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A 42 São Paulo lança série de livros de tendências que reforçam os impactos da programação no mercado de trabalho e na empregabilidade. Confira os destaques do estudo Human Coders: Reprogramando o Futuro

#42SãoPaulo#Educação#publicações

Imagem mostra um homem negro, utilizando um computador. Por sobre a foto, há ícones e imagens que nos remete ao ambiente tecnológico e de códigos de programação

Atualmente, criar obras de arte usando um algoritmo é tão possível quanto fazer uma consulta em telemedicina. Sendo assim, os impactos da programação no mercado de trabalho e na empregabilidade são visíveis e urgentes.

“Sem dúvida, um dos grandes desafios dessa pós-modernidade é o analfabetismo digital. E isso afetará do motorista de caminhão até o cirurgião. Ou seja, todas as profissões serão impactadas pela tecnologia”, afirma Jorge Forbes, fundador da Clínica de Psicanálise do Centro de Genoma Humano da USP (Universidade de São Paulo).

Ele foi um dos especialistas ouvidos pelo estudo Human Coders: Reprogramando o Futuro. O projeto, lançado pela 42 São Paulo, reúne relatórios, pesquisas e análises sobre o impacto da programação em três áreas: educação, empregabilidade e mercado de trabalho.

A série de três livros de tendências — trendbooks — foi realizada em parceria com a produtora de conteúdos de impacto Mariposa. Além disso, contou com apoio da Fundação Telefônica Vivo e de empresas como Zup e Itaú.

Os volumes que tratam sobre Empregabilidade e Mercado reúnem estudos de caso, entrevistas exclusivas e infográficos para debater temas como Indústria 5.0, requalificação de profissionais, competências digitais e segurança de dados.

Confira alguns destaques dos estudos sobre os impactos da programação no mercado de trabalho e na empregabilidade:

 

A tecnologia está em tudo  

Segundo dados do relatório MIT Technology Review 2021, 45,7% das empresas brasileiras já estão implementando uma estratégia de transformação digital. Enquanto 30,5% delas estão desenvolvendo um planejamento nesse sentido.

Além disso, o levantamento mostra que a abertura de empresas de tecnologia no Brasil cresceu 210% nos últimos dez anos. Isso porque os avanços tecnológicos vêm evoluindo exponencialmente desde a década de 1990.

“Não existe mais um ‘setor de tecnologia’. Todos os negócios e setores da sociedade estão passando por uma transformação na qual a tecnologia é a peça-central. Portanto, empresas tradicionais também precisam se adaptar para serem tech!”, avalia Guilherme Decourt, sócio da 42 São Paulo, no trendbook sobre Mercado.

Impactos da programação na Indústria 5.0 

Ao mesmo tempo em que a flexibilidade, a criatividade e a volatilidade caracterizam o mercado de trabalho na era digital, há também um movimento de re-humanização da indústria.

Em outras palavras, o mote da Indústria 5.0 é inserir o viés humano às inovações trazidas pela automação. Como resultado, a proposta é fazer uma mescla entre a precisão da máquina e as habilidades críticas do ser humano.

Para a filósofa Lúcia Helena Galvão, a tecnologia avançou tão rapidamente que não houve tempo para que a humanidade construísse uma relação de confiança com ela. Contudo, segundo a especialista, a resposta está no autoconhecimento.

“Inspirada pelo Oráculo de Delfos digo: desenvolva a si próprio e os produtos que saírem das suas mãos não vão te ameaçar. A condição humana deve ser vista como potência, pois ela oferece ferramentas essenciais. A maior tecnologia é o ser humano!”, acrescenta a especialista em entrevista para o terceiro volume do estudo.

Human Coders: os polímatas do século XXI 

Por isso,  os profissionais que dominam as competências socioemocionais (humans) e ao mesmo tempo a lógica de programação (coders) se tornam valiosos para empresas que querem inovar e se manter competitivas no futuro.

Uma vez que todas as áreas terão de se adaptar à tecnologia, os profissionais precisarão conciliar conhecimentos e aprender a trabalhar de forma multidisciplinar. Ou seja, quase como os polímatas do século XXI.

“Nem todo mundo tem que saber programar, mas é muito importante entender a lógica da programação. Isto é, o jeito de pensar e resolver problemas. As linguagens de programação têm prazo de validade, mas as soft skills permanecem ao longo do tempo”, conclui a futurista Mônica Magalhães.

Sob o mesmo ponto de vista,  a diretora de Tecnologia e Dados da Telefônica Vivo, Adriana Lika Shimomura, reforça que a velocidade das transformações digitais demandam profissionais que continuem aprendendo ao longo da vida.

