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Crédito: Pedro Nogueira
Por Ana Luiza Basílio, do Centro de Referências em Educação Integral,
com Cidade Escola Aprendiz

Responsabilizar unilateralmente ou a escola ou a família pela educação das crianças e adolescentes não faz sentido quando se olha para esses sujeitos de maneira integral. Para garantir uma formação que dê conta do desenvolvimento integral deles, considerando suas dimensões física, emocional, intelectual, social e simbólica, é preciso contar com um arranjo de atores que se corresponsabilizem pela educação.

Nesse sentido, a família é uma parceria em potencial das unidades escolares e tem o papel de colaborar e participar do planejamento, da gestão e das práticas educativas, do ambiente escolar, enfim. Claro que, para que isso ocorra, não só as famílias devem querer estar mais presente, mas a escola precisa se abrir. É aí que, muitas vezes, mora o problema. Parte das escolas ainda não tem internalizada em suas práticas a participação familiar; outras a “permite”, mas de maneira bastante pontual e pouco significativa.

Para explorar a questão de como as escolas podem fortalecer a participação da família no ambiente escolar e apontar caminhos para se iniciar essa relação, o Centro de Referências em Educação Integral convidou a gerente de projetos do Instituto Natura, Carolina Guimarães Briso, que enumerou algumas estratégias. Confira:

#1. Ponto de partida

Para a especialista, pensar a relação família com o ambiente escolar é fundamental. “A escola não é o único contexto educativo das pessoas. A gente aprende nela, mas também na rua, em casa, em outros espaços e a integração desses contextos é fundamental para a educação integral. Então, não existe forma de fazermos as coisas desconectadas, sem pensar essa educação ao longo da vida. Cada vez fica mais evidente essa corresponsabilização em que todo mundo aprende, porque todo mundo ensina”, avalia.

 

#2. Iniciando a aproximação

A sugestão para as instituições que ainda não têm uma interlocução com as famílias consolidada é começar pela escuta. “Uma vez fui a uma escola que estava começando a implementar esse processo participativo e na reunião que organizou para falar de seu desejo de ser mais aberta compareceram apenas oito familiares. Isso mostra que a realidade é dura”, reflete Carolina.

Por outro lado, ela lembra de maneira positiva a forma como a escola lidou com a situação. “Eles começaram a tentar entender o início dessa nova organização com os presentes”, explica. Na visão de Carolina é fundamental que se crie esse espaço para a escuta de professores, estudantes, funcionários e comunidade do entorno, “para que eles possam apontar sugestões, pontos de melhoria para a instituição”. Uma estratégia que ela aponta nesse sentido é organizar comissões mistas ou assembleias com os diversos atores para que esses espaços comportem a pluralidade de diálogos.

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Outro ponto importante é a mobilização do ambiente escolar para receptividade à família, atividade que requer uma conduta ativa por parte de diretores e coordenadores escolares. “As mudanças não vêm do dia para a noite, então, é preciso considerar mensagens de incentivo para que essas pessoas encontrem uma causa conjunta”, sentencia.

#3. Tipos de participação

Segundo Carolina Briso, existem cinco tipos de participação nas escolas, sendo duas delas as mais comumente executadas: a informativa e a consultiva. “A informativa é aquela típica participação que os pais vão até a escola para serem notificados de alguma questão de comportamento ou do desempenho escolar e tem caráter mais breve, direto e pontual; a consultiva se dá nas reuniões familiares ou nos conselhos e até conseguem envolvê-los um pouco mais, mas ainda no âmbito da consulta”, explica.

Para a profissional, as participações que efetivamente fortalecem o papel familiar junto às instituições escolares são as educativas, avaliativas e decisórias. Na análise da especialista, essas instâncias de participação são responsáveis por criar sentido para a presença dos familiares e fortalecer essa atuação, o que tem impacto direto no desenvolvimento dos estudantes, uma vez que se estabelece essa condição de proximidade entre pais e filhos.

Grupo interativo

Consiste no agrupamento de todos os alunos de uma classe em subgrupos da forma mais heterogênea possível no que diz respeito a gênero, idioma, motivações, nível de aprendizagem e origem cultural. Cada um dos grupos é tutorado por uma pessoa adulta da escola ou da comunidade e seu entorno que, voluntariamente, entra em aula para favorecer as interações. A formação de grupos interativos faz com que as interações se multipliquem e sejam diversificadas, e que todo o tempo de trabalho seja efetivo. É, portanto, uma forma de agrupamento inclusivo, que melhora os resultados acadêmicos, as relações interpessoais e a convivência.

“A participação educativa pode envolver os familiares nas propostas pedagógicas dentro ou fora da escola, e eles também podem ter suas necessidades contempladas por essas iniciativas; já a avaliativa e decisória se dão quando a escola chama as famílias para participar da avaliação geral ou mesmo da tomada de decisões. Por exemplo: como viabilizar a participação dos pais? O que a escola precisa oferecer, nesses casos? Ou em casos de problemas de desempenho com os estudantes, como contornar essa questão? Os alunos podem podem ajudar uns aos outros? Será necessário algum reforço extra? Os pais podem ajudar em casa? Em suma, são alternativas conjuntas para os problemas encontrados no dia a dia da escola”, enumera.

A manutenção dessas práticas é entendida pela especialista como fundamental, mas ela coloca que cada escola deve buscar a sua forma de fazer esse arranjo. No Comunidade de Aprendizagem, projeto gerido pelo Instituto Natura e que é baseado em um conjunto de ações educativas de êxito, uma das ações são os grupos interativos que apontam uma forma de organizar a sala de aula.

“Nessa organização, busca-se apoio de um mediador, para além do professor, para que se busque uma vivência bastante dialógica, com esse adulto convidado apoiando nas trocas entre os estudantes e fazendo disso insumos para a própria prática do professor na sala de aula. Esse é um exemplo muito específico de participação educativa da comunidade”, comenta Carolina.

#4. Famílias e comunidade dentro da escola

A aproximação das famílias às escolas será discutida no módulo Participação Educativa da Comunidade, no curso a distância do projeto Comunidade de Aprendizagem. Online e totalmente gratuito, a iniciativa quer contribuir com o debate e apontar caminhos para que a o diálogo entre as instâncias familiares e escolares seja mais fluído e eficaz. Os participantes podem estudar na hora que preferirem e recebem certificado ao término. Os interessados precisam se cadastrar na Rede de Comunidade de Aprendizagem.

A importância da participação da família no ambiente escolar
A importância da participação da família no ambiente escolar