Nota técnica "Educar na era da Inteligência Artifical: Caminhos para a BNCC Computação"

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06.02.2020
Tempo de leitura: 4 minutos

Em vez de separar, criar pontes: como desconstruir discurso de ódio na internet

Discutir o comportamento no meio digital está presente em boa parte das competências indicadas pela BNCC. Descubra como levar essa reflexão para a escola

Imagem mostra três pessoas jovens sentadas conversando

Na internet, tudo é permitido ou existe um limite para o que se posta e compartilha? Antes de tudo é importante dizer que uma narrativa que se espalha pela internet tem o potencial de influenciar a maneira de agir e pensar de outras pessoas. Quando comentários e comportamentos incluem discurso de ódio ou depreciam uma pessoa ou um grupo, tornam-se potencialmente danosos.

Com o objetivo de driblar a intolerância e promover maior diversidade na internet, surge um movimento de usuários que se organizam para combater o discurso de ódio a partir de contranarrativas.

Contranarrativa para o discurso de ódio é uma maneira de desconstruir narrativas comuns de discriminação e intolerância usando uma abordagem propositiva, que foca o diálogo, a igualdade e o respeito às diferenças e à liberdade. Mais do que simplesmente combater, ela promove a criação de pontes entre diferentes visões de mundo.

“Narrativas polarizadas não fazem bem a ninguém, além de não serem realistas, já que os seres humanos são plurais e complexos”, afirma Rodrigo Nejm, diretor de educação da Safernet Brasil. “Temos de criar pontes entre diferentes visões de mundo para que todos possam aprender com o diferente. Parece idealista, mas é totalmente possível”, completa.

A Safernet, ONG dedicada à educação e à defesa dos direitos humanos na Internet, desenvolveu o SaferLab – com o apoio do Google.org e da Unicef, um laboratório de ideias para estimular jovens que frequentemente são alvos de discriminação a criarem contranarrativas que valorizem a diversidade de vivências e, ao mesmo tempo, exercitem a empatia.

Alguns participantes do laboratório criaram projetos de destaque, como a websérie Contos de Vida e Norte, que retrata artistas amazônicas e suas trajetórias de enfrentamento do preconceito e o Tela Preta, uma curadoria de conteúdo reflexivo, colaborativo para abordar História e Cultura Afro-brasileiras em sala de aula.

E por falar em sala de aula…

O SaferLab também criou um guia completo para a criação de contranarrativas que pode servir como ferramenta para educadores em sala de aula. Rodrigo Nejm reforça que a temática está alinhada às diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) pois está relacionada com boa parte das dez competências gerais previstas, como Comunicação, Cultura Digital, Empatia e Responsabilidade e Cidadania.

“Professores de diferentes áreas podem trabalhar com a temática dentro do currículo. O material é justamente para escapar do A ou B e criar um ambiente de reflexão com os alunos para que eles próprios discutam sobre narrativas e contranarrativas e sobre a importância de ter respeito à pluralidade de visões”, afirma Rodrigo.

Para além da opinião

Dia 11 de fevereiro é comemorado o Dia da Internet Segura, um movimento global pela conscientização em torno do uso seguro, ético e responsável das TICs (tecnologias de informação e comunicação). Ano a ano, o combate ao discurso de ódio e à discriminação na internet é um dos pilares trabalhados pela data.

O discurso de ódio engloba todas as formas de expressão que propagam ou incitam o ódio contra determinados grupos sociais por razões como etnia, gênero, orientação sexual ou religiosa ou região de origem.

No Brasil, esse tipo de discurso geralmente é direcionado a mulheres, homossexuais, negros e nordestinos. Das cerca de 4 milhões de denúncias feitas desde 2006 no helpline da Safernet Brasil, metade são relacionadas a crimes de ódio. Segundo levantamento do SaferLab, o racismo está ligado a 28% das denúncias, e 69% das vítimas que procuram a plataforma são mulheres.

A denúncia é sempre o caminho para quem se depara com qualquer tipo de discurso discriminatório e deve ser feita pelo site denuncie.org.br para avaliação do Ministério Público. Se o caso ocorrer em redes sociais, o usuário também pode denunciar pelas ferramentas específicas disponibilizadas por cada plataforma.


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