Nota técnica "Educar na era da Inteligência Artifical: Caminhos para a BNCC Computação"

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13.01.2022
Tempo de leitura: 5 minutos

Deserto de dados: entenda o que significa esse fenômeno

A falta de informações completas e confiáveis sobre determinados assuntos é conhecida como deserto de dados. Saiba mais sobre o tema

Imagem mostra uma lupa. Ao fundo, vê-se uma série de códigos e letras.

Na Era dos Dados, em que o Big Data representa a enxurrada de informações que chegam a todo momento aos bancos de dados de empresas e instituições, o deserto de dados acontece quando não existem informações confiáveis sobre determinados assuntos. Geralmente, temas relacionados às minorias e às populações em situação de vulnerabilidade social.

Muito tem sido falado sobre o correto tratamento dos dados que são coletados a todo o momento, sobre tecnologias inclusivas e algoritmos enviesados – aqueles com distorções que podem desfavorecer determinados grupos de pessoas. Entretanto, pouco se discute sobre o deserto de dados, considerado uma das principais causas desses problemas.

“Cada vez fala-se mais sobre dados. Mas eles ainda são algo recente na sociedade. Então é natural que existam desertos de dados. Por outro lado, muitos desertos de dados podem ser intencionais. Afinal, se não há dados sobre determinado tema é como se não existisse um desafio ali. Não sendo necessário criar uma solução”, explica Karoline Muniz, Coordenadora de Projetos da Social Good Brasil. A organização é precursora no desenvolvimento de metodologias em que dados e novas tecnologias são utilizados de forma consciente, ética e voltada para o bem.

A dificuldade de grupos sociais mais vulneráveis terem acesso a serviços digitais e sistemas de coleta e armazenamento de dados propicia realidades não representadas e narrativas apagadas. E isso pode dificultar a visão geral do panorama de uma determinada situação. Além de potencializar interpretações incorretas e gerar conclusões baseadas em generalizações de grupos.

“Outro ponto importante é o viés inconsciente. Ou seja, quando estamos criando uma coleta de dados, podemos ser afetados pelo nosso próprio viés. E não perceber que estamos tendenciando essa coleta a um grupo específico ou excluindo outro, por exemplo”, complementa Karoline.

Consequências sociais do deserto de dados

Além da tecnologia necessária e de profissionais habilitados para a criação de inteligências artificiais inovadoras, dados são necessários para alimentar e treinar esses sistemas. Entretanto, as falhas de interpretação causadas pelo deserto de dados podem gerar consequências sociais.

Nesse sentido, a desigualdade de acesso à internet cria abismos sociais que podem agravar ainda mais a situação de grupos vulneráveis. Dados incompatíveis também podem criar generalizações. E resultar em soluções consideradas inúteis.

Exemplo disso é a diferença de realidades entre mulheres da mesma raça, classe social, faixa etária e estrutura familiar que moram em diferentes regiões. Um programa assistencial que atende a quem mora em uma área industrial com altos índices de empregabilidade pode não atender às necessidades da mulher que vive em uma comunidade ribeirinha. Por isso, é necessário considerar todo o contexto. E democratizar o compartilhamento de informações.

“Quando não temos dados sobre determinado tema, não conseguimos gerar análises. Nem tomar as melhores decisões sobre ele. Assim, não ter dados sobre desafios sociais ou grupos minoritários pode inviabilizar essa temática. E impossibilitar que sejam criadas narrativas, políticas públicas e soluções”, esclarece a coordenadora de projetos.

Como evitar o deserto de dados?

A melhor maneira de evitar o deserto de dados é fazendo a correta gestão, desde a coleta dos dados, passando pela sua organização e análise. É fundamental identificar quais informações faltam, os grupos abrangidos e suas necessidades, e desenhar soluções para uma coleta mais eficiente.

Ao iniciar um processo de coleta de dados, é preciso conversar com os grupos sub-representados e com as lideranças comunitárias para entender a sua cultura. Dessa maneira, será possível encontrar formas de engajamento e alternativas para inserir a tecnologia na sua realidade. A humanização do processo também auxilia no treinamento da máquina que, sozinha, não possui a capacidade de interpretação de novas informações.

Além disso, entender as limitações na coleta e processamento de dados, indicando a existência de grupos não representados é uma forma de alertar a existência de desertos de dados. Bem como aumentar os esforços para a captação dessas informações, garantindo a representação de toda a população local.

“Educação em dados vai além das competências analíticas. Mas também é sobre competências humanas, que olham, por exemplo, para os impactos sociais dos dados, como é o caso do deserto de dados. É preciso educar em dados a gestão pública, para que a tomada de decisão seja baseada em dados e evidências e tenha o olhar de reverter os desertos de dados existentes”, conclui Karoline.


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