“Quando encontro um desenvolvedor com habilidades socioemocionais, é a primeira pessoa que eu trago para  o time. Porque ele vai ter a cabeça de técnico e ao mesmo tempo fazer as perguntas corretas para amadurecer a solução”, afirma Adriana no trendbook sobre Empregabilidade.

Como reter profissionais na área de tecnologia? 

Apesar da alta demanda por programadores, o segundo volume do estudo (Empregabilidade) mostra que reter esses profissionais ainda é um desafio. De acordo com uma pesquisa lançada pela PwC em agosto de 2021, a rotatividade nos setores de tecnologia é uma das maiores do mercado.

Os motivos variam entre excesso de trabalho, busca pelo bem-estar ou por mais flexibilidade na rotina. Aliás, os desenvolvedores também se destacam por estarem mais estressados e ansiosos do que a média global.

Só para ilustrar, um levantamento realizado pela Stack Overflow em 2020 mostrou que 22% dos programadores entrevistados em 186 países relataram sintomas que comprometem a saúde mental.

Não à toa,  o Fórum Econômico Mundial publicou um artigo relembrando a importância de investir no desenvolvimento e bem-estar dos colaboradores para garantir a retenção de talentos. De acordo com os especialistas consultados, “as marcas de sucesso não apenas convencem as pessoas a ficarem, mas a se tornarem motivadas para se entregar por inteiro à missão da empresa”.

Programação no mercado de trabalho: empresas-escola 

Uma das tendências apontadas pelo segundo livro do estudo Human Coders: Reprogramando o Futuro é o conceito de empresas-escola. Em outras palavras, companhias que investem na educação continuada dos colaboradores.

Afinal, quase 50% dos profissionais precisarão de requalificação para permanecer em suas funções nos próximos cinco anos. Isso acontece porque a demanda por profissionais qualificados é muito maior do que as escolas e universidades são capazes de suprir atualmente.

Portanto, esse protagonismo empresarial dialoga com os impactos da programação no mercado de trabalho.

“As empresas precisam criar um conjunto de atratividades que vai além do salário. Tem que fazer sentido dedicar horas da sua vida a um lugar. Em especial com o excesso de ofertas que esses profissionais recebem todos os dias”, opina Bob Wollheim, sócio da The Next Company e mentor da Endeavor Brasil.

Desenvolvedores cidadãos 

Outra tendência apontada pelo segundo volume de Empregabilidade são as plataformas de low-code e no-code, que facilitam o desenvolvimento de produtos digitais sem a necessidade de “codar”. Assim, pessoas que entendem pouco de programação podem se tornar desenvolvedores cidadãos.

A diferença entre low-code e no-code é que a primeira requer que se faça algum nível de codificação. Já o no-code permite que pessoas sem habilidade de programação consigam desenvolver projetos simples.

Evidentemente, essas plataformas contam com uma engenharia de códigos inicial feita por programadores. Mas a ideia é que, a partir delas, profissionais de diversas áreas possam se beneficiar da linguagem de programação para focar em outras etapas do negócio.

Inclusive, a consultoria Gartner prevê que aplicativos de baixo código corresponderão a 65% de todas as atividades de desenvolvimento até 2024, principalmente para projetos de pequeno e médio porte.

Impactos da programação no mercado de trabalho: viés algorítmico  

Viés de algoritmo é o conceito que explica tendências na análise de resultados baseadas em premissas que podem ser preconceituosas. Por isso, movimentos como o low-code-no-code — e a própria formação de human coders — vêm no sentido de ampliar a diversidade nesse processo de decisão e criação. “O futuro do desenvolvimento de aplicações será simples, barato e inclusivo”, complementa o especialista Bob Wollheim.

Segurança de Dados 

Diante de um volume de dados que só tende a crescer nos próximos anos, a prioridade passou a ser construir um ambiente seguro para que as pessoas desfrutem da conveniência trazida pela tecnologia. Esse é, definitivamente, um dos impactos da programação no mercado de trabalho.

É o que reforça o relatório da empresa de segurança Fortinet, ao revelar mais de 3,2 bilhões de tentativas de golpes on-line no Brasil durante o primeiro trimestre de 2021. Esse número é duas vezes maior do que o registrado no mesmo período de 2020.

“Quanto melhor você entender como os computadores funcionam, melhor você entenderá como as ameaças cibernéticas podem funcionar e qual é a raiz do problema”, afirma Dudu Mimran, especialista em segurança cibernética vinculado a Ben-Gurion University, em Israel.

Segundo o especialista, que foi ouvido no trendbook sobre Mercado, os human coders assumem o protagonismo nesse cenário. À medida que agregam o conhecimento profundo dos sistemas e a criatividade para inovar, colocando a segurança dos seres humanos no centro de todos os processos.

Tendências: estudo avalia impactos da programação no mercado de trabalho
Tendências: estudo avalia impactos da programação no mercado de trabalho