhar informações sobre eles ajuda os estudantes a enxergar essas conexões. “O pensamento computacional está ligado ao desenvolvimento do raciocínio lógico”, aponta Mônica Mandaji, presidente do Instituto Conhecimento para Todos, parceiro da Fundação Telefônica Vivo.

“O estudante pode usar o pensamento computacional na matemática, na ciência, na física, na língua portuguesa, pois trata-se de uma forma de pensar, onde vou isolando partes para construir os conceitos. Quando se domina essas relações, a matemática fica muito mais simples, assim como outras disciplinas, porque o estudante consegue trabalhar com pequenos problemas, e não direto com problemas grandes”, afirma Mônica, que também é professora doutora na área de currículo e tecnologia.

 

Pensamento computacional na BNCC

No Brasil, os resultados de avaliações nacionais e internacionais – como o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) – mostram que boa parte dos estudantes não apresenta o nível básico de proficiência em Matemática. Essas avaliações têm como foco a resolução de problemas, exigindo que os alunos possuam a capacidade de interpretar as situações problema e de definir estratégias para resolução de problemas a partir da utilização de conteúdos matemáticos.

Buscando modificar essa realidade, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), aprovada em dezembro de 2018, prevê o desenvolvimento de um conjunto de competências e habilidades ao longo da Educação Básica brasileira com o propósito de preparar os estudantes para compreender e solucionar problemas em situações cotidianas. Nesse sentido, na área da Matemática uma das habilidades previstas é o desenvolvimento do pensamento computacional desde o ensino fundamental.

“Na BNCC, o pensamento computacional está muito ligado à questão da matemática, mas existe um movimento para que esse pensamento seja utilizado de maneira transdisciplinar – não somente atrelado à matemática, mas às diferentes áreas do conhecimento.

Assim, diversos estudos têm sido conduzidos com o propósito de investigar os benefícios atrelados à integração do pensamento computacional como uma atividade transversal ao currículo das disciplinas desde a Educação Básica. Eles sugerem que a inserção deste modo de pensar contribui para a organização do pensamento e para a resolução de problemas.

 

Pensamento computacional na formação de docentes

Nesse cenário, é fundamental apoiar docentes a aprender mais sobre o pensamento computacional, além de também demonstrar como ele poderia apoiar a aprendizagem numa variedade de contextos.

Segundo Mônica, alguns elementos do pensamento computacional fazem parte da prática pedagógica de professores desde a educação infantil, porém não são nomeados dessa forma. “Por isso, talvez ele não tenha a clareza necessária para dar o próximo passo, mas o passo inicial ele já tem. No Instituto, temos trabalhado muito no processo de mostrar para o professor que ele já faz uso do pensamento computacional e de que forma a BNCC lhes dá novos elementos para aprofundar isso.”

 

O que os conecta?

Tanto pensamento matemático quanto computacional são metodologias de solução de problemas, pois envolvem o reconhecimento de padrões nas estruturas do problema. Eles também envolvem processos como decomposição, algoritmos e modelagem. Ainda têm em comum estratégias heurísticas e comportamentos mais gerais de solução de problemas, como pensamento abstrato e metacognição, tentativa e erro, ambiguidade, flexibilidade e a capacidade de considerar e avaliar múltiplas formas de solução. Por fim, ambos os tipos de pensamento podem ser desenvolvidos em qualquer idade.

 

Impacto nos estudantes e mercado de trabalho

A inserção do pensamento computacional nos currículos tem impacto direto no desenvolvimento do pensamento matemático dos estudantes desde os primeiros anos escolares. “A criança, principalmente nos anos iniciais, aprende brincando, de forma lúdica. Isso acaba sendo legal para o aprendizado da matemática”, reflete Mônica. “Então, o cérebro se acostuma a pensar desta forma, e esses estudantes terão um aproveitamento muito melhor ao avançarem em seu desenvolvimento.”

Também é necessário lembrar que um estudo, apoiado pela Fundação Telefônica Vivo, mostrou que 98% dos jovens brasileiros que estão hoje no ensino médio das redes públicas querem uma escola que os prepare para o mercado de trabalho, enquanto 92% esperam que ela os ajude a escolher em quais áreas pretendem aprofundar seus estudos. E as profissões ligadas ao setor de Tecnologia da Informação (TI) estão cada vez mais presentes no mercado de trabalho.

“A cada dia que passa, novas profissões vão exigir cada vez mais esse raciocínio lógico, envolvendo pensamento matemático e computacional aplicados em conjunto para a resolução de problemas”, finaliza Mônica.


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