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19.08.2024
Tempo de leitura: 7 minutos

Seminário aponta desafios e propostas para implementar avaliação em Competências Digitais de Estudantes no Brasil

Com o objetivo de refletir sobre modelos de avaliação de competências digitais de estudantes e caminhos possíveis para o país, em um contexto em que o PISA iniciará a avaliação destas competências em 2025, no último dia 15 de agosto, em Brasília, aconteceu o “Seminário Híbrido de Avaliação de Competências Digitais de Estudantes: pensando um modelo para o Brasil”, realizado pelo Ministério da Educação (MEC), com apoio técnico da Fundação Telefônica Vivo, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Cetic.Br

O desafio de Implementar avaliação competências digitais no Brasil foi o tema do seminário

O Seminário aconteceu no auditório do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), de forma híbrida (presencial e online), e promoveu ampla discussão sobre a implementação da avaliação de competências digitais de estudantes no Brasil. O tema tornou-se fundamental por ser consenso no universo educacional que o processo de aprendizagem hoje passa, necessariamente, pelo desenvolvimento de habilidades para lidar com um mundo a cada dia mais digital, principalmente do ponto de vista do acesso à informação e dados em tempo real.

O seminário está disponível para ser assistido na íntegra no canal do YouTube da Fundação Telefônica Vivo.

 

PISA larga na frente

O PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) vai implementar sua primeira avaliação sobre competências digitais em 2025. Países como Alemanha, França, China, Estados Unidos e Uruguai também já estão em diferentes fases de implementação de seus modelos de avaliação. Com as mudanças em ritmo acelerado no mundo, devido aos avanços tecnológicos, urge a necessidade de criar um modelo também no Brasil, que seja sustentável e capaz de se adaptar e evoluir rapidamente. Por isso, o desenvolvimento de competências digitais recebe muita atenção por parte do MEC, e está inserido dentro da Estratégia Nacional de Escolas Conectadas.

O Seminário marcou o encerramento de uma série de quatro encontros realizados ao longo deste ano. O objetivo foi promover uma discussão sobre a importância e as possíveis abordagens para o desenvolvimento de uma avaliação eficaz de competências digitais de estudantes. Os seminários foram concebidos com o intuito de debater caminhos para a criação de uma ferramenta de avaliação que atenda às particularidades do sistema educacional brasileiro.

O evento trouxe especialistas em Educação de diversas áreas que apontaram desafios e caminhos. Um ponto crucial que permeou boa parte das discussões foi a desigualdade social brasileira. Ela é apontada como um fator que deve ser encarado de forma assertiva para que o país possa criar modelos de avaliação eficazes. “A desigualdade social ainda representa um desafio, mesmo com a sociedade se tornando cada vez mais digital. Trabalhamos para que haja mais equidade na educação neste cenário polarizado”, afirmou a presidente da Fundação Telefônica Vivo, Lia Glaz. “A inclusão digital não se torna efetiva se não houver inclusão social”, enfatizou Daniela Costa, coordenadora do Cetic.br.

 

Desigualdade no Brasil

“A gente não pode perder de vista as questões sociais da realidade do nosso país. Muitos estudantes não sabem ler. Ou seja, a mensagem aqui é que o acesso ao serviço de educação é marcado pela desigualdade. Portanto, o acesso às competências digitais também é”, citou Clara Machado, coordenadora-geral do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica, do INEP, lembrando de uma avaliação internacional de Matemática implementada no Brasil em que se descobriu que diversos estudantes não sabiam ler.

Quem já percorreu boa parte deste caminho relata como é importante, mas complexo e demorado, implementar um sistema de avaliação de competências digitais. “A prova do Pisa sobre o tema começou a ser desenvolvida em 2020, exigindo tempo e investimento significativos. Foram realizados laboratórios coletivos e estudos-piloto com estudantes para analisar e desenvolver essas competências. Incluir todas as competências digitais em uma única prova, portanto, é um grande desafio. A primeira aplicação dessa avaliação está prevista para 2025”, contou Luis Francisco Vargas-Madriz, que atua no Programa de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do PISA, na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), e coordena os projetos PISA 2025 e PISA 2029.

A tecnologia como aliada do crescimento do país

As falas dos participantes deixaram evidente a complexidade do tema, mas também o consenso de que é essencial desenvolver competências digitais a docentes e estudantes e adotar um sistema de avaliação que contribua, inclusive, para o desenvolvimento econômico das nações, como ilustrou o representante do Banco Interamericano de Desenvolvimento no Brasil (BID), Morgan Doyle: “Quem domina novas tecnologias consegue crescer. Portanto, quem tem familiaridade com ferramentas disponíveis, como o Chat GPT, consegue se adaptar melhor a novos trabalhos e disciplinas. Por isso, habilidades digitais promovem desenvolvimento econômico para os países e empregos para as pessoas.”

A especialista em Educação e Tecnologia Lucia Dellagnello, que atua em projetos sobre o tema em países africanos e latino-americanos, enxerga a Inteligência Artificial como potencial aliada neste processo. “A Inteligência Artificial está prometendo que vai nos ajudar a avaliar as competências digitais dos estudantes. Consegue acompanhar o dia a dia, o processo, e mostra onde o estudante está parado para que o professor possa ajudar. Além disso, pode baratear e dar o resultado de forma mais rápida.”

 

Projeção em 10 anos

A expectativa é que, em 10 anos, 60% dos estudantes brasileiros tenham desenvolvido competências digitais, lembrou Catherine Rojas Merchan, gerente de Estudos e Coalizões da Fundação Telefônica Vivo, citando previsão que consta do Plano Nacional de Educação, atualmente em debate no Congresso Nacional. “O evento foi excelente, evidenciou que há vários desafios, mas também trouxe várias possibilidades para a implementação de um instrumento de competências digitais no Brasil, que vai ser uma importante ferramenta para compreender de fato qual é o nível dos estudantes brasileiros, para que possam ser criadas políticas públicas com um olhar de equidade.”

O Ministério da Educação, organizador do seminário, encerrou o evento reforçando que o Brasil ainda está no começo de um longo processo. “É o início de uma grande caminhada. Sobretudo, a principal mensagem aqui é que precisamos iniciar o movimento. Portanto, não tem uma expectativa de ter soluções para agora ou de estar avaliando estas competências digitais no final deste ano. Mas de desenhar a nossa visão para esta temática, como se conecta ao direito de aprendizagem que nossos estudantes têm”, disse, no encerramento, Bárbara Godoy, especialista em Gestão de Projetos da pasta.

Acesse a série completa de eventos sobre avaliação de competências digitais de estudantes

A série “Webinários sobre avaliação de competências digitais de estudantes” foi encerrada no dia 15 de agosto de 2024 com o “Seminário sobre Avaliação de Competências Digitas de Estudantes”, realizado pelo Ministério da Educação, com apoio técnico da Fundação Telefônica Vivo, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Cetic.Br.

Com o intuito de engajar os principais atores na promoção da cultura digital na educação pública, a série explora diferentes abordagens e avaliações para as competências digitais dos estudantes.

Confira os eventos:

  • 1º Webinário: Nativos digitais e as competências para o uso responsável da tecnologia.
  • 2º Webinário: Quais competências digitais desenvolver e por que é indispensável avaliá-las?
  • 3º Webinário: Conhecendo experiências internacionais na avaliação de competências digitais de estudantes.
  • 4º Seminário: Avaliação de competências digitais de estudantes: pensando um modelo para o Brasil.

Clique aqui para acompanhar todas as informações sobre a série de webinários!


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